segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!

PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO
Se É jovem, não tem experiência.
Se É velho, está superado.
Se Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Se Fala em voz alta, vive gritando.
Se Fala em tom normal, ninguém escuta.
Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Se Precisa faltar, é um 'turista'.
Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Se Não conversa, é um desligado.
Se Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se Não brinca com a turma, é um chato.
Se Chama a atenção, é um grosso.
Se Não chama a atenção, não sabe se impor.
Se A prova é longa, não dá tempo.
Se A prova é curta, tira as chances do aluno.
Se Escreve muito, não explica.
Se Explica muito, o caderno não tem nada.
Se Fala corretamente, ninguém entende.
Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Se Exige, é rude.
Se Elogia, é debochado.
Se O aluno é reprovado, é perseguição.
Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!

Esta é para ser repassada mesmo.
Jô Soares

sábado, 28 de janeiro de 2012

Campanha 2012. Quem é contra o Professor?

Caros amigos, iniciamos uma campanha onde faremos com que todos os municípios de MG saiam das mãos do PSDB e de seus apoiadores, acabando assim com as bases eleitoreiras dos Deputados que apoiam o Governo Anastasia e consequentemente jogando por terra o devaneio de Aécio Neves em ser o próximo presidente do Brasil.
Segue alguns nomes de Deputados apoiadores deste Governo Ditador.

Vamos lutar juntos para que em 2012 não haja outra greve, porque se o Governo não pagar o que é lei (Piso), é o que vai acontecer.
Vamos também cobrar da imprensa que dê espaço ao Sindute para se manifestar e colocar a verdade, já que a mesma está vendida ao governo.
Se não derem faremos boicote destas emissoras e aí quero ver quem vai anunciar em canal que ninhuém assiste.

NOMES DE ALGUNS DOS DEPUTADOS QUE APOIAM AS MALDADES DE ANASTASIA:

ANA MARIA DE RESENDE VIEIRA (PSDB)
JOSÉ BONIFÁCIO MOURÃO (PSDB)
CARLOS EDUARDO VENTURELLI MOSCONI (PSDB)
CÉLIO DE CÁSSIO MOREIRA (PSDB)
DALMO ROBERTO RIBEIRO SILVA (PSDB)
DÉLIO DE JESUS MALHEIROS (PV)
DINIS ANTÔNIO PINHEIRO (PSDB)
NACIB DUARTE BECHIR (PMN)
GUSTAVO DE FARIA DIAS CORRÊA (DEM)
INÁCIO FRANCO (PV)
JOÃO LEITE DA SILVA NETO (PSDB)
JOSÉ DE FREITAS MAIA (PSDB)
PEDRO IVO FERREIRA CAMINHAS (PP) Pinduca
LUIZ HUMBERTO CARNEIRO (PSDB)
LUIZ HENRIQUE MAIA SANTIAGO (PSDB)
LEONARDO FERNANDES MOREIRA (PSDB)
GUSTAVO DA CUNHA PEREIRA VALADARES (DEM)
ROSANGELA DE OLIVEIRA CAMPOS REIS (PV)


Para dizer a verdade, só não apoiam os desmandes do governo os deputados do PT, PMDB e PCdoB;
No mais todos os outros deputados são apoiadores da ditadura em Minas.

Em 2011 foi o ano das greves. Greve na Educação, Greve na Saúde e greve na Segurança. Será que estes Deputados vão votar o PL 2355 e ter tudo isso novamente em 2012?

Minas é o estado que paga salário mais baixo para professor.
Pelo levantamento da Folha de S. Paulo, os professores mineiros recebem o pior salário do país
A lei nacional do piso para o magistério já foi aprovada há três anos, mas não saiu do papel na maior parte do país. Das 27 unidades da Federação, pelo menos 17 descumprem o pagamento do valor previsto. Pela legislação, o salário mínimo é de R$1.187 para os professores da educação básica pública, em jornada semanal de 40 horas. Esse valor exclui gratificações e também deveria ser garantido um tempo de pelo menos 33% fora das salas para preparar os encontros.
Minas, Pará, Rio Grande do Sul e Bahia também não pagam o mínimo salarial. Para elevar o tempo dos educadores fora da sala de aula só há duas saídas: contratar mais gente ou aumentar a carga horárias dos que já estão contratados. No entanto, essas soluções exigem muito investimento. Em Minas, os professores só têm 25% da carga horária para as tarefas extra-classe. Entre 25 unidades da federação pesquisadas, Minas Gerais é o lugar onde o professor recebe o pior salário (R$616 para 40 horas semanais). Rondônia (R$950) e Rio Grande do Sul (R$791) são os outros dois estados que ocupam a parte de baixo da tabela.

Em vários estados, esse embate entre professores e governo foi parar na Justiça. A alegação em alguns tribunais é que esse assunto compete aos estados e aos municípios e a União deve ficar de fora disso. O Ministério da Educação diz que a regra precisa ser aplicada, mas não pode obrigar as administrações estaduais a aplicá-la.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação afirmou que a recomendação para os sindicatos em todo o país é recorrer na Justiça. Com isso, governadores e secretários podem receber ações por improbidade administrativa.
Neste ano, houve uma greve na educação pública em Minas que durou 112 dias. Houve acordo com o governo estadual, mas as negociações desandaram nesta semana. Os professores vão pedir nesta quarta (16) que a tramitação do projeto de lei que discute a política salarial da categoria saia do caráter de urgência. Para os professores, não pode ocorrer votação enquanto não houver acordo entre as partes.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A direita e a pena de morte

A direita e a pena de morte

Pergunte-se à senadora Kátia Abreu (PSD-TO) se ela concorda com a pena de morte para quem contratar pistoleiros para assassinar trabalhadores sem terra e seus líderes.

Por Mauro Santayana

A direita, no mundo inteiro, é acossada pela crise que ela mesma causou, e é nesses momentos que o perigo se torna maior. Os indignados saem às ruas, mas lhes falta direção política consequente. Os protestos, se não são alimentados de projetos claros e definidos, se perdem. Os atos de contestação dependem de ideologia e programas, que só os intelectuais são capazes de elaborar. A direita, no Brasil e no mundo, se reorganiza. A classe média é facilmente atraída por suas bandeiras da direita, com a que lhe promete "segurança".

Como muitos observam, as agitações podem ser facilmente vencidas pela repressão policial, mas as mudanças sociais – ou os atos de resistência contra o abuso do poder econômico – dependem de esforço intelectual tático e estratégico. O esforço intelectual, bem se entenda, não é o dos filósofos em suas torres de marfim, mas dos líderes experientes, que sabem como reunir e orientar os protestos e as reivindicações das grandes massas.

Já há sugestões de que, passadas as festas de Natal, os dirigentes das principais organizações populares do país – centrais sindicais, MST, entidades religiosas não vinculadas à direita, enfim, os movimentos do centro para a esquerda – reúnam-se em grande encontro, bem preparado, a fim de discutir a situação interna do país, da América Latina e do mundo. Desse encontro deve surgir um plano de ação política que mantenha os direitos que ainda conservamos, e os amplie.

O governo brasileiro se encontra sob a pressão da direita, que usa seus representantes no Congresso a fim de dificultar à presidente o cumprimento de sua vontade. Ainda agora, a senadora e fazendeira representante da direita rural no Senado da República, e não do povo do Tocantins, está propondo que o seu partido, o PSD – que segundo Gilberto Kassab não é de esquerda, nem de direita, nem de centro, assuma a posição de centro-direita, sem constrangimentos. Ela se baseia em pesquisas com a classe C, que concorda, em seu sofrimento cotidiano, com a pena de morte e outras medidas radicais e irreversíveis.

Todos nos horrorizamos com a insegurança, sobretudo, a dos pobres, as maiores vítimas do narcotráfico, dos assaltos, da violência policial, dos preconceitos e da discriminação. E serão também estes os primeiros a serem executados, como ocorre no mundo inteiro, porque não podem pagar bons advogados.

É preciso fechar o passo à direita, e o caminho melhor é o de retomar o controle dos setores estratégicos da economia pelo Estado. A privatização das empresas estatais terá que ser revista, o conceito de empresa nacional do texto original da Constituição de 1988 deve ser restaurado e as transações brasileiras com os paraísos fiscais, proibidas. Com essas medidas, o país terá condições de combater os seus males antigos, como os da corrupção policial, as deficiências da educação e da saúde, e a força do poder econômico sobre a política. É assim que podemos obter a paz das ruas, não com a pena de morte. Pergunte-se à senadora se ela concorda com a pena de morte contra os fazendeiros que contratam pistoleiros para assassinar trabalhadores sem terra e seus líderes sindicais.

