domingo, 12 de dezembro de 2010
Você tem raiva de que?
Você tem raiva de que?
Determinadas situações do cotidiano tiram as pessoas do sério, especialmente no fim do ano, mas especialistas sugerem que o melhor é manter a calma para não prejudicar a saúde
Márcia Maria Cruz
A correria de fim de ano, o trânsito, a multidão nos shoppings, a chuva e os carros que passam nas poças e espirram água… Algumas situações do cotidiano tiram qualquer um do sério. São muitos os momentos de descontrole, nos quais, mesmo involuntariamente, a testa se franze em sinal de algo que não está bem. É a raiva que toma conta. O sentimento não é o mais nobre, mas, vez ou outra, ronda as pessoas e as pega pelo pé. Ele pode surgir quando ocorre algo de que não gostamos ou quando alguém toma atitude que nos frustra. “A raiva é a expressão de um afeto. A pessoa demonstra um grande aborrecimento com alguém ou alguma coisa que provocou essa emoção”, afirma o psicanalista e médico Geraldo Caldeira, diretor científico do Departamento de Medicina Psicossomática da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
Por mais calma e tranquila que a pessoa seja, é certo que vai passar por momentos de ira e nervosismo ao longo da vida. Não há mal nesse sentimento. O problema é quando a pessoa remói e não consegue afastar a sensação que toma conta do corpo e da alma. Em alguns casos, quando a raiva não é controlada, pode ser transformada em atos de violência contra os outros e, principalmente, contra quem nutre essa sensação.
O Bem Viver foi até as ruas de Belo Horizonte para saber o que mais tem deixado as pessoas com raiva. Os motivos são os mais variados, mas todo mundo concorda que, independentemente da razão, o melhor é tentar dissipar esse sentimento, que quando mantido pode trazer danos à saúde. Depois a reportagem ouviu especialistas e a conclusão mais uma vez é que a raiva implica consequências psíquicas e até orgânicas. A raiva pode agravar algumas doenças, como a hipertensão arterial, arritmias cardíacas, trombose e oclusão das coronárias e até causar infartos do miocárdio.
De acordo com o cardiologista José Maria Peixoto, sentimentos como raiva, ira e o nervosismo ativam o sistema nervoso simpático, levando a uma descarga de adrenalina no organismo. A substância faz com que o coração dispare. Nessa situação, pode ocorrer um aumento da pressão arterial, e doenças cardíacas ainda não manifestadas acabam dando os primeiros sinais.
A raiva, porém, não é considerada uma doença. Mas, de acordo com Geraldo Caldeira, quando esse sentimento se transforma em crônico, pode resultar em problemas de saúde. “Sei de vários casos de pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) depois de discussões”, lembra. Por isso, depois de chutar uma pedra, por maior que seja a ira, tente ficar calmo. Pode ter certeza de que o bom humor diante de situações adversas vai prolongar sua vida.
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