domingo, 29 de abril de 2012

Arruda diz que ajudou líderes do DEM a captar dinheiro

Segundo o ex-governador, dinheiro da quadrilha que atuava em Brasília alimentou campanhas de ex-colegas como José Agripino Maia e Demóstenes Torres

José Roberto Arruda: "Joguei o jogo da política brasileira" José Roberto Arruda: "Joguei o jogo da política brasileira" (Agência Brasil)

José Roberto Arruda foi expulso do DEM, perdeu o mandato de governador e passou dois meses encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de realizada a Operação Caixa de Pandora, que descobriu uma esquema de arrecadação e distribuição de propina na capital do país. Filmado recebendo 50 mil reais de Durval Barbosa, o operador que gravou os vídeos de corrupção, Arruda admite que errou gravemente, mas pondera que nada fez de diferente da maioria dos políticos brasileiros: “Dancei a música que tocava no baile”.

Em entrevista a VEJA, o ex-governador parte para o contra-ataque contra ex-colegas de partido. Acusa-os de receber recursos da quadrilha que atuava no DF. E sugere que o dinheiro era ilegal. Entre os beneficiários estariam o atual presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), e o líder da legenda no Senado, Demóstenes Torres (GO). A seguir, os principais trechos da entrevista: 

O senhor é corrupto?
Infelizmente, joguei o jogo da política brasileira. As empresas e os lobistas ajudam nas campanhas para terem retorno, por meio de facilidades na obtenção de contratos com o governo ou outros negócios vantajosos. Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso. É preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de TV. E as campanhas se reduziram a isso.

O senhor ajudou políticos do seu ex-partido, o DEM?
Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo.

Como o senhor ajudou o partido?
Eu era o único governador do DEM. Recebia pedidos de todos os estados. Todos os pedidos eu procurei atender. E atendi dos pequenos favores aos financiamentos de campanha. Ajudei todos.

O que senhor quer dizer com “pequenos favores”?
Nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários.

E o financiamento?
Deixo claro: todas as ajudas foram para o partido, com financiamento de campanha ou propaganda de TV. Tudo sempre feito com o aval do deputado Rodrigo Maia (então presidente do DEM).
De que modo o senhor conseguia o dinheiro?
Como governador, tinha um excelente relacionamento com os grandes empresários. Usei essa influência para ajudar meu partido, nunca em proveito próprio. Pedia ajuda a esses empresários: “Dizia: ‘Olha, você sabe que eu nunca pedi propina, mas preciso de tal favor para o partido’”. Eles sempre ajudaram. Fiz o que todas as lideranças políticas fazem. Era minha obrigação como único governador eleito do DEM.

Esse dinheiro era declarado?
Isso somente o presidente do partido pode responder. Se era oficialmente ou não, é um problema do DEM. Eu não entrava em minúcias. Não acompanhava os detalhes, não pegava em dinheiro. Encaminhava à liderança que havia feito o pedido.

Quais líderes do partido foram hipócritas no seu caso?
A maioria. Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda! Em 2008, o senador Agripino veio à minha casa pedir 150 mil reais para a campanha da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV). Eu ajudei, e até a Micarla veio aqui me agradecer depois de eleita. O senador Demóstenes me procurou certa vez, pedindo que eu contratasse no governo uma empresa de cobrança de contas atrasadas. O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília.

O senhor ajudou mais algum deputado?
O próprio Rodrigo Maia, claro. Consegui recursos para a candidata à prefeita dele e do Cesar Maia no Rio, em 2008. Também obtive doações para a candidatura de ACM Neto à prefeitura de Salvador.

Mais algum?
Foram muitos, não me lembro de cabeça. Os que eu não ajudei, o Kassab (prefeito de São Paulo, também do DEM) ajudou. É assim que funciona. Esse é o problema da lógica financeira das campanhas, que afeta todos os políticos, sejam honestos ou não.

Por exemplo?
Ajudei dois dos políticos mais decentes que conheço. No final de 2009, fui convidado para um jantar na casa do senador Marco Maciel. Estávamos eu, o ex-ministro da Fazenda Gustavo Krause e o Kassab. Krause explicou que, para fazer a pré-campanha de Marco Maciel, era preciso 150 mil reais por mês. Eu e Kassab, portanto, nos comprometemos a conseguir, cada um, 75 mil reais por mês. Alguém duvida da honestidade do Marco Maciel? Claro que não. Mas ele precisa se eleger. O senador Cristovam Buarque, do PDT, que eu conheço há décadas, um dos homens mais honestos do Brasil, saiu de sua campanha presidencial, em 2006, com dívidas enormes. Ele pediu e eu ajudei.

Então o senhor também ajudou políticos de outros partidos?
Claro. Por amizade e laços antigos, como no caso do PSDB, partido no qual fui líder do Congresso no governo FHC, e por conveniências regionais, como no caso do PT de Goiás, que me apoiava no entorno de Brasília. No caso do PSDB, a ajuda também foi nacional. Ajudei o PSDB sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu. E também por meio de Eduardo Jorge, com quem tenho boas relações. Fazia de coração, com a melhor das intenções.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/arruda-diz-que-ajudou-lideres-do-dem-a-captar-dinheiro

O triunfo da verdade põe #VejaGOLPISTA no TT



Neste sábado, a revista da Abril fez uma leitura particular do inquérito sobre a Operação Monte Carlo e seu julgou inocentada; nas redes sociais, a interpretação foi totalmente distinta; Roberto Civita tem um sério problema de credibilidade; fãs da revista reagem com #VejaNelles; batalha animada
Brasil 247
Desde a noite desta sexta-feira, quando o Brasil 247 publicou com exclusividade o inquérito relacionado à Operação Monte Carlo, internautas do Brasil inteiro começaram a garimpar informações ainda não divulgadas pela imprensa. Muitos se focaram nas relações entre o bicheiro Carlos Cachoeira e a revista Veja – cuja parceria editorial, com benefícios empresariais e políticos, fica evidenciada em vários trechos.
Neste sábado, Veja fez uma leitura bem particular do relatório. Por meio do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), noticiou que o documento esvazia a possibilidade de uma “CPI da mídia”. E, através do blogueiro Reinaldo Azevedo, que escreveu o texto “O Triunfo da Verdade”, defendeu a tese de que ratos, obscurantistas e inimigos da liberdade estariam combatendo o bom jornalismo investigativo praticado pela revista.
Pois, neste sábado, a hashtag #VejaGOLPISTA alcançou o topo dos assuntos mais comentados no Twitter global. Internautas do Brasil inteiro se mobilizaram para protestar contra os métodos utilizados pelo carro-chefe da Abril, empresa de Roberto Civita. Mais tarde, fãs da publicação reagiram com a hashtag #VejaNelles, que também entrou nos TTs. Porta-voz da publicação, Reinaldo Azevedo publicou novo texto acusando José Dirceu de comandar um movimento organizado na internet contra a imprensa livre.
A batalha envolveu milhares de tuiteiros, mas o fato é que Veja se vê hoje diante de um problema sério de imagem. Ninguém é contra que Veja ou qualquer outro veículo de comunicação fiscalize o poder e faça jornalismo. O problema ocorre quando o jornalismo é colocado a serviço dos interesses de um contraventor.”

Leia, abaixo, o texto “A última diatribe de Reinaldo”:

Inquérito vazado pelo 247 já revelou Cachoeira editando a Veja, a produção do escândalo Naoum, a ação contra um diretor do Dnit e a tentativa de implodir um secretário de segurança; blogueiro da Abril, no entanto, enxerga apenas a ação de obscurantistas que querem acabar com o jornalismo investigativo

247 Não deve ser fácil ser Reinaldo Azevedo nos dias de hoje. A antiga referência moral no Congresso, Demóstenes Nacional (sem partido/GO), é uma monstruosidade. Quem o levou para a Abril, Mario Sabino, caiu em desgraça. O amigo Diogo Mainardi refugia-se na Itália. E a defesa apaixonada da casa perde credibilidade a cada dia.