O fato é que a direita, no Brasil e no Mundo, se reorganiza. A classe média é facilmente atraída pelas bandeiras da direita, que lhe promete a "segurança". Ainda agora se sabe que a crise, na Europa e nos Estados Unidos, atinge com o desemprego também os profissionais mais qualificados. Foi o que se passou nos anos 1930, em que o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha, recrutaram a classe média – e também os mais pobres e desinformados – para os seus quadros. O mesmo ocorreu na Espanha de Franco e em Portugal, com Salazar, com mais facilidade, em razão do apoio total da Igreja o que, felizmente, não ocorre entre nós.

É importante que todos os movimentos populares estejam mobilizados, como se propõe, a fim de sustentar uma política social que vem retirando milhões de brasileiros da miséria e promovendo desenvolvimento econômico sustentado, embora sob o impacto negativo da crise mundial. Essa crise foi provocada pelos banqueiros larápios, em conluio com governantes medíocres, como Obama, Merkel, Sarkozy, Cameron, Zapatero (seu sucessor, Rajoy, consegue ser pior) e outros menos notados.

Fonte: Rede Brasil Atual

Descoberto um acelerador do lúpus - Paloma Oliveto


Cientistas concluem que uma determinada sequência genética faz com que sintomas sejam intensificados. Revelação abre caminho para retardar efeitos da doença

Os sintomas são tão diversos que, até se chegar a um diagnóstico, o paciente já peregrinou por dezenas de consultórios. Doença autoimune, condição caracterizada por ataques desencadeados pelo próprio organismo, o lúpus eritematoso sistêmico atinge órgãos tão diferentes quanto rins e pele. Além de sofrer as consequências do mal, os portadores lidam com outro problema: ainda não se conhece exatamente o mecanismo por trás da enfermidade. Um estudo apresentado por pesquisadores italianos, porém, conseguiu identificar uma estrutura com papel importante no desenvolvimento do lúpus, o que poderá levar a melhores intervenções terapêuticas.

O hematologista Gianfranco Ferraccioli, pesquisador e professor da Universidade Católica do Sagrado Coração, em Roma, conta que o lúpus foi, por muito tempo, associado somente a uma doença dermatológica. “Isso porque uma das características é o aparecimento de manchas, algumas nas bochechas, em forma de borboleta”, diz. “Mas hoje já se sabe que é um problema sistêmico, que interfere no funcionamento de vários órgãos e estruturas, particularmente o sistema nervoso central, os rins e as articulações, além da pele”, afirma. “Os danos mais graves não são os problemas dermatológicos, mas aqueles relacionados aos órgãos internos”, explica.

Os cientistas italianos identificaram uma sequência de letras de DNA, que chamaram de “acelerador genético”, diretamente relacionada à manifestação dos sintomas do lúpus. O DNA é uma estrutura em forma de fita que fica no interior das células. Dentro dele estão as informações necessárias para a produção de todas as proteínas de um indivíduo, que vão definir desde a cor do cabelo a possíveis doenças que, um dia, a pessoa desenvolverá.

No caso do lúpus, o acelerador se chama HS1.2. Os cientistas observaram que nas pessoas com sintomas mais agressivos a sequência de DNA acelera a produção de uma molécula, a NF-KB, o que torna mais rápida a resposta inflamatória dos órgãos. “Nós sabemos que no lúpus eritematoso sistêmico os anticorpos, em vez de defender o corpo, fazem o contrário: atacam as próprias células, provocando um processo inflamatório. É esse processo que desencadeia os sintomas. O HS1.2 é como o acelerador de um veículo, ao ser acionado: ele estimula o ataque aos órgãos, ativando rapidamente a resposta imune da doença”, explica Ferraccioli, diretor da Unidade de Radiologia da Universidade Católica do Sagrado Coração e principal autor do estudo.

Comemoração Segundo o hematologista, 30% dos pacientes que têm lúpus possuem esse acelerador genético, que também pode desencadear outras doenças autoimunes, como artrite reumatoide. “Nos pacientes em que identificamos o HS1.2, os sintomas do lúpus são muito mais graves. Já havíamos estudado esse mesmo acelerador e sua relação com o mecanismo para o próprio corpo responder agressivamente às suas células”, diz. Ele conta que a equipe realiza pesquisas sobre doenças autoimunes há uma década, e que essa é uma das descobertas mais importantes do grupo.

“Se conseguirmos desenvolver um medicamento que bloqueie a ação do HS1.2, o resultado é que ele não estimulará mais as inflamações severas. Essa é uma grande esperança para um tratamento mais eficaz do lúpus”, diz. O reumatologista Domenico Frezza, da Universidade de Roma Tor Vergata, explica que, atualmente, há diversos remédios que combatem a enfermidade. “Há drogas realmente muito boas, mas elas não são direcionadas ao mecanismo do lúpus em si; esses medicamentos atacam os sintomas da doença, o que não é a mesma coisa de evitar que esses sintomas apareçam”, afirma. “Além disso, os efeitos colaterais costumam ser muito fortes.”

Gianfranco Ferraccioli conta que o ano passado foi muito importante na área de pesquisas de doenças autoimunes, com a descoberta de elementos genéticos diretamente implicados com as enfermidades. “Há tempos essas doenças são bem conhecidas do ponto de vista clínico; isto é, os médicos sabiam que elas existiam. Não eram conhecidos, porém, sua base e a forma como trazem danos aos órgãos internos. Os grandes passos adiante dados recentemente foram as descobertas dos mecanismos que provocam esses danos. É isso que possibilitará intervir de maneira específica e, portanto, mais eficaz”, acredita.

Entusiasmo A descoberta dos cientistas romanos foi recebida com entusiasmo por Gerald Appel, pesquisador do Colégio de Médicos e Cirurgiões da Universidade de Columbia, que recentemente compilou os principais estudos sobre a doença nos últimos 10 anos. “Houve uma melhora na classificação das diferentes classes do lúpus, o que facilitou muito, para os médicos, a prescrição de terapias adequadas a cada caso”, conta. “Novos regimes medicamentosos usam doses mais baixas de drogas tóxicas, trazendo menos efeitos colaterais sem sacrificar a eficácia do tratamento. Da mesma forma, essas pesquisas que se concentram nos mecanismos ligados ao desenvolvimento do lúpus têm se intensificado e acredito que, na próxima década, teremos excelentes notícias para os pacientes”, comemora.

Professora de alergia e imunologia da Universidade de Milão e coautora do estudo conduzido por Gianfranco Ferraccioli, Raffaella Scorza ressalta que, além da busca por novas drogas, é importante que médicos se empenhem no diagnóstico precoce da doença. “Isso é fundamental. Sabemos que o tempo que os pacientes perdem até começarem com as intervenções terapêuticas é muito grande e, enquanto isso, o lúpus vai se desenvolvendo e comprometendo o organismo como um todo. Fazer o diagnóstico precoce significa interromper o ciclo vicioso da doença que mantém o processo de dano. Um caso comum que vemos no dia a dia é o de pessoas que começam com nefrites e acabam rapidamente sofrendo de falência renal”, relata.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Alckmin e a mídia mentem sem parar


Alckmin e a mídia mentem sem parar

É de revolver o estômago a torrente de mentiras e distorções com que o governador Geraldo Alckmin e a mídia que o protege esbofeteiam a sociedade. Mentem para o tucano se eximir de suas responsabilidades. Mentem descaradamente, compulsivamente.

Televisões, rádios, jornais e revistas tentam transformar em criminosos os trabalhadores do Pinheirinho e suas famílias noticiando atos de vandalismo que poderiam ocorrer em qualquer comunidade submetida ao choque que sofreram.

Experimentem desalojar moradores dos Jardins paulistanos e verão quantos saqueadores e ladrões aparecerão. Mas como a população do Pinheirinho é pobre e quase sempre negra, noticiam ações isoladas como se fossem coletivas.

E as notícias de apreensão de drogas que tentam transformar todos os moradores do Pinheirinho em traficantes? Mesmo que não tenham sido plantadas, se derem uma batida ainda nos Jardins paulistanos provavelmente encontrarão não só maior quantidade de droga, mas maior variedade.

Alckmin mente compulsivamente ao tentar se eximir da responsabilidade pela ação criminosa da polícia que comanda quando tenta empurrá-la para a Justiça estadual.

O comandante da Polícia Militar de qualquer Estado é o seu governador. Alckmin, se estivesse bem-intencionado, poderia ter usado o conflito de instâncias da Justiça como desculpa para postergar a operação de reintegração de posse. Míseras 24 horas teriam sido suficientes.

O governador paulista também mente quando diz que o governo federal nada fez para interromper a reintegração de posse do Pinheirinho. As liminares concedidas contra ela foram pedidas pela Advocacia Geral da União e representantes do governo federal há muito tentam negociar com a prefeitura tucana de São José dos Campos.

O prefeito de São José dos Campos é do mesmo partido do governador e vinha rechaçando tentativas de acordo. E agora Alckmin diz que o governo federal não enfrentou suficientemente o seu correligionário, que certamente seria sensível a um pedido seu para que negociasse.

