sábado, 30 de junho de 2012


Reviravolta na aliança de Marcio Lacerda »

PT rompe com Lacerda e lança Roberto Carvalho como candidato em BH

O clima entre PT e PSB azedou após os socialistas anunciarem que não fariam coligação para a chapa de vereadores



Publicação: 30/06/2012 18:18 Atualização: 30/06/2012 20:17


O último dia para as alianças partidárias para as eleições de 2012 trouxe reviravoltas no quadro de candidatos da capital. No final da tarde deste sábado, após receber uma carta do presidente municipal do PSB, João Marcos Lobo, em que o partido oficializa a opção de concorrer com chapa própria para a eleição proporcional ao cargo de vereador, o clima mudou. Diante da posição dos socialistas os petistas optaram – por unanimidade – lançar o presidente do diretório municipal, o vice-prefeito Roberto Carvalho, como candidato da legenda.

Na carta levada ao PT durante à tarde, o PSB afirma concordar com a participação de Miguel Corrêa Júnior no cargo de vice, mas “decidiu lançar chapa própria para a eleição de vereadores”. O texto causou a reação dos petistas. Indignados e capitaneados por Carvalho, decidiram lançar chapa própria, saindo da coligação que apoia Lacerda.

Logo após a escolha de Carvalho, a reunião foi suspensa. As negociações giram em torno do nome para vaga de vice que disputará junto com Carvalho. Pelo twitter, a vice-presidente do PT de BH disse que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, já abençoou a decisão. “Rui Falcão mandou seu recado: ele apoiou a decisão e pediu que o partido siga em frente”, postou. Ainda segundo ela, existe a possibilidade do vice ser de outro partido.

Rivais comemoram

Logo que a informação foi anunciada, o diretório do PSDB que também se reúne em convenção comemorou a notícia. Entusiasmados, os tucanos gritavam o nome do presidente municipal do partido, deputado João Leite. Apesar disso, não há informações oficiais de que ele possa ocupar o cargo de vice no lugar do indicado pelo PT, Miguel Corrêa Júnior. Apesar disso, especula-se que o nome dele possa ser confirmado até o fim a noite, prazo máximo para o fim das convenções.

Voto aberto e obrigatório, por Cristovam Buarque


Não há democracia plena sem o voto secreto para o eleitor, nem com voto secreto para o eleito. O eleitor deve ter seu voto protegido, mas os eleitos não devem ter seus votos escondidos. Ele foi eleito pela escolha do eleitor que tem o direito de saber como vota quem o representa.
É um contrassenso que um eleitor confie seu voto a um candidato e depois da eleição fique sem saber como seu vereador, deputado ou senador vota no Parlamento em assuntos que interessam ao eleitor, à cidade e ao país. O voto secreto no Congresso é uma excrescência na democracia.
Há pouco, o Brasil deu um passo positivo na transparência, ao publicizar toda informação que interessa ao público. Cada cidadão ou cidadã tem o direito de saber até mesmo o salário e os custos dos seus eleitos, mas não tem o direito de saber como votou seu parlamentar.
A lei da transparência não está completa se o Congresso mantiver o voto de parlamentares escondidos dos olhos e ouvidos dos seus eleitores.
É preciso que o Congresso tome a decisão de acabar com o voto secreto em todas as decisões. Alguns dizem que o sigilo do voto do parlamentar deve ser protegido de pressões do Poder Executivo. Isso podia se justificar durante o regime autoritário, em que a frágil oposição precisava evitar morte, prisão ou exílio por causa de um voto.
Mas na democracia, o único poder do presidente contra quem vota discordando das propostas do Executivo é tratar o parlamentar como membro da oposição, o que faz parte perfeitamente do jogo democrático.
Por isso não justifica a ideia de voto secreto na hora de votar para derrubar um veto do Presidente da República à lei ou artigo da lei. O eleitor quer saber se o seu parlamentar votou a favor ou contra o veto ou em uma lei que lhe interessa.
Outro argumento usado a favor do voto secreto é proteger o parlamentar quando vota na escolha de embaixador, juiz dos tribunais superiores e alguns outros diretores de agências. Mas, quando se tem medo de votar contra a nomeação de um juiz é porque se espera ter benefícios quando vota a seu favor, ou quando escondido no manto do voto secreto diz-se ter votado nele, mesmo mentindo.
O voto secreto é um manto da mentira e precisa ser abolido. Achar que um juiz vai perseguir um parlamentar que votou contra ele, é reconhecer que a Justiça foi politizada, a solução exige coragem para modificar a maneira de escolher os juízes, não de esconder o voto do parlamentar.
Da mesma maneira que é preciso saber todo voto de cada parlamentar, é preciso fazer o voto de o parlamentar ser também obrigatório em todas as votações, como é o voto do eleitor em todas as eleições.
O voto secreto do parlamentar é uma vergonha da democracia, mas o voto escondido por trás do voto das lideranças também é vergonha e humilhação para o parlamentar. É preciso acabar com o voto secreto, mas também exigir que toda decisão seja tomada com o voto explícito de cada parlamentar, jamais pelo atual sistema do voto com o corpo: “quem estiver de acordo fique como está”, como é tão comum no dia a dia do parlamento brasileiro.
Além de vergonhoso e humilhante, tem permitido a aprovação de atos e leis sem o conhecimento dos próprios parlamentares, com artigos e parágrafos contrabandeados, por distração ou omissão dos parlamentares presentes, às vezes desconhecendo a pauta da votação naquele dia.
A desculpa de que o voto nominal faria impossível aprovar qualquer coisa, porque os parlamentares nunca estão presentes é ainda mais vergonhoso e injustificável. Se for preciso, que mudem as regras para obrigar a presença no Plenário na hora da votação, como qualquer trabalhador, ou que apresente suas justificativas para a ausência, ou deixe o eleitor saber que estava ausente sem justificativa, mas jamais se escondendo debaixo do voto dito de liderança.
O voto do eleitor na urna é obrigatório e secreto, o voto do eleito deve ser obrigatório e transparente em cada caso, para que o seu eleitor saiba como ele vota, e possa lembrar na eleição seguinte se o seu candidato votou como ele deseja ou não.
Nenhum eleito deve ficar preso à vontade de seu eleitor, até porque os eleitores têm posições variadas. Deve votar conforme seus compromissos de campanha e de sua consciência em cada caso, mas publicamente.
Ao eleitor cabe se manifestar nas urnas, secretamente, para reeleger ou não o seu candidato.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