Num texto postado neste sábado, ele pinça um ponto do inquérito vazado pelo 247 para “provar” a independência de Veja em relação a Carlos Cachoeira. É um diálogo em que o bicheiro comentar com Demóstenes erros de um matéria publicada por Veja sobre a Delta – o principal erro seria o vínculo da construtora com José Dirceu. “Não tem essa ligação com o Zé Dirceu”, diz Cachoeira, que, na conversa com Demóstenes, sugere ações para abafar o impacto da reportagem.

O fato de Cachoeira ter ficado contrariado com uma reportagem, no contexto de uma parceria editorial que durou mais de uma década, foi a tábua de salvação à qual Reinaldo se agarrou.
Ocorre que o inquérito vazado ontem já revelou que, em vários momentos, Veja trabalhou em defesa dos interesses do bicheiro. Como quando Cachoeira se vangloriou de “colocar no r...” de Luiz Pagot. Ou quando discutiu com Demóstenes como “f... um secretário”, valendo-se dos préstimos de “Poli”, o jornalista Policarpo Júnior. Ou ainda quando planejou a reportagem de capa sobre os encontros de figuras petistas no hotel Naoum. Há até o episódio em que o bicheiro discute com Cláudio Abreu se uma nota de seu interesse deve ser publicada na coluna Radar, de Lauro Jardim, ou na revista impressa. Sim, Cachoeira era uma espécie de “editor at large” da publicação.

O fato de uma reportagem ter desagrado a este “editor” não significa que ele tenha emplacado uma série de outras – como já ficou amplamente demonstrado. E que não atendiam ao interesse público, mas sim ao interesse privado de um dos maiores contraventores que o Brasil já conheceu.
Em sua reflexão sobre ética jornalística, Eurípedes Alcântara diz que o critério de Veja na relação com fontes criminosas é baseado na avaliação de que a publicação deve sempre contribuir para reduzir o raio de ação de corruptos. Tendo Veja como aliada, Cachoeira deixou de ser um personagem menor de Goiás para dominar boa parte do País e se tornar até sócio de empreiteira.
Reinaldo, que denuncia a ação de obscurantistas contra a liberdade de expressão, tem se esforçado muito. Mas seu poder de convencimento é cada vez menor. Até porque a Inglaterra, um país livre, já demonstrou que o debate sobre métodos dos meios de comunicação é salutar. Em vez de solapar, aprofunda a democracia.

Fonte: http://brasil247.com/pt/247/midiatech/56884/O-triunfo-da-verdade-p%C3%B5e-VejaGOLPISTA-no-TT.htm

sábado, 28 de abril de 2012

Qual a diferença entre a política econômica de Lula e a de FHC?

Por:Leandro Paterniani,do blog Boteko Vermelho
A máxima popular de que “quando o filho é bonito,todo mundo quer ser o pai” cai como uma luva ao comportamento recente dos demo-tucanos. Isto porque setores do PSDB e seus aliados têm procurado tomar para si a paternidade de projetos importantes que foram implementados no governo Lula e que foram decisivos para o ciclo de crescimento econômico e geração de empregos que o país entrou a partir de 2003. Uma das falácias mais difundidas por esses grupos oposicionistas e também pela grande imprensa é que Lula capitalizou os avanços registrados em anos anteriores.
Um outro argumento muito recorrente dos demo-tucanos,e em linha com o descrito anteriormente,é de que o governo Lula só teve êxito porque seguiu a mesma política econômica do governo FHC. É interessante notar que até uma pequena parcela da esquerda brasileira,de tendência mais radical,segue este mesmo argumento dos demo-tucanos,afirmando que do ponto de vista econômico o governo Lula nada mais é do que uma continuação do governo tucano. Ora,nada mais equivocado do ponto de vista da política econômica,haja vista as diferenças extremas entre as orientações de cada um dos projetos.

O papel do Estado

Para entendermos quais seriam,pois,as diferenças entre a política econômica do governo Lula e a do governo FHC e refutarmos por completo o argumento de que uma seria a continuidade da outra,devemos começar nossa análise pela essência de cada uma. A política econômica desenvolvida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,entre 1995 e 2002,norteou-se basicamente pelo princípio da reforma do setor público e pelo Estado Mínimo. Neste sentido,o Estado tinha um papel quase inexistente na política econômica da era tucana,ficando restrito à regulação e fiscalização.
Não por menos o período em que o PSDB esteve à frente da Presidência da República foi marcado por um processo intenso de privatizações e também por práticas baseadas na idéia de que o próprio mercado se auto-regulava. Com o início do governo Lula,houve uma mudança na essência da política econômica:o Estado,que antes tinha uma participação tímida na economia,passou a ter um papel de maior destaque,não apenas regulando,mas também planejando e investindo. Ou seja,deixou-se para trás uma era em que o Estado era mínimo e passou-se a vigorar uma era em que o Estado é forte e atuante.
Assim,o Estado,ao longo do governo Lula,atuou como indutor do investimento,ampliando,para isso,as linhas de crédito tanto aos consumidores quanto à produção. Com isso,a relação crédito/PIB,em março de 2010,era de 45%,bem acima dos 23,9% registrados em dezembro de 2002,quando terminou o governo FHC. É importante lembrar que o maior volume de crédito foi um fator determinante para atenuar os efeitos da crise financeira de 2008/2009 sobre a economia brasileira.

Políticas setoriais

Com uma presença mais marcante do Estado na economia,o governo Lula foi marcado pelo desenvolvimento de políticas setoriais de grande destaque,que colaboraram decisivamente para colocar o Brasil na rota do crescimento continuado. Neste sentido,enquanto o governo FHC ficou mais focado na política macroeconômica,desenvolvendo um rígido processo de ajuste fiscal,o governo Lula deu uma atenção especial a determinados setores,especialmente aqueles ligados à infra-estrutura e à construção civil.
A política industrial desenvolvida por Lula em seu governo beneficiou setores que tradicionalmente empregam muito,como o automobilístico e a indústria de eletro-eletrônicos,bem como o varejo em geral. Neste aspecto,destacou-se notadamente a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis,eletro-eletrônicos e materiais de construção,que acabou impulsionando sobremaneira estes setores e contribuindo para a geração de milhões de empregos no país. E mais:essa política industrial desenhada pelo governo Lula foi decisiva para que o Brasil não sentisse de maneira acentuadas os efeitos da crise financeira mundial de 2008/2009.
No setor de infra-estrutura,o governo Lula,ao contrário do governo FHC,também realizou pesados investimentos,especialmente na área da indústria naval,energética e construção civil. Esse fomento às áreas de infra-estrutura,ao mesmo tempo em que solucionou boa parte dos gargalos existentes,contribuiu também para a geração de milhões de postos formais de trabalho. O grande destaque foi,sem dúvida,o setor de construção civil,beneficiado pelos incentivos fiscais e também pelas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Exposição cambial e dívida pública