O secretário nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, passou a semana passada inteira no Pinheirinho tentando intervir junto às autoridades municipal e estadual e chegou a ser ferido pela truculência da PM, no domingo.

Alckmin esbofeteou a sociedade brasileira com seus cachorros loucos armados até os dentes e agora a esbofeteia com suas mentiras e com sua covardia insuperáveis. Esse homem é indigno do mandato popular que recebeu.

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania

O Brasil está em Pinheirinho


Bastam três minutos de luta social ninguém esquecer do país onde vivemos. Acabo de ver no You Tube as imagens assinadas por Dan Perseguin sobre a invasão da PM na área de Pinheirinho, em São José dos Campos.

As imagens são terríveis porque você não vê a violência da PM batendo nas pessoas. Ouve barulhos de bombas, vê a fumaça, ouve gritos e vê aquela gente que caminha com suas coisas. São brasileiros que procuram um destino. Não querem conforto. São pessoas, apenas pessoas normais.

É o Brasil permanente, aquele que não dá respostas para os mais humildes, que admite o jogo bruto com os indefesos, que humilha e bate.

Os moradores do Pinheirinho poderiam ser qualquer pessoa na fila do ônibus, no metrô. Têm camisetas coloridas, mochilas que lembram aquela que sua filha já usou quando era adolescente. Mas leia um relato que está hoje, na Folha:

Na escola Dom Pedro de Alcântara, transformada em abrigo para 2.500 pessoas, a Folha viu pelo menos três doentes com pneumonia, um com tuberculose e uma pessoa com seqüelas de AVC jogados em colchões no pátio de esportes. Crianças e bebês brincavam em meio a restos de comida e a fezes de pombos espalhados. Um animal morto estava preso na rede da quadra. Apenas quatro banheiros imundos serviam às mulheres. Os homens tinham de se contentar com três. A situação sanitária era tão grave que dois vestiários, no fundo da quadra -sem vaso sanitário ou água encanada- foram improvisados como banheiros também. “Eles querem nos degradar como seres humanos”, disse o motorista Assis David Monteiro, 62.

A maioria dos antigos moradores do Pinheirinho, expulsos de suas casas a partir das 6h do domingo, não teve tempo nem sequer para pegar os próprios documentos. Sem casa, sem documentos, muitos têm apenas uma muda de roupas. E pulseirinhas coloridas, que identificam quem pode entrar nos abrigos da prefeitura. Na escola Dom Pedro, a cor é azul.

Vários desabrigados disseram à Folha que as pulseirinhas estão servindo para discriminá-los. “É como se fosse uma coleira que nos colocaram para nos identificar quando andamos na rua. Vizinhos nos chamam de cachorros do governo”, disse Rogério Mendes Furtado, 28, catador de sucata.

Paulo Moreira Leite
Política, economia Tags: Alkcmin, Sociedade

domingo, 22 de janeiro de 2012

SÍNDROME DE ASPERGER


A chamada Síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger, é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. A validade do diagnóstico de Síndrome de Asperger como condição distinta do autismo é incerta, tendo sido proposta a sua eliminação do "Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais" (DSM), sendo confundida com o autismo.

A Síndrome de Asperger é mais comum no sexo masculino. Quando adultos, muitos podem viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornaram professores universitários (como Vernon Smith, "Prémio Nobel" de Economia de 2002).

Um dos primeiros usos do termo "síndrome de Asperger" foi por Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma homenagear Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990. A síndrome foi reconhecida pela primeira vez no DSM, na sua quarta edição, em 1994 (DSM-IV).

Alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de interação social, falta de empatia, interpretação muito literal da linguagem, dificuldade com mudanças, perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, isso pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto.

Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da História possuíam fortes traços da síndrome de Asperger, como os físicos Isaac Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Michelangelo, os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o enxadrista/xadrezista Bobby Fischer.

Classificação e diagnóstico
A Síndrome de Asperger é definida na seção 299.80 do DSM-IV por seis critérios principais, que definem a síndrome como uma condição com as seguintes características:

Prejuízo severo e persistente na interação social;

Desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades;

Prejuízo clinicamente significativo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento;

Nenhum atraso significativo no desenvolvimento da linguagem;

Não há atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (em outra área que não na interação social) e curiosidade acerca do ambiente na infância;

A não-satisfação dos critérios para qualquer outro transtorno invasivo do desenvolvimento específico ou esquizofrenia.

A Síndrome de Asperger é um transtorno do espectro do autismo (ASD em inglês), uma das cinco condições neurológicas caracterizadas por diferenças na aptidão para a comunicação, bem como padrões repetitivos ou restritivos de pensamento e comportamento. Os quatro outros transtornos ou condições são autismo, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e PDD não especificado (PDD-NOS - transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação).

O diagnóstico da Síndrome de Asperger é complexo em virtude de que mesmo através do uso de vários instrumentos de avaliação não existe um exame clínico que a detecte. Os critérios de diagnóstico do Diagnostic and Statistical Manual norte-americano são criticados por serem vagos e subjetivos. Outros conjuntos de critérios de diagnóstico para a Síndrome de Asperger são o CID 10 da OMS, o de Szatmari, o de Gillberg, e Critério de Descoberta de Attwood & Gray. A definição CID-10 tem critérios semelhantes aos da versão DSM-IV A Sindróme de Asperger foi em tempos chamada Psicopatia Autista e Transtorno Esquizóide da Infância, apesar de tais termos serem atualmente entendidos como arcaicos e imprecisos, e portanto não mais aceitos no uso médico.

Um diagnóstico válido?
Há grande controvérsia se a Síndrome de Asperger é um transtorno distinto e separado ou se é equivalente ao Autismo de alta funcionalidade, ou mesmo a outras condições (como o Transtorno de personalidade esquizoide).

O diagnóstico da Síndrome de Asperger em indivíduos adultos é uma tarefa difícil e imprecisa, uma vez que indivíduos adultos com Síndrome de Asperger ou AAF já aprenderam de forma racional a mascarar os seus erros sociais. Quando distraídos demonstram os sintomas da Síndrome de Asperger, mas se concentrados em uma interação social específica, como o relacionamento com o psicanalista no momento do teste, podem se comportar de forma aparentemente normal.

Além disso, há pouco acordo entre os vários critérios de diagnóstico da síndrome. Um estudo realizado em 2008 comparando quatro conjuntos de critérios (DSM, CID, Gillberg e Szatmari) concluiu que o diagnóstico apenas coincidia em 39% dos casos.

Os diagnósticos de Síndrome de Asperger e AAF são usados indistintamente, complicando as estimativas de prevalência: a mesma criança pode receber diferentes diagnósticos, dependendo do método aplicado pelo médico, e vários estudos indicam que quase todas as crianças diagnosticadas com "Síndrome de Asperger" têm na realidade autismo, e não Síndrome de Asperger tal como é definida pelo DSM-IV.

Por outro lado, também tem sido argumentado que o diagnóstico de Síndrome de Asperger tornou mais confusa a fronteira entre o autismo e a simples excentricidade, e que, sobretudo quanto o diagnóstico é feito por profissionais pouco preparados, haverá vários casos de falsos positivos.

Em 2010, a American Psychiatric Association divulgou a proposta para o DSM-V, onde a Síndrome de Asperger desaparece como diagnóstico distinto, passando a estar incluída no autismo.

Características
A Síndrome de Asperger é caracterizada por:

Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades;Rituais ou comportamentos repetitivos.
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo;
Comportamento social e emocionalmente impróprio e problemas de interação interpessoal;
Problemas com comunicação;
Habilidade de desenhar para compensar a dificuldade de se expressar verbalmente;
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
Segundo alguns estudos, apresentam imaginação e criatividade fantasiosa mais reduzida do que uma criatividade com bases em fatos reais
Frequentemente, por um Q.I. verbal significativamente mais elevado que o não-verbal.


As características mais comuns e importantes da Síndrome de Asperger podem ser divididas em várias categorias amplas: as dificuldades sociais, os interesses específicos e intensos, e peculiaridades na fala e na linguagem. Outras características são comumente associadas com essa síndrome, mas nem sempre tomadas como necessárias ao diagnóstico. Esta seção reflete principalmente as visões de Attwood, Gillberg e Wing sobre as características mais importantes da Síndrome de Asperger; os critérios DSM-IV representam uma visão ligeiramente distinta. Diferentemente da maioria dos tipos de TDI, a Síndrome de Asperger é geralmente camuflada, e muitas pessoas com o transtorno convivem perfeitamente com os que não têm. Os efeitos da Síndrome de Asperger dependem de como o indivíduo afetado responde à própria síndrome.