Ao longo da década de 90,era consenso entre os economistas de que um dos maiores problemas do Brasil naquela época dizia respeito ao crescimento geométrico da dívida pública interna. Sabe-se que grande parte da dívida pública brasileira encontra-se na forma de títulos do Tesouro Nacional – é o que em Economia denomina-se de “dívida pública mobiliária interna”. Durante governos anteriores,grande parte dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional era atrelada à variação cambial. Esses títulos eram chamados de NTN-D e E (Notas do Tesouro Nacional – séries D e E).
Como o prêmio pago por esses títulos estava atrelado à variação cambial,em momentos de intensa desvalorização do real frente ao dólar,como ocorreu a partir de janeiro de 1999 (no segundo mandato de FHC),a dívida pública mobiliária crescia de forma considerável. Isso sem contar os efeitos dos juros,pois devemos lembrar que ao longo do governo tucano,a taxa básica de juro da economia – a Selic – estava em níveis altíssimos,o que ampliava ainda mais o valor final da dívida pública. Logo no início do governo Lula,nos anos de 2003 e 2004,uma das prioridades da equipe econômica foi justamente a redução dessa exposição cambial,tendo como meta o controle da dívida pública interna.
Para isso,o Tesouro Nacional realizou dois tipos de movimentos:operações de recompra das NTN-D e E que estavam no mercado ou então operações de swaps,pelas quais os detentores das NTNs-D e E trocavam esses títulos por outros de menor exposição,como as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro),que são títulos pós-fixados atrelados à variação da taxa Selic. Com isso,o governo Lula mudou o perfil da dívida pública interna brasileira,reduzindo a exposição cambial que o país tinha até então. Para se ter uma idéia,segundo dados do Banco Central,em dezembro de 2002,a parcela da dívida pública atrelada ao câmbio era de 33,5%,passando,em março de 2010,para 0,6%.

Inflação e política monetária

O controle inflacionário foi uma meta seguida pelo governo Lula desde seu início. Em 2002,último ano do governo FHC,a inflação medida pelo IPCA,do IBGE,havia encerrado o ano em 12,53%,enquanto o IGP-M,da Fundação Getúlio Vargas,havia registrado elevação de 25,31%. Vale destacar que o IGP-M,por aferir a inflação tanto no atacado quanto no varejo,é tradicionalmente superior aos índices de preços ao consumidor,tais como o IPCA e o IPC da Fipe. O governo FHC,logo no início do plano real,optou pelo caminho da política cambial como forma de conter a inflação no período.
Assim,até janeiro de 1999 o governo FHC utilizava o regime de câmbio fixo,de forma que a âncora cambial funcionava também para “segurar” os preços da economia brasileira. Contudo,após a maxidesvalorização cambial daquele ano,o dólar entrou em uma trajetória crescente frente ao real,o que acabou contaminando diretamente o nível de preços da economia brasileira e provocando uma forte onda inflacionária. Para conter a inflação,a equipe econômica de FHC usou,tardiamente,a solução que deveria ter usado logo no início,em 1995:a política monetária. Iniciou-se,assim,um ciclo de aperto monetário,com vistas a derrubar a inflação.
Quando Lula assumiu,a equipe econômica constatou de que era preciso inicialmente manter a política de arrocho monetário,de forma a controlar a inflação e leva-la a níveis inferiores àqueles da ocasião. Em dezembro de 2002,a Selic estava em 25% ao ano. O primeiro semestre do governo Lula foi marcado por uma série de elevações da taxa básica de juro,que chegou a 26,5% ao ano em maio de 2003,como forma de segurar o avanço da inflação. A partir de então,com a inflação já sob controle,o Copom (Comitê de Política Monetária) iniciou uma série de reduções da taxa Selic,que encerrou o ano de 2009 a 8,75% ao ano. Ou seja,o governo Lula combinou redução do juro com inflação sob controle (o IPCA encerrou 2009 com alta de 4,31%).

Melhor percepção de risco

É importante avaliar que,como conseqüência direta das diferentes diretrizes adotadas pela política econômica do governo Lula em relação àquelas tomadas no governo FHC,houve uma melhora generalizada dos fundamentos da economia brasileira. Enquanto o governo de FHC foi marcado por um crescimento baixo,elevado nível de desemprego,aceleração inflacionária a partir de 1999,juros elevados e alta exposição cambial,o governo Lula,alterando os rumos da política econômica,conseguiu níveis expressivos de crescimento econômico,geração recorde de empregos,redução dos juros,recuo da inflação e diminuição da exposição cambial do Brasil.
Com isso,a percepção de risco dos investidores internacionais em relação ao Brasil melhorou bastante ao longo do governo Lula. Tanto que houve uma maior procura por títulos da dívida externa brasileira,o que acabou aumentando o seu preço e reduzindo,portanto,o prêmio pago por eles. Acompanhando essa redução dos juros pagos pelos títulos da dívida externa brasileira,houve um recuo do risco país,que mede o spread entre os títulos brasileiros e os Treasuries,que são títulos do Tesouro norte-americano,considerados de baixíssimo risco.
Dessa maneira,enquanto em 2002,no governo FHC,o risco país chegou a 2.400 pontos base,com a melhora dos fundamentos econômicos promovida pelo governo Lula,o indicador está atualmente em torno dos 240 pontos base. Ou seja,o risco país é hoje 10% do que era há oito anos! Percebe-se,portanto,que o argumento difundido pela oposição e por grande parte da imprensa,de que a política econômica do governo Lula é uma continuidade daquela desenvolvida no período FHC,não passa de uma grande falácia. O governo Lula,além de mudar as orientações da política econômica,ampliando o papel do Estado e fortalecendo setores importantes,levou o Brasil a resultados muito mais satisfatórios do que os alcançados no período do tucanato.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Globo, Abril e Folha se unem contra CPI da mídia

Globo, Abril e Folha se unem contra CPI da mídia Foto: Folhapress_Divulgação

Principais grupos de comunicação fecham pacto de não agressão e transmitem ao Planalto a mensagem de que pretendem retaliar o governo se houver qualquer convocação de jornalistas ou de empresários do setor; porta-voz do grupo na comissão é o deputado Miro Teixeira; na Inglaterra, um país livre, o magnata Rupert Murdoch depôs ontem

26 de Abril de 2012 às 11:52

247 –
Há exatamente uma semana, o 247 revelou com exclusividade que o executivo Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília com uma missão: impedir a convocação do chefe Roberto Civita pela CPI sobre as atividades de Carlos Cachoeira. Jeitoso e muito querido em Brasília, Barbosa foi bem-sucedido, até agora. Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, não constam o nome de Civita nem do jornalista Policarpo Júnior, ponto de ligação entre a revista Veja e o contraventor Carlos Cachoeira. O silêncio do PT em relação ao tema também impressiona.
Surgem, aos poucos, novas informações sobre o engavetamento da chamada “CPI da Veja” ou “CPI da mídia”. João Roberto Marinho, da Globo, fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de comunicação. Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, também aderiu ao pacto de não agressão. E este grupo já tem até um representante na CPI. Trata-se do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
Na edição de hoje da Folha, há até uma nota emblemática na coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães. Chama-se “Vacina” e diz o que segue abaixo:
“O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) vai argumentar na CPI, com base no artigo 207 do Código de Processo Penal, que é vedado o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo, como jornalistas. O PT tenta levar parte da mídia para o foco da investigação”.
O argumento de Miro Teixeira é o de que jornalistas não poderão ser forçados a quebrar o sigilo da fonte, uma garantia constitucional. Ocorre que este sigilo já foi quebrado pelas investigações da Polícia Federal, que revelaram mais de 200 ligações entre Policarpo Júnior e Carlos Cachoeira. Além disso, vários países discutem se o sigilo da fonte pode ser usado como biombo para a proteção de crimes, como a realização de grampos ilegais.