Diferenças Sociais

Apesar de não haver uma única distinção comum a todos os portadores da Síndrome de Asperger, as dificuldades com o convívio social são praticamente universais, e portanto também são um dos critérios definidores mais relevantes. As pessoas com Síndrome de Asperger não têm a habilidade natural de enxergar os subtextos da interação social, e podem não ter capacidade de expressar seu próprio estado emocional, resultando em observações e comentários que podem soar ofensivos apesar de bem-intencionados, ou na impossibilidade de identificar o que é socialmente "aceitável". As regras informais do convívio social que angustiam os portadores da Síndrome de Asperger são descritas como "o currículo oculto". Os Aspergers precisam aprender estas aptidões sociais intelectualmente de maneira clara, seca, lógica como matemática, em vez de intuitivamente por meio da interação emocional normal.

Os não-autistas são capazes de captar informação sobre os estados cognitivos e emocionais de outras pessoas baseadas em "pistas" deixadas no ambiente social e em traços como a expressão facial, linguagem corporal, humor e ironia. Já os portadores da Síndrome de Asperger não têm essa capacidade, o que é às vezes chamado de "cegueira emocional". Este fenômeno também é considerado uma carência de teoria da mente. Sem isso, os indivíduos com Síndrome de Asperger não conseguem reconhecer nem entender os pensamentos e sentimentos dos demais. Desprovidos dessa informação intuitiva, não podem interpretar nem compreender os desejos ou intenções dos outros e, portanto, são incapazes de prever o que se pode esperar dos demais ou o que estes podem esperar deles. Isso geralmente leva a comportamentos impróprios e anti-sociais. No texto Asperger's Syndrome, Intervening in Schools, Clinics, and Communities, Tony Attwood categoriza as várias maneiras que a carência de "teoria mental" ou abstração podem afetar negativamente as interações sociais de portadores de Asperger:

1- Dificuldade em compreender as mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal - pessoas com Síndrome de Asperger geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não conseguem "ler".

2- Interpretar as palavras sempre em sentido denotativo - indivíduos com Síndrome de Asperger têm dificuldade em identificar o uso de coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas.

3- Ser considerado grosso, rude e ofensivo - propensos a comportamento egocêntrico, Aspergers não captam indiretas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.

4- Aperceber-se de erros sociais - à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua "cegueira emocional", começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar fobia.

5- Paranóia - por causa da "cegueira emocional", pessoas com Síndrome de Asperger têm problemas para distinguir a diferença entre atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.

6- Lidar com conflitos - ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.

7- Consciência de magoar os outros - uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis não-intencionais.

8- Consolar os outros - como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com Síndrome de Asperger têm pouca compreensão sobre como consolar alguém ou fazê-los se sentirem melhor.

9- Reconhecer sinais de enfado - a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem incompreensíveis ou desatentos. Na mão inversa, pessoas com Síndrome de Asperger geralmente não percebem quando o interlocutor está entediado ou desinteressado.

10- Introspecção e autoconsciência - indivíduos com Síndrome de Asperger têm dificuldade de entender seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios.

11- Vestimenta e higiene pessoal - pessoas com Síndrome de Asperger tendem a ser menos afetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma de se vestir e aos cuidados com a própria aparência.

12- Amor e rancor recíproco - como Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e fracas.

13- Compreensão de embaraço e passo em falso - apesar do fato de pessoas com Síndrome de Asperger terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.

14- Lidar com críticas - pessoas com Síndrome de Asperger sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente ofensivos.

15- Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais - como respondem às interações sociais com a razão e não intuição, portadores da Síndrome de Asperger tendem a processar informações de relacionamentos muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incômodas.

16- Exaustão - quando um indivíduo com Síndrome de Asperger começa a entender o processo de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito frequentemente leva a exaustão mental.

Uma pessoa com Síndrome de Asperger pode ter problemas em compreender as emoções alheias: as mensagens passadas pela expressão facial, olhares e gestual tem um impacto baixo, mas não nulo (como no caso dos psicopatas). Eles também podem ter dificuldades em demonstrar empatia. Assim, Aspergers podem parecer egoístas, egocêntricos ou insensíveis. Na maioria dos casos, estas percepções são injustas porque os portadores da Síndrome são neurologicamente incapazes de entender os estados emocionais das pessoas à sua volta. Eles geralmente ficam chocados, irritados e magoados quando lhes dizem que suas ações são ofensivas ou impróprias.

É evidente que pessoas com Síndrome de Asperger têm emoções. Mas a natureza concreta dos laços emocionais que venham a ter (ou seja, com objetos em vez de pessoas) pode parecer curiosa ou até ser uma causa de preocupação para quem não compartilha da mesma perspectiva.

O problema pode ser exacerbado pelas respostas daqueles neurotípicos que interagem com portadores da Síndrome de Asperger. O aparente desapego emocional de um paciente Asperger pode confundir e aborrecer uma pessoa neurotípica, que por sua vez pode reagir ilógica e emocionalmente — reações que vários Aspergers especialmente não toleram. Isto pode gerar um círculo vicioso e às vezes desequilibram particularmente famílias de pessoas Aspergers.

O fato de não conseguir demonstrar afeto — pelo menos de modo convencional — não significa necessariamente que pessoas com Síndrome de Asperger não sintam afeto. A compreensão disto pode ajudar parceiros ou convíveres a se sentir menos rejeitados e mais compreensivos. O aumento da compreensão também pode resultar de leitura e pesquisa sobre a Síndrome e outros transtornos comórbidos. Às vezes, ocorre o problema oposto: a pessoa com Síndrome de Asperger é anormalmente afeiçoada a alguém e não consegue captar ou interpretar sinais daquela pessoa, causando aborrecimento.

Outro aspecto importante das diferenças sociais encontradas em aspergers é uma fraqueza na coerência central do indivíduo. Pessoas com esta deficiência podem ser tão focadas em detalhes que não conseguem compreender o conjunto. Uma pessoa com coerência central fraca pode lembrar de uma história minuciosamente mas ser incapaz de fazer um juízo de valor sobre a narrativa. Ou pode entender um conjunto de regras detalhadamente mas ter dúvidas de como aplicá-las. Frith e Happe exploram a possibilidade de que a atenção a detalhes seja uma abordagem em vez de deficiência.

Certamente parece haver várias vantagens em orientar-se por detalhes,particularmente em atividades e profissões que requeiram alto nível de meticulosidade. Também pode-se entender que isto cause problemas se a maior parte dos não-autistas for capaz de transitar fluidamente entre a abordagem detalhista e a generalista.

Diferenças de fala e linguagem

Pessoas com Síndrome de Asperger tipicamente tem um modo de falar altamente "pedante", usando um registro formal muitas vezes impróprio para o contexto. Uma criança de cinco anos de idade com essa condição pode falar regularmente como se desse uma palestra universitária, especialmente quando discorrer sobre seu(s) assunto(s) de interesse.

A interpretação literal é outro traço comum, embora não universal, da Síndrome de Asperger. Attwood dá o exemplo de uma menina com Síndrome de Asperger que um dia atendeu ao telefone e perguntaram “O Paul está aí?”. Embora o Paul em questão estivesse em casa, não estava no mesmo cômodo que ela. Assim, após olhar em volta para se certificar disso, a menina simplesmente respondeu "Não" e desligou. A pessoa do outro lado da linha teve de ligar novamente e explicar a ela que queria que a menina encontrasse o Paul e passasse o telefone a ele.

Indivíduos com Síndrome de Asperger podem usar palavras idiossincráticas, incluindo neologismos e justaposições incomuns. Isto pode tornar-se um raro dom para humor (especialmente trocadilhos, jogos de palavras e sátiras). Uma fonte potencial de humor é a percepção eventual de que suas interpretações literais podem ser usadas para divertir os outros. Alguns são tão apurados no domínio da língua escrita que podem ser considerados hiperléxicos. Tony Attwood cita a habilidade de uma criança em particular de inventar expressões, por exemplo, “tirar o pingo dos is” (o oposto de botar o pingo nos is) ou dizer que seu irmão bebê está “escangalhado” por não poder andar nem falar. Outros comportamentos típicos são ecolalia (repetição ou eco da fala do interlocutor) e palilalia (repetição de suas próprias palavras).

Um estudo de 2003 investigou a linguagem escrita de crianças e adolescentes com Síndrome de Asperger. As amostras foram comparadas aos seus pares neurotípicos num teste padronizado de escrita e legibilidade da caligrafia. Nas técnicas de escrita, não foram encontradas diferenças significativas entre os padrões de ambos os grupos; entretanto, na caligrafia, os participantes com Síndrome de Asperger produziram letras e palavras consideravelmente menos legíveis do que as do grupo neurotípico. Outra análise de exemplos de texto escrito constatou que pessoas com Asperger produzem quantidade de texto similar às dos neurotípicos, mas têm dificuldade em produzir escrita de qualidade.

Tony Attwood afirma que um professor pode gastar tempo considerável interpretando e corrigindo o garrancho indecifrável de uma criança com Asperger. A criança também é ciente da qualidade inferior de sua caligrafia e pode relutar em participar de atividades que envolvam trabalho manuscrito extensivo. Infelizmente para alguns adultos e crianças, os professores colegiais e os potenciais empregadores podem considerar a precisão da caligrafia como medida da inteligência e personalidade. A criança pode requerer assistência de terapia ocupacional e exercícios corretivos, mas a tecnologia moderna pode ajudar minimizar este problema. O pai ou monitor pode também atuar como redator ou revisor da criança para assegurar a legibilidade das respostas nos deveres de casa.

Interesses específicos e intensos

A Síndrome de Asperger na criança pode se desenvolver como um nível de foco intenso e obsessivo em assuntos de interesse, muitos dos quais são os mesmos de crianças normais. A diferença de crianças com Síndrome de Asperger é a intensidade incomum desse interesse. Alguns pesquisadores sugeriram que essas "obsessões" são essencialmente arbitrárias e carecem de qualquer significado ou contexto real. No entanto, uma pesquisa de 1999 sugere que geralmente não é esse o caso.

Algumas vezes, os interesses são vitalícios; em outros casos, vão mudando a intervalos imprevisíveis. Em qualquer caso, são normalmente um ou dois interesses de cada vez. Ao perseguir estes interesses, portadores da Síndrome de Asperger frequentemente manifestam argumentação extremamente sofisticada, um foco quase obsessivo e uma memória impressionantemente boa para dados factuais (ocasionalmente, até memória eidética). Hans Asperger chamava seus jovens pacientes de "pequenos professores" por que ele achava que seus pacientes tinham como compreensão um entendimento de seus campos de interesse assim como os professores universitários.

Pessoas com Síndrome de Asperger podem ter pouca paciência com coisas fora destes campos de interesse específico. Na escola, podem ser considerados inaptos ou superdotados altamente inteligentes, claramente capazes de superar seus colegas em seu campo do interesse, e ainda assim constantemente desmotivados para fazer deveres de casa comuns (às vezes até mesmo em suas próprias áreas de interesse).

Outros podem ser hipermotivados para superar os colegas de escola. A combinação de problemas sociais e de interesses específicos intensos pode conduzir ao comportamento incomum, tal como abordar um desconhecido e iniciar um longo monológo sobre um assunto de interesse especial em vez de se apresentar antes da maneira socialmente aceita. Entretanto, em muitos casos os adultos podem superar estas impaciências e falta de motivação e desenvolver mais tolerância às novas atividades e a conhecer pessoas. (fonte: pt.wikipedia.org)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A “faxina” da privataria tucana

No epílogo do livro “A privataria tucana”, o premiado jornalista Amaury Ribeiro conclama a sociedade a desvendar o que ocorreu no criminoso processo das privatizações das estatais no reinado de FHC:

Varrer a sujeira para debaixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é mais possível. Não há tapete suficiente para acobertar tanto lixo. O Brasil, que escondeu a escravidão e ainda oculta a barbárie de suas ditaduras, não pode negar aos brasileiros a evisceração da privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado que expie pela culpa.

Se isso não acontecer, isto é, se a memória do saque não se tornar patrimônio dos brasileiros, o país poderá repetir esta história, mais cedo ou mais tarde. Não é demais reparar que, na América Latina, estamos atrasados nestas providências. No México, o ex-presidente Carlos Salinas de Gortari – espécie de santo padroeiro da privataria latina – crivado de denúncias de corrupção, saltou em seu jatinho e fugiu para Nova York. Na Bolívia, após privatizar até a água, que entregou à francesa Suez-Lyonnaise des Eaux e à norte-americana Betchel, o “modernizador neoliberal” Gonzalo Sánchez de Lozada foi ejetado do seu trono aos gritos de “assassino” e voou para Miami.

Tripulando uma razia privatizante que liquidou até mesmo estatais que davam lucro e um processo de concentração de renda que desempregou 30% da população nativa, Carlos Menem virou sinônimo de azar. Na Argentina, as pessoas dizem “Mendéz” para não pronunciar seu nome receando uma catástrofe. No Peru, após aprovar sua segunda reeleição, Alberto Fujimori evadiu-se do país sob acusação de surrupiar US$ 15 milhões do erário e autorizar a execução de dissidentes. Condenado a 25 anos de prisão, Fujimori admitiu, depois, ter concedido propinas – “briberization”, como diria Joseph Stiglitz – o que somou à sua pena mais alguns anos de cadeia.

Resta saber se quem interpreta o Estado Mínimo como uma perversidade ineficaz – aqui ou em qualquer outro lugar – está disposto a fazer valer sua condição cidadã e exigir da Polícia, do Fisco, do Ministério Público e da Justiça que cumpram sua parte. Se jogar uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras, este livro, que termina aqui, terá cumprindo a sua parte. E tudo o que houve terá valido a pena.

Maior assalto ao patrimônio público


O livro de Amaury Ribeiro não é apenas “uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras”. É um canhão de holofotes que devassa os subterrâneos da privatização, “o maior assalto ao patrimônio público da história do Brasil”. É a peça que faltava para entender o que ocorreu naquele período de êxtase neoliberal, de desmonte do estado, da nação e do trabalho.

Nas suas 343 páginas, um terço delas com documentos oficiais, o livro comprova que a privataria serviu para enricar meia dúzia de empresários, que concentraram ainda mais as riquezas, mas também para desviar recursos públicos para tucanos de alta plumagem, que se utilizaram de mecanismos engenhosos de lavagem de dinheiro e de paraísos fiscais.

Filha, genro e ex-tesoureiro de Serra

Fruto de dez anos de investigação jornalística, o livro desvenda “a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais do Caribe, onde se lava mais branco não somente ‘o dinheiro sujo da corrupção’, mas também do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo. Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil”.


Entre os beneficiários do saque, o livro desmascara o falso ético José Serra. Com farta documentação obtida em juntas comerciais, cartórios, Ministério Público e Justiça, ele comprova que seu clã e sua turma realizaram movimentações financeiras sinistras com a grana das privatizações. Surgem os nomes da sua filha, do seu genro, do seu primo e do seu ex-tesoureiro de campanha, entre outros privatas.
Urgência da CPI da Privataria

A obra é devastadora. Nos seus 16 capítulos, que serão sintetizados aqui numa série de artigos, fica patente a urgência da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das privatizações, proposta pelo deputado Protógenes Queiroz. É inconcebível que toda esta sujeira fique debaixo do tapete! Em tempos de “faxina”, como alardeia a mídia udenista, é urgente limpar a história do Brasil.
Por Altamiro Borges, no Blog do Miro

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A saudade do servo na velha diplomacia brasileira – Leonardo Boff

O filósofo F. Hegel em sua Fenomenologia do Espírito analisou detalhadamente a dialética do senhor e do servo. O senhor se torna tanto mais senhor quanto mais o servo internaliza em si o senhor, o que aprofunda ainda mais seu estado de servo. A mesma dialética identificou Paulo Freire na relação oprimido-opressor em sua clássica obra Pedagogia do oprimido. Com humor comentou Frei Betto: “em cada cabeça de oprimido há uma placa virtual que diz: hospedaria de opressor”. Quer dizer, o opressor hospeda em si oprimido e é exatamente isso que o faz oprimido. A libertação se realiza quando o oprimido extrojeta o opressor e ai começa então uma nova história na qual não haverá mais oprimido e opressor mas o cidadão livre.

Escrevo isso a propósito de nossa imprensa comercial, os grandes jornais do Rio, de São Paulo e de Porto Alegre, com referência à política externa do governo Lula no seu afã de mediar junto com o governo turco um acordo pacífico com o Irã a respeito do enriquecimento de urânio para fins não militares. Ler as opiniões emitidas por estes jornais, seja em editoriais seja por seus articulistas, alguns deles, embaixadores da velha guarda, reféns do tempo da guerra-fria, na lógica de amigo-inimigo é simplesmente estarrecedor. O Globo fala em “suicídio diplomático”(24/05) para referir apenas um título até suave. Bem que poderiam colocar como sub-cabeçalho de seus jornais:”Sucursal do Império” pois sua voz é mais eco da voz do senhor imperial do que a voz do jornalismo que objetivamente informa e honestamente opina. Outros, como o Jornal do Brasil, tem seguido uma linha de objetividade, fornecendo os dados principais para os leitores fazerem sua apreciação.

As opiniões revelam pessoas que têm saudades deste senhor imperial internalizado, de quem se comportam como súcubos. Não admitem que o Brasil de Lula ganhe relevância mundial e se transforme num ator político importante como o repetiu, há pouco, no Brasil, o Secretário Geral da ONU, Ban-Ki-moon. Querem vê-lo no lugar que lhe cabe: na periferia colonial, alinhado ao patrão imperial, qual cão amestrado e vira-lata. Posso imaginar o quanto os donos desses jornais sofrem ao ter que aceitar que o Brasil nunca poderá ser o que gostariam que fosse: um Estado-agregado como é Hawai e Porto-Rico. Como não há jeito, a maneira então de atender à voz do senhor internalizado, é difamar, ridicularizar e desqualificar, de forma até antipatriótica, a iniciativa e a pessoa do Presidente. Este notoriamente é reconhecido, mundo afora, como excepcional interlocutor, com grande habilidade nas negociações e dotado de singular força de convencimento.