Inglaterra, um país livre


Pessoas que acompanham o caso de perto estão convencidas de que Civita e Policarpo só serão convocados se algum veículo da mídia tradicional decidir publicar detalhes do relacionamento entre Veja e Cachoeira. Avalia-se, nos grandes veículos, que a chamada blogosfera ainda não tem força suficiente para mover a opinião pública e pressionar os parlamentares. Talvez seja verdade, mas, dias atrás, a hashtag #vejabandida se tornou o assunto mais comentado do Twitter no mundo.
Um indício do pacto de não agressão diz respeito à forma como veículos tradicionais de comunicação noticiaram nesta manhã o depoimento de Rupert Murdoch, no parlamento inglês. Sim, Murdoch foi forçado a depor numa CPI na Inglaterra – não na Venezuela – para se explicar sobre a prática de grampos ilegais publicados pelo jornal News of the World. Nenhum jornalista, nem mesmo funcionário de Murdoch, levantou argumentos de um possível cerceamento à liberdade de expressão. Afinal, como todos sabem, a Inglaterra é um país livre.
O Brasil se vê hoje diante de uma encruzilhada: ou opta pela liberdade ou se submete ao coronelismo midiático.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/56341/Globo-Abril-e-Folha-se-unem-contra-CPI-da-m%C3%ADdia.htm

Globo sempre esteve na contramão do Brasil, ao longo da história. Cotas, ProUni, Getúlio, Lula


Se a política de cotas nas universidades brasileiras e o ProUni estão levando milhares de jovens brsileiros às universidades, qual a posição da Globo? Confira editorial de ontem publicado no O Globo. Contra, é claro.

É uma tradição da Globo, que eles fazem questão de manter: tudo o que for popular, que leve a uma melhoria na condição de vida especialmente do mais pobre, O Globo é contra.

Rapidamente, só o que me vem à cabeça (quem se lembrar de mais, acrescente, à vontade, porque há muito):

  • Governo Getúlio Vargas - O governo do salário-mínimo, da legislação trabalhista. Povo a favor, Globo contra. Tanto que, após suicídio de Getúlio, carros de O Globo foram atacados.
  • Golpe de 1964 - Golpe foi contra reformas que beneficiariam o povo. Globo a favor do golpe.
  • Diretas Já - Povo nas ruas queria escolher pelo voto o presidente. Globo contra. Chegou a mostrar multidão na Praça da Sé exigindo Diretas Já, como se fosse apenas uma manifestação pelo aniversário de São Paulo.
  • Leonel Brizola - Povo a favor, Globo contra. Chegou a armar o caso Proconsult para tentgar impedir a vitória do governador que vinha do exílio. Durante toda a vida de Brizola fez oposição sem tréguas a ele, e foi a causa principal de Brizola não ter conseguido ser presidente do Brasil.
  • CIEPs - O maior programa de educação popular jamais desenvolvido no Brasil. Povo a favor, Globo contra.
  • Governo do presidente Lula - Assim como o governo do presidente Vargas, o povo a favor, uma aprovação de quase 90%, mas O Globo contra.
  • Bolsa Família - Povo a favor, Globo contra.
  • Governo Dilma - o mesmo dos governos Vargas e Lula. Povo a favor, Globo contra.
  • Queda dos juros bancários - Povo a favor, Globo contra.
A Globo sempre foi a favor da remoção das favelas no Rio. Seu atual ideólogo, Ali Kamel, chegou a escrever sobre isso.

Como remover a Rocinha, por exemplo, é impossível, a Globo se rendeu (e por receber verbas milionárias do governo Cabral) ao programa das UPPs. Favelas ocupadas pela polícia (a solução do problema dos pobres é sempre a polícia para eles), com serviços legalizados, o que inclui pagamento de mensalidades da NET e Sky, de que a Globo é sócia, e vários "eventos sociais" (orquestra na favela, show na favela etc), em que a Globo fatura com sua empresa de eventos.

Sem contar que todo o projeto de UPPs é desenhado para a segurança da Copa 2014 e das Olimpíadas de 2016. Depois disso, podem apostar, a Globo volta a defender remoção e "porrada neles".

Porque as Organizações Globo estão onde sempre estiveram, na contramão do Brasil e do povo brasileiro

Sem critério, Gurgel pode ser desmoralizado na CPI

Via Brasil 247

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, corre o sério risco de se transformar num dos alvos da CPI que investiga o caso Carlos Cachoeira. Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, um dos primeiros a ser votados será o do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que pede justamente a convocação de Gurgel. Isso porque, durante dois anos, a PGR engavetou o pedido de investigação feito pela Polícia Federal contra o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO), sem explicação plausível.
O que também continua sem explicação clara é a postura de Gurgel diante dos fatos novos que vêm sendo apresentados a cada dia. Desde o início da crise, ficou clara a influência do esquema Delta-Cachoeira no governo de Goiás, de Marconi Perillo. Carlos Cachoeira foi recebido pelo governador, por secretários e teve influência direta na nomeação de delegados e pessoas até do primeiro escalão do governo goiano. A Delta saiu do zero para um faturamento de mais de R$ 450 milhões em Goiás na era Marconi. E a bomba do dia diz respeito a um suposto pagamento de propina no Palácio das Esmeraldas, cujo destinatário seria o governador Marconi Perillo – que nega (leia mais aqui).
Apesar de tudo isso, Gurgel disse que ainda não vê elementos para investigar Perillo. De acordo com a PGR, não há “indícios suficientes”. O que é curioso quando o próprio governador admite que houve certa influência de Cachoeira em Goiás – e o próprio PSDB deve convocar seu governador.
Dois pesos, duas medidas
De maneira completamente distinta, Gurgel anunciou que irá investigar o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz. O que os grampos da Polícia Federal revelam é que, desde o início do seu governo, arapongas e agentes da Delta tentavam se infiltrar no Distrito Federal, para replicar na capital federal e no seu entorno o reinado que haviam conquistado em Goiás. Gurgel, sem pensar duas vezes, anunciou a investigação.
Ao mesmo tempo, até hoje a Procuradoria Geral da República não conseguiu se livrar de outro fato constrangedor no Distrito Federal. Mais de dois anos depois da queda do ex-governador José Roberto Arruda, que foi preso e perdeu seu mandato, os procuradores ainda não conseguiram denunciá-lo. É uma situação esdrúxula, de uma condenação que já aconteceu na prática, sem a existência de um processo.
Gurgel também está na mira do PT pela denúncia final que apresentou no caso do mensalão. Uma peça que teria, segundo os petistas, caráter mais político do que técnico.

Lula nomeia o procurador geral da República

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (22/07/09) ao dar posse ao novo procurador geral da República Roberto Gurgel, que nunca fez um pedido pessoal ao Ministério Público e jamais colocará um “alfinete” para atrapalhar qualquer investigação. O presidente alertou que é preciso preservar a instituição para que não ocorra o “castramento” da liberdade do Ministério Público.

Lula defendeu a atuação independente da instituição e ainda afirmou que prefere dividir, com a categoria, o peso da escolha do chefe da Procuradoria Geral da República a indicar um amigo.
 ”Jamais farei um pedido pessoal ou colocarei um alfinete para atrapalhar uma investigação. O Ministério Público tem o direito de agir com a máxima seriedade. Agora, tem que pensar não apenas na biografia de quem está investigando, mas na de quem também está sendo investigado. Porque não temos o direito de cometer erros no Brasil porque, dependendo da carga de manchete da imprensa, a pessoa já esta condenada. Por isso o Ministério Público precisa trabalhar com a maior lisura”, afirmou.
Lula garantiu que os integrantes do Ministério Publico precisam agir com discrição para preservar a liberdade de investigação. “Não joguem fora essa liberdade porque um dia vai aparecer alguém que vai achar que vocês são demais e vai propor mudanças no Congresso Nacional. Sabemos que a mudança nunca será por mais liberdade e sim por mais castramento”, disse.

O presidente afirmou que é preciso aguardar o julgamento final para preservar o Ministério Público. “A única coisa que dará tranqüilidade aos membros da PGR, o único fator de pressão e balizador da consciência são as garantias constitucionais porque, ao contrário disso, estaremos absolvendo os culpados e culpando os inocentes. Qualquer ser humano não pode fazer de sua vida profissional um show de pirotecnia. Não podem existir shows de pirotecnia, não pode haver culpados antes de o processo final ter sido julgado, apurado”, afirmou.