O povo brasileiro abomina a subserviência aos poderosos e aprecia, às vezes ingenuamente, os estrangeiros e os outros povos. Sente-se orgulhoso de seu Presidente. Ele é um deles, um sobrevivente da grande tribulação, que as elites, tidas por Darcy Ribeiro como das mais reacionárias do mundo, nunca o aceitaram porque pensam que seu lugar não é na Presidência mas na fábrica produzindo para elas. Mas a história quis que fosse Presidente e que comparecesse como um personagem de grande carisma, unindo em sua pessoa ternura para com os humildes e vigor com o qual sustenta suas posições .

O que estamos assistindo é a contraposição de dois paradigmas de fazer diplomacia: uma velha, imperial, intimidatória, do uso da truculência ideológica, econômica e eventualmente militar, diplomacia inimiga da paz e da vida, que nunca trouxe resultados duradouros. E outra, do século XXI, que se dá conta de que vivemos numa fase nova da história, a história coletiva dos povos que se obrigam a conviver harmoniosamente num pequeno planeta, escasso de recursos e semi-devastado. Para esta nova situação impõe-se a diplomacia do diálogo incansável, da negociação do ganha-ganha, dos acertos para além das diferenças. Lula entendeu esta fase planetária. Fez-se protagonista do novo, daquela estratégia que pode efetivamente evitar a maior praga que jamais existiu: a guerra que só destrói e mata. Agora, ou seguiremos esta nova diplomacia, ou nos entredevoraremos. Ou Hillary ou Lula.

A nossa imprensa comercial é obtusa face a essa nova emergência da história. Por isso abomina a diplomacia de Lula

Leonardo Boff é Teólogo e autor de Nossa ressurreição na morte, Vozes 2007

ÚLTIMA SOBREVIVENTE DA CELA 4

ÚLTIMA SOBREVIVENTE DA CELA 4
Morreu, aos 102 anos, Beatriz Bandeira, a última sobrevivente da famosa cela 4 – onde foram presas, na Casa de Detenção, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, as poucas mulheres que participaram da revolta comunista de 1935 no Brasil.
Foi na cela 4 que ficaram confinadas Olga Benário (esposa do líder da intentona, Luiz Carlos Prestes), a futura psicanalista Nise da Silveira, a advogada Maria Werneck de Castro e as jornalistas Eneida de Moraes e Eugênia Álvaro Moreyra.
Por conta dessa passagem, Beatriz virou personagem de livros como “Memórias do Cárcere”, o relato biográfico de Graciliano Ramos, que também esteve preso por causa da revolta.
Pouco antes, como militante comunista e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), Beatriz conheceu seu marido, Raul Riff, ser jornalista, que viria a ser secretário de Imprensa do governo João Goulart (1961-1964). Com ele se casou três vezes.
Os dois foram exilados duas vezes. Em 1936, depois da libertação, foram expulsos para o Uruguai. Em 1964, após o golpe militar, receberam abrigo na Iugoslávia e, posteriormente, na França.
Ao regressar ao Brasil, Beatriz continuou a militância política nos anos 70 e 80. Foi uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas, que lutou pelo fim da ditadura no País.
Beatriz nasceu em uma família positivista. Seu pai, o coronel do exército Alípio Bandeira, foi abolicionista. Militar, trabalhou no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e ajudou o Marechal Cândido Rondon na instalação de linhas telegráficas no interior do País e no contato com tribos isoladas – Alípio liderou o encontro com os Waimiri Atroari em 1911, por exemplo.
Além de militante política, Beatriz foi poeta (publicou “Roteiro” e “Profissão de Fé”) e professora (foi demitida pelo regime militar da cadeira de Técnica Vocal do Conservatório Nacional de Teatro). Também escreveu crônicas e colaborou para o jornal A Manhã e as revistas Leitura e Momento Feminino. Há dez anos ela contou um pouco de sua história em uma entrevista à TV Câmara.
Beatriz morreu na noite de segunda (dia 2) após um AVC. Foi enterrada no final da tarde de hoje (dia 3) no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Uma nota pessoal
Beatriz Bandeira Ryff era minha avó. Nos últimos anos de sua vida centenária a senilidade tinha lhe tirado totalmente a visão. Ela quase não falava e mal se comunicava com o mundo.
Há uns dez dias, fui visitá-la levado pelo meu filho de 8 anos que queria dar um beijo na “bisa”. Encontramos ela mais presente do que em todas as visitas nos anos anteriores. Chegou a cantarolar algumas músicas que costumava embalar o sono dos netos quando pequenos, como os hinos revolucionários “Internacional”, “A Marselhesa” (embora ela também cantasse obras não políticas, entre elas a “Berceuse”, de Brahms).
Ao me despedir, perguntei-lhe se lembrava o trecho do poema “Canção do Tamoio”, de Gonçalves Dias, que ela costumava recitar. Ela assentiu levemente com a cabeça e começou, puxando do fundo da memória. Foram suas últimas palavras para mim.
“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar.”
(“Canção do Tamoio”, Gonçalves Dias)

Autor:
Luiz Antonio RyffTags: História, Política
Postado por Bemvindo Sequeira

"AQUILO" ERA TUCANO VIRA GORILA E ATACA NEGRO NA USP

Vi na Internet e vi na TV.

“Aquilo” - sim porque aquilo só pode ser chamado de “aquilo” - saca uma arma, ameaça atirar em civis desarmados, espanca um estudante - escolhido por ser negro, nega mostrar sua identidade, apoiando os braços sobre a barriga volumosa de um sedentário.

Mas “Aquilo” não é sedentário.
“Aquilo” ronda e ruge dias e noites no Campus da USP.

Nem deveria estar lá. Num Campus Universitário, onde o Saber , a experimentação, a diversidade, a liberdade, é a tônica desde que existem as Universidades.

Mas “Aquilo”, fruto de 16 anos de tucanato, desconhece as regras democráticas e os direitos humanos.
“Aquilo” é um “gorila” sob as asas de um tucano .

“Aquilo” acha que pode tudo, porque o máximo que vai lhe acontecer é ser afastado das ruas.
Desconheço os trâmites do serviço Público, e dos Regimentos Policiais MIlitares, mas para mim, cidadão sedentário – eu sim , tenho este direito – “Aquilo” tinha que ser sumariamente demitido. E preso por racismo, violência, desacato, desrespeito à autoridade para a qual foi investido.

Mas “Aquilo” é o retrato fiel daqueles que combatem a Cracolândia com armas e cassetetes.
É o retrato fiel daqueles que espancam estudantes na Paulista.

“Aquilo” hoje é notícia em todas as TVs da Europa. Quiçá do Mundo.

“Aquilo” passou a ser nas telas mundiais o garoto-propaganda do “Picolé de Chuchu” produto paulista , brasileiro, para exportação.
Fonte:http://blogdobemvindo.blogspot.com/
Autor:Postado por Bemvindo Sequeira

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Saúde e educação são os principais êxitos do regime cubano


Os principais êxitos do regime implantado pela Revolução Cubana de 1959 estão na área social, onde a ilha apresenta indicadores superiores à maioria dos países do continente, incluindo aí os mais ricos.

Para muitos, apesar dos inúmeros problemas enfrentados pela população cubana, o maior sucesso da revolução liderada por Fidel Castro foi ter conseguido desenvolver uma poderosa rede de assistência social, que serviu para impedir que os 20% mais pobres da sociedade caíssem em uma situação de miséria e pobreza extrema.

Em Cuba, o Estado se encarrega dessas famílias, entregando-os dinheiro extra, alimentos, roupas e móveis.

Nos casos de pessoas com deficiências físicas ou mentais, o governo chega, inclusive, a pagar um salário para que elas recebam os cuidados necessários.

Medidas em benefício da parcela mais pobre da população cubana foram tomadas logos nos primeiros dias da revolução.

A reforma agrária, por exemplo, deu emprego a todos os camponeses do país. Alguns receberam terras, outros passaram a integrar cooperativas, e muitos se transformaram em trabalhadores de fazendas coletivas.

Já nas cidades, foi proibido o despejo de inquilinos e decretada a redução dos aluguéis. Finalmente, foi realizada uma reforma urbana que transformou 85% dos cubanos em proprietários de suas casas, uma realidade que se mantém até os dias atuais.

Educação

Não há no país nem mesmo meninos de rua. Os órfãos, filhos de pessoas com deficiências mentais ou de pessoas presas, vivem em instituições que lhes garantem alimentação, assistência médica e educação, incluindo os estudos superiores.