Lula disse que a escolha de Gurgel não foi pautada por amizade ou ligações políticas. Segundo o presidente, ele seguiu a indicação da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) para impedir que o mandato do novo procurador comece sob suspeita.

“Não faltam pessoas no Brasil que dizem ao presidente que o senhor não precisa indicar o primeiro da lista tríplice. O senhor é o dono da indicação. Faça o seu jogo presidente, coloque uma pessoa que seja de sua extrema confiança. O presidente pode indicar qualquer pessoa e por que eu indico o primeiro da lista sem conhecer? Primeiro por garantia minha. Se alguém amanhã disser que procurador-geral não é bom, a culpa é da categoria. No fundo á uma garantia institucional para mostrar que o Ministério Público não foi criado para atender a ninguém. Se fosse um amigo meu já começaria sob suspeita e não quero que nenhuma instituição trabalhe sob suspeita”, garantiu o presidente brasileiro.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

DEM corresponsabiliza negros pela escravidão


LAURA CAPRIGLIONE
LUCAS FERRAZ


Para uma discussão que sempre convoca emoções e discursos inflamados, como é a das cotas raciais ou reserva de vagas nas universidades públicas para negros, a audiência pública que se iniciou ontem (3) no Supremo Tribunal Federal transcorreu em calma na maior parte do tempo. Até que um óóóóóóó atravessou a sala. Quem falava, então, era o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que se esforçava para demonstrar a corresponsabilidade de negros no sistema escravista vigente no Brasil durante quatro séculos.

Disse Demóstenes sobre o tráfico negreiro: "Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana."
Sobre a miscigenação: "Nós temos uma história tão bonita de miscigenação... [Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual."

As referências à história "tão bonita" da miscigenação brasileira, ao negro traficante de mão de obra negra, o democrata usou para argumentar contra as cotas raciais, já adotadas em 68 instituições de ensino superior em todo o país, estaduais e federais. Desde 2003, cerca de 52 mil alunos já se formaram tendo ingressado na faculdade como cotistas.

O partido de Demóstenes considera que as cotas raciais são inconstitucionais porque, ao reservar vagas para negros e afrodescendentes, contrariariam o princípio da igualdade dos candidatos no vestibular.
Na condição de relator de dois processos sobre o tema (também há um recurso extraordinário interposto por um candidato que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, decidiu convocar a audiência pública, que se estenderá até sexta-feira, com intervenções pró e anticotas.

A audiência pública é uma forma de as partes interessadas levarem seus pontos de vista ao STF. Segundo Lewandowski, o assunto será votado ainda neste ano. Se considerar que as cotas ferem preceito fundamental, acaba essa modalidade de ingresso no sistema universitário. Se considerar que são ok, a decisão sobre adotar ou não uma política de cotas continuará a ser dos conselhos universitários.

No primeiro dia, falou uma maioria de favoráveis às cotas, em um placar de 10 a 3. Falaram representantes de ministérios e de universidades favoráveis às cotas, e os advogados do DEM e do estudante gaúcho, além de Demóstenes.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Dez Conselhos para os Militantes de Esquerda - por Frei Betto

1. Mantenha viva a indignação.

Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada. Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.

2. A cabeça pensa onde os pés pisam.

Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegrasse e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.

3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.

O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana. O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.

4. Seja crítico sem perder a autocrítica.

Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornasse amargos e acusam os seus companheiros (as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema. Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos (as) companheiros(as).

5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".

"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais. O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.

6. Seja rigoroso na ética da militância.

A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo – a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita. Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal. O verdadeiro militante – como Jesus, Gandhi, Che Guevara – é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.

7. Alimente-se na tradição da esquerda.

É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, "voltar às fontes"
para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto) biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.

8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.

Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles por uma questão de justiça. Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.

9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.

São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada. Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria. A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.

10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.

Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta. Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente.

Aécio, Bresser e a privataria tucana


A Folha de hoje traz dois artigos que tratam das privatizações. Aécio Neves, o provável presidenciável tucano em 2014, defende de forma apaixonada a venda das estatais no reinado de FHC. Já o economista Bresser Pereira, que recentemente se desfiliou do PSDB, elogia a atitude corajosa da presidenta Cristina Kirchner de reestatizar a empresa de petróleo da Argentina, a YPF.

Enquanto o primeiro revela toda a sua mentalidade colonizada, o segundo demonstra preocupação com a questão da soberania nacional. Para o senador mineiro, a entrega do patrimônio público inseriu o Brasil no paraíso da globalização neoliberal. “Há 250 milhões de celulares em uso no país”, festeja, bajulando FHC pela “coragem de desencadear o processo de privatização da telefonia”.
Tentativa de castrar o debate
Ele nada fala sobre os péssimos serviços prestados pelas teles, a maioria multinacionais, hoje recordistas de queixas no Procon. Ele também não critica estas empresas, que reduziram os investimentos no país e aumentaram as remessas de lucros para salvar suas matrizes na falida Europa. O artigo serve apenas para elogiar “a coragem” do PSDB e para demonizar os críticos da privatização.
Maroto, o mineiro conclui o seu artigo afirmando que “as restrições ideológicas à privatização são, hoje, página virada na história do país. Vide, por exemplo, as concessões iniciadas, ainda que tardiamente, para a administração dos aeroportos. Incoerências à parte, resultados como esse deveriam inspirar quem tem responsabilidade de governar”. Pura conversa mole!
O debate sobre o tema não está encerrado. Além de analisar os prejuízos causados pela entrega de estatais em áreas estratégicas, é preciso apurar a roubalheira que contaminou todo o processo. O livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro, dá importantes pistas sobre a lavagem do dinheiro da corrupção. Aécio Neves teme que este debate seja retomado no Brasil.
“A Argentina tem razão”
Na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner teve a coragem de reabrir a ferida. Diante da rapinagem da Repsol, que não perfurou um poço de petróleo nos últimos anos e aumentou a remessa de lucros para a Espanha, o governo do país vizinho reestatizou este setor estratégico. Bresser Pereira, no extremo oposto ao de Aécio Neves, não tem dúvida de que “a Argentina tem razão”.
Apesar da gritaria do governo espanhol, dos rentistas e de “alguns jornalistas”, o ex-tucano é taxativo. “Não faz sentido deixar sob controle de empresa estrangeira um setor estratégico para o desenvolvimento do país como é o petróleo, especialmente quando essa empresa, em vez de reinvestir seus lucros e aumentar a produção, os remetia para a matriz espanhola”.
Por Altamiro Borges
Reflexologia

A reflexologia baseia-se no princípio de que todos os órgãos, glândulas e partes do corpo tem pontos reflexos nas mãos e pés e quando trabalhamos estes pontos das mãos e pés é possível reduzir a tensão nos pontos reflexos, aliviando a tensão em qualquer parte do corpo e conseqüentemente trazendo um bem-estar.

Na verdade ninguém sabe exatamente com a reflexologia funciona, mas há várias teorias que tentam explicá-la, entre elas há uma que diz que a energia do organismo flui por canais (tais como no shiatsu) que tem terminações nas mãos e pés, ligando-os aos órgãos do corpo.

Enquanto o fluxo de energia está fluindo sem impedimentos, a saúde do paciente está equilibrada. Mas quando há bloqueio neste fluxo causado por tensão ou congestão dos canais, as doenças afloram.

Portanto o tratamento é feito através dos reflexos causados nos órgãos, glândulas e partes do organismo quando manipulamos os pontos específicos dos pés e mãos, para isto há um "mapa" dos pés e mãos que serve como guia a pessoa que está aplicando a técnica.