Mas eles não são exceção, já que 100% das crianças e adolescentes cubanos freqüentam a escola, que é obrigatória por nove anos e segue sem custar um centavo até o nível universitário, onde até mesmo os livros são gratuitos.

A lei cubana obriga os pais a enviarem seus filhos à escola. Se for considerado que este direito da criança foi violado, a pena para eles pode ser até mesmo a perda da guarda do menor e outras medidas judiciais.

Nenhuma criança fica de fora da rede educacional. Os cerca de 60 mil menores de idade com limitações físicas ou psíquicas da ilha freqüentam escolas especiais, onde, além de aulas, recebem tratamento fisioterápico e atendimento psicológico, uma combinação que permite com que eles desenvolvam ao máximo suas habilidades.

Saúde

É nestas escolas que se reúnem dois dos maiores sucessos da revolução cubana: a educação e a saúde pública.

Em relação a esta última, o regime de Fidel Castro desenvolveu um gigantesco sistema nacional de cobertura a todos os cidadãos, sem exceções de nenhum tipo.

O sistema de saúde de Cuba é composto por quatro níveis: o médico de família, que costuma viver a poucas quadras de seus pacientes; o clínico geral de bairro; os hospitais de zona e os institutos especializados.

Todo atendimento é gratuito, com exceção dos medicamentos, que são subsidiados pelo Estado.

Nenhuma doença fica de fora do sistema de saúde cubano, que oferece tratamentos a problemas que vão desde simples dores de cabeça a enfermidades relacionadas à Aids, passando por assistência odontológica e até mesmo cirurgias plásticas.

O resultado deste sistema de saúde tão amplo pode ser observado quando se comparam as estatísticas das Nações Unidas sobre esperança de vida. Cuba ocupa o terceiro lugar em todo continente americano, com expectativa de vida de 76 anos para os homens e 80 para mulheres.

Já em relação à mortalidade infantil, as estatísticas da ONU apontam que o índice de Cuba é de cinco mortes a cada 1.000 nascimentos, o que situa o país em um nível só comparável ao do Canadá no continente americano.

Ciclones

Da mesma forma que poucas pessoas morrem em Cuba por causa de doenças curáveis, o número de mortos pelos ciclones que atravessam o país todos os anos também é baixo.

O sistema de defesa civil criado pela revolução é capaz de evacuar milhões de cidadãos para lugares seguros antes da chegada das tempestades.

O ano de 2008 foi bastante ilustrativo neste sentido, quando três grandes ciclones atravessaram a ilha, destruindo meio milhão de casas, a maior parte das colheitas e derrubando centenas de torres do sistema elétrico. Apesar dos estragos, foram registradas apenas sete mortes.

Antes de 1959 e nos primeiros anos da revolução, os mortos eram contados às centenas e milhares cada vez que um desses fenômenos atingia o país. Isso sem contar as enormes perdas econômicas.

Agora, a Defesa Civil "toma o controle" dos territórios onde se prevê que as tempestades passarão. Dias antes da evacuação das áreas, as pessoas protegem seus animais e transportam alimentos, evitando mortes e salvando o que é possível.

Violência

Também são poucas as pessoas que morrem por causa da violência. Na verdade, a insegurança pública na ilha é ínfima.

Mesmo quando comparada aos países mais ricos da região, Cuba pode ser considerada uma das sociedades mais pacíficas do continente.

São raros os casos de assaltos com pistolas ou armas brancas. Os delitos mais comuns em Cuba são furtos de correntes, relógios ou de dinheiro.

Sem dúvida, este clima pacífico se deve à presença constante da polícia nas ruas. No entanto, alguns argumentam que os baixos níveis de violência também estão relacionados com o nível de educação da população, o acesso à saúde e ao controle da pobreza.

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Os Indiferentes

Antonio Gramsci

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

Texto retirado do livro Convite à Leitura de Gramsci"
Tradução: Pedro Celso Uchôa Cavalcanti.
Transcrição de: Alexandre Linares para o Marxists Internet Archive

Antonio Gramsci nasceu no mês de janeiro de 1891 e faleceu no dia 27 de abril de 1936, na Itália. É um conhecido escritor, político e teórico político italiano. Foi membro fundador e líder do Partido Comunista Italiano e foi encarcerado pelo regime fascista de Mussolini.Seus escritos estão totalmente voltados para a análise da cultura e da liderança política e seu trabalho é notável pela sua originalidade, enquanto pensandor marxista. É bastante conhecido o seu conceito de "hegemonia cultural" enquanto forma de manutenção do estado, em uma sociedade capitalista.O texto que apresentamos, a seguir, pode servir para os educadores repensarem o momento atual e a sua prática educativa....

Diário de um cucaracha (1973) – Henfil

Diário de um cucaracha (1973) – Henfil


Não foi nenhuma ficção hollywoodiana. E nem mais um desses finais debilódes de novelas da Globo. Havia simplesmente chegado a tão esperada hora do troco. Era a vez do garoto pobre da periferia de Belo Horizonte colocar seu nome ao lado daqueles que nunca se entregaram por nenhum “ouro de tolo”. O menino magro, hemofílico e estudante de escola pública que passava todo seu tempo desenhando enquanto seus amigos se divertiam em festas, estava finalmente acertando suas contas com a história.
Henrique Souza Filho só foi mesmo virar Henfil ao cruzar seu caminho com o jornalista Roberto Drumond, que ainda estava muito longe do sucesso alcançado atualmente pelo livro “Hilda Furacão”. Os dois trabalhavam no mesmo jornal em Minas Gerais, quando Roberto teve a idéia de juntar o primeiro e o último nome do amigo, resultando no Henfil que conhecemos hoje.
Com pouco mais de vinte anos, Henfil havia escrito seu primeiro livro, “Hiroshima Meu Humor”, e teve a idéia de ir ao Rio de Janeiro, tentar falar com seu ídolo Millôr Fernandes para que ele escrevesse o prefácio. Para essa viagem, ele pediu dinheiro até na porta da igreja São José em BH, sem falar na colaboração que teve dos amigos, que estavam muito orgulhosos com o contato que Henfil estava prestes a fazer com o “grande” Millôr. Nessa época, eles até lançaram a campanha “Ajude Henfil a ir pegar o prefácio do Millôr”.
Assim que chegou ao Rio, Henfil foi à casa de Ziraldo, que garantiu ao jovem cartunista: “deixe que eu vou lá”. E foi mesmo, só que ele não esperava a esculhambação que acabou recebendo de Millôr. Sem dinheiro e com vergonha de voltar para Minas sem o prefácio, Henfil acabou dormindo na praia e teve uma insolação. Salvo por um guarda-vidas, ele foi levado para o hospital Souza Aguiar. Depois de dormir em vários bancos de praça, Henfil copiou um prefácio que Millôr havia escrito em um outro livro e voltou para BH. “Hiroshima Meu Humor” só foi ser lançado muito tempo depois, quando todo mundo já tinha se esquecido do tal prefácio.
Passados alguns anos, Henfil leu uma entrevista de Ziraldo. E depois de sentir uma decepção inicial com o conteúdo da reportagem, ironicamente ela acabou se transformando em um impulso para sua carreira. Quando perguntado sobre quem seriam os novos cartunistas brasileiros Ziraldo respondeu:

_Não vou dizer seus nomes. Sua história, se eles quiserem, que o façam.