Os terapeutas preferem trabalhar a reflexologia dos pés porque manipula áreas menos expostas que as mãos. As regiões correspondentes a cada órgão são massageadas com pressão do polegar. Distúrbios orgânicos podem ser detectados pelas alterações de tecido (músculos e tendões), além de diminutas concentrações que são percebidas pelo tato como se fossem grãos de areia ou cristais. Por ser indireto, é um sistema que, entre outras características, permite atingir regiões do corpo de acesso mais difícil.

O efeito mais imediato da reflexologia é o relaxamento, às vezes tão profundo que a pessoa dorme no meio da sessão. É benéfico porque, como se sabe, a origem de muitos males modernos é o stress.
Não exagere!  Como a massagem nos pés pode afetar funções fisiológicas, o excesso de estimulação, por exemplo, pode provocar diarréia.

A reflexologia também pode ser utilizada em auto-massagem.

Para experimentar há um exercício muito agradável. De preferência sentado, role uma bola de tênis no chão, sob a sola do pé, procurando massagear todas as áreas, incluindo os dedos. Vai sentir que alguns locais são mais dolorosos que outros. Não faça mais do que quinze minutos em cada pé para não provocar, sem querer, excesso de estimulação de conseqüências imprevisíveis. Em seguida, levante-se e procure sentir seus pés e como todo seu corpo está relaxado. (Voltar)

APOSENTADORIAS VERGONHOSAS
                                                                                   Kátia Campos

Vamos conhecer um punhado de aposentados que mereciam ir para a cadeia. Não há dinheiro suficiente na Previdência para conceder aposentadorias dignas a muitos trabalhadores que gastaram suas vidas na luta do dia a dia. Muitos sustentam netos e filhos com seus parcos rendimentos, principalmente no meio rural. Enquanto isso, não há sentimento de honra ou pudor que impeça certos políticos de avançar no dinheiro público destinado à Previdência. É um grupinho podre de ex-governadores aposentados.

Este tipo de aposentadoria foi considerado ilegal pelo Supremo, que, em 2007, julgou ação de inconstitucionalidade apresentada pela OAB, dando ganho de causa à instituição. É que a Constituição de 88 eliminou o benefício até para ex-presidentes da República. Pelo menos dez estados ignoraram a decisão do Tribunal e continuaram pagando as super-aposentadorias – cujo valor varia dos R$ 24 mil aos R$ 12 mil, dependendo da unidade da federação – baseados em suas próprias leis. A OAB promete voltar a contestar as super-aposentadorias.

ÁLVARO DIAS – GANÂNCIA DEMAIS E VERGONHA DE MENOS
O senador Álvaro Dias, por exemplo, – o mais veemente e contundente crítico dos gastos públicos durante os oito anos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – quer receber do Estado do Paraná, no Sul do Brasil, valores retroativos de aposentadoria por ter sido governador de 1987 a 1991. Se conseguir o que solicitou, Álvaro Dias vai acrescentar cerca de R$ 1,6 milhão (13 salários anuais) ao seu patrimônio de R$ 1,9 milhão, conforme declarado à Justiça Eleitoral em 2006.
Álvaro Dias já é aposentado como ex-governador do Paraná, e desde outubro do ano passado já recebe a bagatela de R$ 24,8 mil todo mês. Além desse valor, ele recebe mais R$ 26,7 mil todo mês, por ser senador da República. Rendimento mensal: R$51.500,00 (Cinquenta e Hum Mil e Quinhentos Reais), enquanto um brasileiro comum, que trabalha sob sol escaldante e chuva torrencial, recebe R$ 510,00 (Quinhentos e Dez Reais). Álvaro Dias recebe sozinho o salário de 103 trabalhadores que recebem salário mínimo.
De acordo com o governo do Paraná, a solicitação de valores retroativos relativos aos últimos cinco anos, feita pelo senador, deve ser analisada pela Procuradoria-Geral do Estado. Quando o escândalo veio a público, o senador Álvaro Dias se justificou, dizendo que o dinheiro era para fazer caridade. Ora, essa! Caridade com o dinheiro da Previdência? Porque não usa o dinheiro dele? E quem engole uma desculpa dessas?

No Estado do Paraná, além de Álvaro Dias e de Roberto Requião, também são beneficiados com a aposentadoria os ex-governadores Paulo Pimentel, João Mansur, Emílio Gomes, Jayme Canet, João Elísio Ferraz de Campos, Mário Pereira e Jaime Lerner. Outras quatro viúvas também recebem pensão, entre elas a mãe do atual governador, Beto Richa, viúva de José Richa, que governou o Paraná de 1982 a 1986. É uma festa, um trem da alegria para ninguém botar defeito.

MINAS GERAIS, TAMBÉM, UAI
Em Minas Gerais, no Sudeste do Brasil, além do direito a um benefício mensal vitalício, dois ex-governadores biônicos da ditadura militar engrossam seus vencimentos participando de conselhos de administração de empresas estaduais.
Eles são Francelino Pereira e Rondon Pacheco, que integram, respectivamente, os conselhos da Companhia Energética do Estado (Cemig) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
A função de conselheiro não exige comparecimento regular às empresas. Além da aposentadoria como ex-governadores de Minas Gerais, Francelino Pereira recebe da Cemig R$ 4.300,00, enquanto Rondon Pacheco R$ recebe do BDMG R$4.500,00. Em Minas Gerais, a aposentadoria – ou pensão, no caso de viúvas e filhos – vitalícia não é paga automaticamente e deve ser requerida após o término do mandato.

VOTOU NO EDUARDO AZEREDO? ENTÃO, VEJA AÍ…
Dos sete ex-governadores mineiros vivos, três – Itamar Franco, Aécio Neves e Newton Cardoso – disseram que não requereram o benefício. Menos mal. Mas o ex-governador e atual senador Eduardo Azeredo admitiu que recebe e criticou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pretende contestar as leis estaduais no Supremo Tribunal Federal.

No Estado de Mato Grosso que 15 ex-governadores ou suas viúvas recebem pensão vitalícia de R$15 mil mensais dos cofres públicos, somando uma despesa anual da ordem de R$ 2.600,00 milhões.

APOSENTADORIA VITALÍCIA POR 10 DIAS OU UM MÊS DE TRABALHO
Hoje conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso, o ex-deputado Humberto Bosaipo integra a lista de beneficiários. Tudo isso porque em 2002, como presidente da Assembléia Legislativa, Humberto Bosaipo assumiu o cargo de governador de Mato Grosso por dez dias durante uma viagem oficial do então governador Rogério Salles ao exterior.
Também na condição de presidente da Assembléia Legislativa do Mato Grosso, o então deputado Moisés Feltrin ocupou o cargo de governador do Estado por 33 dias, o suficiente para colocá-lo na folha de pagamento do Estado.
Outra integrante da lista é a ex-vice-governadora Iracy França, que assumiu o governo durante viagens do então governador Blairo Maggi em seu primeiro mandato.
A lei estadual no Mato Grosso que previa a pensão vitalícia, extinta em 2003, garantia a aposentadoria até mesmo para quem ocupasse o cargo de governador do Estado por apenas um dia, mas desde que, nesse um dia, tivesse assinado algum ato governamental. Vergonha em cima de vergonha.
Atualmente, segundo o governo do Estado do Mato Grosso, são 15 as aposentadorias pagas a ex-governadores ou pensões a suas viúvas, gerando uma despesa anual de R$ 2,6 milhões aos cofres públicos.
Entre outros beneficiários em Mato Grosso estão os deputados federais eleitos Júlio Campos e Carlos Bezerra, o senador Jayme Campos e a deputada federal Thelma de Oliveira, viúva do governador Dante de Oliveira, morto em 2006.

APOSENTADORIAS POLÍTICAS SÃO INCONSTITUCIONAIS, DIZ A OAB DE MATO GROSSO
A Ordem dos Advogados de Mato Grosso (OAB-MT) solicitou à Secretaria Estadual da Administração um relatório detalhado sobre os pagamentos. Para Cláudio Stábile, presidente da OAB-MT, além de interromper o pagamento das pensões vitalícias, o Estado precisa receber de volta o que já foi pago, uma vez que “Não existe direito adquirido contra a Constituição e essas pensões são claramente inconstitucionais”, disse. Ferem o princípio da igualdade de direitos e da moralidade pública. É roubo mesmo, na cara dura.
Único político a figurar tanto na lista de ex-governadores de Mato Grosso quanto na de Mato Grosso do Sul, Pedro Pedrossian, de 82 anos, recebe aposentadorias/pensões vitalícias nos dois Estados.
O primeiro mandato de Pedro Pedrossian como governador foi de janeiro de 1966 a março de 1971, antes da criação de Mato Grosso do Sul, em 1977. Após a divisão dos Estados, Pedro Pedrossian governou Mato Grosso do Sul por dois mandatos. Ou seja, aproveitou a oportunidade para meter a mão em dois estados, pelo mesmo mandato. Somadas, as pensões de Pedro Pedrossian superam os R$ 40 mil mensais.

Aos verdadeiros aposentados, aqueles que de fato trabalharam por merecer e recebem menos do que deveriam, por causa de ladrões e aproveitadores, fica aí o nosso abraço e o desejo que continuem na luta e risquem do mapa políticos dessa laia. Parabéns a todos.
(Fonte dos dados: Antônio Carlos Lacerda e R7 Notícias)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Com ajuda de Demóstenes, Cachoeira 'nomeou' prima no governo de Minas

Senador recorreu ao colega e ex-governador Aécio Neves para emplacar Mônica Vieira

 

 

Terça, 23 de Abril de 2012, 23h00
Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Escutas telefônicas da Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) intercedeu diretamente junto a seu colega, Aécio Neves (PSDB-MG), e arrumou emprego comissionado para uma prima do empresário do jogo de azar Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mônica Beatriz Silva Vieira, a prima do bicheiro, assumiu em 25 de maio de 2011 o cargo de Diretora Regional da Secretaria de Estado de Assistência Social em Uberaba. 


Do pedido de Cachoeira a Demóstenes, até a nomeação de Mônica, bastaram apenas 12 dias e 7 telefonemas. Aécio confirma o empenho para atender solicitação de Demóstenes, mas alega desconhecer interesse de Cachoeira na indicação.

São citados nos grampos Marcos Montes (PSD), ex-prefeito de Uberaba, e Danilo de Castro, principal articulador político de Aécio em seu Estado e secretário de Governo da gestão Antonio Anastasia (PSDB), governador de Minas. Eles negam envolvimento na trama.

A PF monitorou Cachoeira, a prima e Demóstenes no bojo da Operação Monte Carlo, que desmantelou alentado esquema da contravenção, fez ruir a aura de paladino do senador goiano e expôs métodos supostamente ilícitos da Delta Construções para atingir a supremacia em sua área de ação.
Aécio não caiu no grampo porque não é alvo da investigação. Mas ele é mencionado por Demóstenes e Cachoeira. O contraventor chama Demóstenes de ‘doutor’ e o senador lhe confere o título de ‘professor’.

O grampo que mostra a ascensão profissional da prima de Cachoeira está sob guarda do Supremo Tribunal Federal (STF), nos autos que tratam exclusivamente do conluio de Demóstenes com o bicheiro.
Em 13 de maio de 2011, Aécio é citado pela primeira vez. Cachoeira pede a Demóstenes para “não esquecer” do pedido. “É importantíssimo prá mim. Você consegue por ela lá com Aécio... em Uberaba, pô, a mãe dela morreu. É irmã da minha mãe.”

Demóstenes responde. “Tranquilo. Deixa eu só ligar pro rapaz lá. Deixa eu ligar prá ele.”
A PF avalia que o caso pode caracterizar tráfico de influência. “Seguem ligações telefônicas, divididas por investigado, em ordem cronológica, que contém indícios de possível cometimento de infração penal por parte de seus interlocutores ou pessoas referidas.”

Na síntese que faz da ligação de Cachoeira para Mônica, a 26 de maio – contato durou 3 minutos e 47 segundos –, a PF assinala. “Falam sobre a nomeação de Mônica para a SEDESE/MG, conseguida por Cachoeira junto ao senador Aécio Neves por intermédio do senador Demóstenes Torres e de Danilo de Castro.”

TV Globo defende lucro dos bancos 

 

Por Antônio Mello, em seu blog:
Enquanto o país inteiro se alegra com a redução nas taxas de juros, o Jornal Nacional toma as dores dos únicos que lamentam essa queda, bancos e seus acionistas, especialmente o Bradesco, principal anunciante do telejornal da Globo.

Na reportagem que abriu a edição de ontem, o JN buscou aterrorizar a população com uma ameaça sinistra. Segundo a reportagem, a queda dos juros vai levar o governo a mexer na caderneta de poupança, o que seria, na opinião editorializada da reportagem, a única forma de manter atrativos os rendimentos da renda fixa.

Para isso procurou opinião de dois especialistas favoráveis à tese, um economista da FGV e o indefectível ex-ministro Maílson da Nóbrega.

Para dar um ar de isenção, a reportagem coloca um depoimento da presidenta Dilma espremido entre os dois especialistas. Mas, repare as palavras de Dilma, que deveriam derrubar a tese da matéria de uma vez por todas:

Dilma: “O Brasil tem de buscar um patamar de juros similar ao praticado internacionalmente. Tecnicamente, fica muito difícil o Brasil diante do que ocorre no mundo justificar spreads tão elevados. Eu acredito que isso será um processo de amadurecimento do país, que vai nos encaminhar progressivamente para nós termos juros mais condizentes com a nossa realidade”, declarou a presidente.

Em seguida a Dilma, entra Maílson, um eterno devedor das Organizações Globo, pois só foi efetivado ministro no governo do presidente Sarney, porque Roberto Marinho aprovou, como Maílson mesmo reconhece:

Maílson: - A Globo tinha um escritório, em Brasília, no Setor Comercial Sul. Fui lá e fiquei mais de 2 horas com o doutor Roberto Marinho. Ele me perguntou sobre tudo, parecia que eu estava sendo sabatinado. Terminada a conversa, falou: "Gostei muito, estou impressionado". De volta ao Ministério, entro no gabinete e aparece a secretária: "Parabéns, o senhor é o ministro da Fazenda". Perguntei: "Como assim?" E ela: "Deu no plantão da Globo" [o Plantão do Jornal Nacional].

Voltando ao JN de ontem. Depois da sonora de Dilma, a matéria segue defendendo sua tese da inevitável mexida na poupança, para fechar com o ex-ministro de Roberto Marinho:

O ex-ministro da fazenda Maílson da Nóbrega diz que é necessário, mas muito difícil mexer na regra da poupança.

“É uma questão delicadíssima do ponto de vista político. A caderneta de poupança é a forma mais popular de economizar dinheiro no Brasil. Tem mais de 50 anos, sem problema, sem calote. É fácil de entender. Então, mudar a caderneta de poupança tem que ser de forma muito bem feita, muito bem preparado, bem esclarecido”, avalia.


Repararam? A matéria fala pelo ministro, como destaquei em negrito.

No entanto, hoje, reportagem da Folha mostra a real intenção do governo, já expressa nas palavras da presidenta, mas boicotada na matéria do JN.