Esse foi o estopim que levou Henfil a produzir cada vez mais para alcançar a chamada “história”. O acerto de contas veio em junho de 1973, quando ninguém menos do que Jaguar, Millôr e Ziraldo, fizeram uma entrevista com Henfil pelo lendário Pasquim, não esse jornal puxa-saco do PT que foi reeditado há alguns anos atràs, mas aquele combativo “Pasca” velho de guerra. E como cantava o sambista Cartola, “o mundo é um moinho” e o garoto da periferia de Belo Horizonte estava aos poucos, com aquele jeitinho mineiro de ser, entrando para a história como um dos mais revolucionários e criativos artistas brasileiros.
Depois dessa histórica entrevista, Henfil foi tentar a sorte nos EUA. Sua intenção, além de fugir da censura e da repressão da ditadura militar, era fazer com que sua mensagem chegasse a um maior número possível de pessoas no mundo inteiro. E em se tratando de charges e quadrinhos, só a partir de New York isso era possível. As aventuras desse período em que Henfil passou no coração do capitalismo internacional (e por ele tanto combatido), foram publicadas no livro “Diário de um Cucaracha”.
Através de suas palavras sempre mordazes, mais uma pequena dose de sua já conhecida melancolia humorística, Henfil descreve em detalhes desde o forte racismo imposto pelos norte-americanos aos imigrantes latinos, até a sua peregrinação pelos hospitais dos EUA em busca de tratamento para sua doença. Tudo isso sem saber uma única frase inteira em inglês.
Em relação a discriminação aos latinos, Henfil diz que nos ônibus “os negros têm o maior desprezo por esses brancos encardidos” e se sentam sempre nos fundos. E esse é o mesmo sentimento que o branco tem pelos negros e também (é obvio) pelos latinos. Assim, o único lugar que restava para os cucarachas seria nas rodas, pois os brancos ocupavam os lugares da frente. Os estadunidenses chamam os imigrantes latinos de cucarachas, porque dizem que eles “procriam feito baratas”, daí veio o apelido.
Quando estava trabalhando no Brasil, a forte censura dos militares dificultava a publicação dos trabalhos do cartunista em jornais e revistas, e, os leitores lhe escreviam diversas cartas se mostrando decepcionados. “Gostava de você no inicio do Pasquim. Agora nem leio mais”, lhe escreveu um leitor. Por causa do corte dos censores, suas charges políticas antes muito agressivas, ficavam apenas com o teor humorístico, o que frustrava seus leitores. Esses fatores impulsionaram mais ainda seu embarque para os EUA.
Depois de passar um tempo como desenhista de maçãs, bananas, cadeiras, mesas e, centenas de outros objetos para facilitar o aprendizado dos alunos em uma escola de inglês, Henfil finalmente conseguiu um contrato com a Universal Syndicate. Essa entidade era responsável pela publicação dos quadrinhos mais famosos do mundo, como Garfield e Snoopy, e que jamais tinha contratado um brasileiro. Através desse sindicato, os desenhos de Henfil começaram a ser publicados em diversos jornais americanos e canadenses.
Mas isso durou pouco, pois o cartunista não quis se render ao mundo capitalista e transformar seus cartuns no formato adequado aos leitores de primeiro-mundo. Ele relutou também em colocar seus personagens em camisetas e propagandas publicitárias, e isso fez com que aos poucos, seus contratos fossem sendo cancelados. Antes de cancelar os contratos, seu editor lhe falou indignado: “Porra Henfil! Você é o primeiro cara na vida que eu vejo que não quer ficar rico!”.
E não queria mesmo, “me deu porrada, eu dou mil porradas de volta. Quero lutar por uma coisa chamada babacamente de redenção dos povos. Vivo e respiro a luta de classes. Meu trabalho gira em torno dessa realidade. Tenho um instrumento universal na mãos que é o humor e que é muito eficaz. Nasci no berço da luta de classes. Eu quero ser famoso como um cara que é mais um espinho contra o estado das coisas. Essa fama eu quero para mim”, dizia Henfil.
Herbert de Souza, o sociólogo que ficou conhecido como Betinho, e que era irmão de Henfil, estava preso nessa mesma época na embaixada do Panamá no Chile, país que tinha acabado de sofrer um golpe militar arquitetado pelos agentes da CIA e pelo general Pinochet. O cartunista recebia diversas cartas de seu irmão que dizia estar com trezentas pessoas em duas salas sem nem poder chegar perto da janela que a polícia chilena atirava. Para dormir tinham quatro cadeiras e a cada hora quatro podiam dormir e dar uma cochilada. Ficaram dois meses nessa situação sem tomar banho. Betinho que também era hemofílico estava pesando quarenta quilos.
Betinho relatava diversos casos de pessoas que estavam sendo tiradas à força das embaixadas e sendo executadas no Estádio Nacional. Victor Jara, uma espécie de Chico Buarque do Chile, foi preso no dia do golpe (11 de setembro de 1973), levado para o estádio, cortaram-lhe os dedos, entregaram-lhe um violão e disseram: “agora, canta”. Jara esfregou o violão e cantou. A música tocada por ele foi transcrita no livro de Henfil.
“Diário de um Cucaracha” é recomendado para as pessoas que ainda acreditam que é possível combater os causadores da aguda situação de miséria vivida pelo povo brasileiro sem precisar se render as facilidades da “sociedade dinheirista”. E como diz uma frase de Millôr que foi adaptada por Henfil, “desconfie daqueles que não têm ideal, e mais ainda daqueles que não têm ideal nenhum”. E para os bundões, uma mensagem de Henfil: “o que eu acho calhorda é o que não tenta ser herói”, portanto, siga os conselhos do também revoltado e tropicalista Hélio Oiticica, “seja marginal, seja herói”.



Danilo Nuha

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A estupidificação da Humanidade

Um destes dias entrei no carro e, maquinalmente, estendi o braço na direcção do rádio para o ligar. É um gesto que milhares de portugueses fazem diariamente ao início da manhã e ao fim da tarde. Mas a meio caminho suspendi o movimento. Apetecia-me ouvir o quê: música ou notícias? Subitamente percebi que aquilo que me apetecia mesmo era não ouvir nada. Apetecia-me gozar o silêncio.
E aquele gesto que suspendi, aquele simples gesto de premir um botão, separa dois modos de estar completamente diferentes, para não dizer opostos.

O indivíduo que liga o rádio do carro torna-se, a partir desse momento, um ouvinte – um 'consumidor' de música ou notícias. Inversamente, o indivíduo que conserva o rádio desligado pode ser um 'produtor', porque o silêncio permite-lhe pensar.
Para bem das estações radiofónicas, a decisão de manter o aparelho de rádio desligado é cada vez menos frequente. Os indivíduos são cada vez menos produtores e cada vez mais consumidores. Já quase não sabem fazer mais nada senão consumir.
E não me refiro apenas – note-se – às compras (...) refiro-me ao consumo 'em geral'.

As pessoas sentam-se ao volante e imediatamente começam a consumir rádio. Chegam a casa, sentam-se no sofá e começam a consumir televisão. Depois sentam-se à mesa, naturalmente a consumir… comida. Depois do jantar ou vêem televisão, ou falam ao telefone ou ao telemóvel, ou põem-se diante do computador a consumir na internet textos ou imagens. E na manhã seguinte voltam a ligar o rádio. E a caminho do emprego, depois de estacionarem o carro, põem os auriculares nos ouvidos e ouvem mais música, e no emprego ligam o computador – onde passam uma boa parte do tempo a consumir mais imagens, mensagens, e-mails, informação… E nos intervalos lêem os SMS que receberam.
Há duas gerações atrás as crianças fabricavam muitos dos seus brinquedos.

Organizavam equipas de botão e de caricas, construíam carros de esferas e trotinetas, improvisavam bolas. Faziam álbuns para guardar os selos. Compravam construções de cartolina ou plástico para montar, algumas altamente complexas: palácios, fortalezas, aviões, navios, com centenas de peças que se tinham de recortar e colar com Cola Cisne (no caso da cartolina) ou com cola tudo (no caso das construções de plástico). E havia outros brinquedos como o Lego, constituído por peças de encaixar (como se fossem tijolos) com as quais se fazia todo o tipo de construções ao sabor da imaginação.
Estas crianças que construíam os seus próprios brinquedos ainda estavam próximas do homo faber, do homem fabricante dos utensílios necessários para sobreviver.
Mas em duas gerações tudo mudou. As crianças deixaram progressivamente de construir brinquedos e tornaram-se furiosas consumidoras. Não constroem nada, mas têm os quartos cheios de brinquedos comprados nas lojas. E nos tempos livres consomem televisão e DVD ou jogam no computador, enquanto comem bolachas, pipocas ou batatas fritas e bebem Coca-Cola.
O problema agrava-se pelo facto de, a esse vazio produtivo, se somar uma demissão de pensar. Na sua fúria consumidora, os homens desabituaram-se de pensar. Perderam a disponibilidade para pensar. Não têm tempo para pensar. Têm medo de pensar. Têm preguiça de pensar. Quando arranjam um bocadinho livre sentem-se mal, agarram-se ao telemóvel a marcar números, a falar, a receber mensagens.
A expressão "opinion makers" é um produto desta sociedade onde as pessoas só consomem e não pensam. Até porque, se lhes sucede – num momento raro – pensarem um bocadinho e chegarem a uma conclusão diferente da que é partilhada pela maioria, assustam-se e acham que se enganaram. Sentem-se, pois, mais seguras a consumir as opiniões alheias, as opiniões das pessoas pagas para pensar. As tais opiniões dos opinion makers ou opinion leaders.
(...) Dizer-se que as pessoas hoje têm mais informação é uma ilusão: consomem, de facto, mais informação, funcionam como esponjas, mas depois não usam essa informação porque não produzem quase nada.
(...) Máquinas cada vez mais velozes e sofisticadas multiplicam por milhões produtos pensados por uma pequeníssima minoria de criadores.
E essa legião de consumidores assemelha-se progressivamente a uma legião de escravos – escravos de todos os tipos de consumo, inclusivamente das opiniões de outros.
Durante séculos a Humanidade evoluiu porque os seres humanos eram obrigados a produzir e a pensar. Hoje vive-se a situação contrária: como os homens estão a desabituar-se de pensar, a Humanidade encontra-se num processo de estupidificação.

Fonte :Jornal "Sol"
Autor:José António Saraiva