Diz a Folha:

O governo Dilma vai pressionar mais uma vez os bancos privados. A expectativa é que eles reduzam as taxas de administração de seus fundos de investimentos para torná-los mais lucrativos, permanecendo mais rentáveis que a poupança.

Ou seja: o governo não cogita mexer na caderneta de poupança. Quer que os bancos diminuam suas taxas e tenham "juros mais condizentes com a nossa realidade", como disse a presidenta.

Esquece a Globo que hoje quem define a política econômica é o governo da presidenta Dilma e não Roberto Marinho.

Demóstenes, enxurrada de provas chegam nesta semana ao Conselho de Ética


O senador Demóstenes Torres cumpriu, durante anos e à perfeição, o papel de tartufo. Ou melhor, ele representou, com os cidadãos brasileiros na plateia, o hipócrita-dissimulado da consagrada comédia de Molière intitulada Le Tartuffe.
Não fosse a Operação Monte Carlo da Polícia Federal revelar, por meio de interceptações telefônicas legais, a sua participação em organização criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes continuaria no papel de farsante e a pavimentar a estrada política que o levaria ao governo do estado de Goiás.
No Conselho de Ética do Senado foi instaurado um procedimento disciplinar contra Demóstenes Torres por atuação marcada pela falta de decoro parlamentar. E o procedimento está, até terça próxima, na fase de apresentação de defesa por parte de Demóstenes, acusado, em face de representação feita pelo partido PSOL, de quebra de decoro parlamentar.
Até a torcida do Flamengo sabe ser indecoroso um senador da República manter vínculos de amizade com um notório marginal de alto coturno, caso de Carlinhos Cachoeira. Trata-se de amizade, frise-se, com um contumaz violador do Código Penal. A respeito desses laços de amizade já existe prova provada. E isso já bastaria para levar à cassação do mandato.
Mas, existe algo mais. Demóstenes, além de amizade já comprovada e regalada com o recebimento de presente nupcial caríssimo (uma cozinha de luxo completa), realizava “negócios”, dava satisfações e prestava contribuição nos ilícitos consumados ou tramados por Cachoeira. Quanto a isso, a prova está no inquérito sigiloso que tramita sob a supervisão do ministro Ricardo Lewandowski. Ainda não chegou aos autos do procedimento disciplinar da Comissão de Ética do Senado
Até a semana passada, Lewandowski resistia em deferir o encaminhamento de cópias xerográficas do inquérito policial (Operação Monte Carlo) ao supracitado Conselho de Ética do Senado.
Sobre essa resistência, cabe uma pergunta: A quem interessa essa resistência??? 
Essa resistência baseada em formalismo só interessa ao crime organizado, aos seus membros e aliados, caso de Demóstenes.
A resistência, pelo que circula, chegará ao fim nesta semana. É que o ministro Lewandowski vai deferir o envio de cópia de algumas peças da Operação Monte Carlo. Peças que se referirem ao senador Demóstenes. As demais peças só serão encaminhadas, se pedidas, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), recém-instalada.
Ora, de posse do teor dos diálogos interceptados e gravados pela Polícia Federal, haverá, nos autos do processo disciplinar sobre quebra de decoro parlamentar, uma enxurrada de provas contra Demóstenes.
As novas provas só chegarão depois de terça-feira, último dia do prazo para Demóstenes entregar a sua defesa. Assim, haverá necessidade de se abrir novo prazo para a defesa poder se manifestar.
Pelo andar da carruagem, não existe possibilidade, salvo as surpresas de votação secreta,  de Demóstenes não ser cassado por falta de decoro. Tudo isso sem prejuízo do ajuizamento de futura ação criminal por parte do Ministério Público. Fora, evidentemente, processo administrativo no Conselho Nacional do Ministério Público, pois, se cassado no Senado, Demóstenes volta ao Ministério Público do estado de Goiás: o chefe do Ministério Público estadual é o irmão de Demóstenes.
Pano rápido. Na semana passada, os telejornais mostraram Demóstenes a desfilar pelo Senado, esteve no plenário e cruzou com colegas senadores. Como se percebeu, Demóstenes  despediu-se do papel em panos de Varão de Plutarco e se mostra em panos de Tartufo.
Wálter Fanganiello Maierovitch  

Ong Moral leva denúncia contra Rede Globo ao Observatório da Imprensa

 

Uma explicação devida pela TV Globo
Por Ademar Adams, Cláudio César Fim, Roberto Vaz da Costa e Gilmar Brunetto
no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed688_uma_explicacao_devida_pela_tv_globo

O Movimento Organizado pela Moralidade Pública e Cidadania – Moral vem manifestar seu apoio à campanha da Rede Globo com denúncias sobre corrupção apresentadas no programa Fantástico.
A importância desse tipo de denúncia vem compensar a falta de atividade legislativa no país, onde em todos os níveis não existe fiscalização dos atos do executivo. Assim, as propinas azeitam as milionárias campanhas políticas e as trocas de favores por cargos são tão comuns que o povo vive desesperançado.

No estado de Mato Grosso, a grande mídia faz um silêncio pavoroso quando o assunto são as denúncias de quem ordena despesas para campanhas publicitárias que são um escândalo. Só a Assembleia legislativa em 2010 usou de 18 milhões do erário para comprar o silêncio da maioria dos veículos.
Por isso vimos pedir que a Rede Globo esclareça o povo de Mato Grosso e do Brasil por que, em dezembro de 2010, deixou de levar ao ar uma reportagem feita pelo “repórter sem rosto” Eduardo Faustini sobre os processos que envolvem o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva, acusado pelo Ministério Público de desviar, em valores atualizados, cerca de meio bilhão de reais dos cofres públicos.

O repórter da Globo, acompanhado de um militante da ONG Moral, com veículo locado pela entidade, foi a Campo Verde onde entrevistou os contadores que montaram as empresas fantasmas. No cemitério em Várzea Grande filmou o túmulo do homem que depois de morto assinou cheques da recebidos da Assembleia. O repórter conversou com promotores que promoveram as ações e reuniu-se também com um grupo de dirigentes do Moral, quando as informações foram complementadas.

Porém, na noite do domingo, quando todos sentaram à frente da televisão para assistir a reportagem do Fantástico, o que se viu foram quatro inserções de propaganda da Assembleia Legislativa e nada sobre as acusações ao deputado. A reportagem nunca foi ao ar.

O repórter Faustini passou a não atender as ligações em seus telefones, não dando nenhuma explicação para o silêncio da Rede Globo ante as graves denúncias. Enquanto os boatos nos meios jornalísticos e políticos davam conta que a negociação do silêncio envolveu a soma de 10 milhões de reais.
Não acreditando nos boatos, a direção da ONG Moral enviou uma carta ao diretor de Jornalismo da emissora no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Schröder, sem obter resposta. A falta de esclarecimento é um desrespeito inclusive aos profissionais sérios do jornalismo desta emissora que atuam em todo o país.

Como é sabido, o deputado José Riva responde a mais de cem processos, entre ações civis públicas e ações penais, que patinam nos meandros do nosso Poder Judiciário. Para se manter no comando do legislativo local por 17 anos, gasta em média 1,5 milhão de reais por mês com propaganda, emprega fantasmas e loteia favores para acomodar a maioria do seus pares calados e acovardados.

A Rede Globo de Televisão e o repórter Eduardo Faustini devem uma explicação à sociedade matogrossense. O melhor seria a apresentação a reportagem guardada, cujo assunto continua atual. Se aqui em nosso estado uma reportagem sobre corrupção, carregada de provas robustas foi engavetada, quantas mais pelo Brasil terão o mesmo destino? (Cuiabá, 30 de março de 2012)
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[Ademar Adams, Cláudio César Fim, Roberto Vaz da Costa e Gilmar Brunetto são diretores da ONG Moral]