ACERTANDO AS CONTAS COM A HISTÓRIA

Autor: Rafael Patto

Se o bom jornalismo não estivesse cada vez mais rarefeito neste país, o povo saberia que Lula foi quem de fato promoveu, em toda a nossa história, o mais intenso combate à corrupção no governo federal.

 FHC, assim que tomou posse, baixou decreto extinguindo a Comissão Especial de Investigação, que havia sido instituída por Itamar Franco, a qual era composta por representantes da sociedade civil e tinha por finalidade o combate à corrupção. Anos mais tarde, FHC criaria a Controladoria-Geral da União, que funcionaria como verdadeiro “arquivo-morto” de denúncias de corrupção contra agentes de seu governo. Foi FHC, aliás, quem brindou o folclore nacional com a anedótica figura do Engavetador-Geral da República.

 Lula, ao contrário, modernizou a Polícia Federal, investindo em recursos humanos e materiais, que a tornaram extremamente ativa e eficaz na investigação de casos de corrupção.

Além disso, Lula criou o “Portal da Transparência”, que fez com que o Brasil fosse reconhecido pela ONU como um dos oito países de todo o mundo com maior transparência orçamentária. (Os governos estaduais comandados pelo PSDB não oferecem à população nenhum instrumento de controle popular dos gastos públicos). Diferentemente de FHC, Lula sempre respeitou a autonomia funcional e a independência institucional dos órgãos de fiscalização e correição do Estado: enquanto FHC nomeava seus preferidos para o Ministério Público Federal, Lula sempre respeitou a indicação feita pelos representantes da carreira, nomeando o primeiro colocado da Lista Tríplice elaborada pelos Procuradores. Não é de se estranhar, portanto, que tenhamos a sensação de que a corrupção no governo aumentou nos últimos anos. O fato é que o que aumentou foram o combate a desvios de conduta de agentes públicos e o esclarecimento de casos que, até há pouco tempo, eram varridos para debaixo do tapete. 


A hostilidade da imprensa contra o PT é a soma de oportunismo e mau-caratismo daqueles que distorcem os fatos porque querem confundir a população. Comentaristas e colunistas verborrágicos como Alexandre Garcia e Arnaldo Jabor, que defendem ferrenhamente a sangria do patrimônio nacional promovida pelas “privatarias” de Serra e FHC, costumam afirmar que seria Lula o responsável pelo “atraso” (assim mesmo, abstratamente) em que, segundo a ótica míope dessa gente, o Brasil se encontraria em relação a outras nações tidas como desenvolvidas. Curiosamente, esse tipo de acusação contra Lula ou o PT não resiste à mais superficial análise aritmética.

Ora, o Brasil entrou no século XXI sem que metade de sua população tenha ainda acesso a água tratada e a esgotamento sanitário. Isso são marcas do atraso de um país secularmente maltratado pela indecência dos grupos dominantes de uma das sociedades mais injustas e desiguais do planeta!

Os problemas que o Brasil enfrenta hoje são decorrentes de um longuíssimo histórico de corrupção. 


Se considerarmos apenas o período republicano da História do Brasil, contabilizamos pouco mais de 120 anos. Desses, o PT só está no poder há pouco mais de nove anos. Portanto, matematicamente, a responsabilidade que caberia ao PT seria menor do que 1/12 (um doze avos, ou a duodécima parte) de toda essa dívida. Isso se considerássemos que o PT estivesse sendo um mero mantenedor do status quo. Entretanto, como os próprios fatos e dados já citados demonstram, a chegada do PT ao poder em 2003 representou uma ruptura, sobretudo no combate sistemático à corrupção. 


Em virtude disso, chega a ser uma iniqüidade querer responsabilizar o PT, um partido de 32 anos de idade, e que se encontra no poder há apenas 10 anos, pelo “atraso” de um país com mais de cinco séculos de história. Até porque os governos do PT são os que mais vêm investindo na modernização deste país.

Para o PT, a modernização não se faz a partir do desmantelamento do patrimônio público, assim como fez o PSDB, entregando as empresas estatais às mãos de capitalistas estrangeiros. Para o PT, a modernização do Brasil se faz a partir da superação daquilo de mais arcaico que a nossa sociedade ainda traz consigo: a desigualdade, que nunca foi combatida por nenhum governo desse país durante toda a sua história, até 2003.


O “atraso” do Brasil não é outra coisa senão a reverberação do que há de mais perverso das escolhas políticas mal-intencionadas que historicamente foram feitas por nossos governantes (que sempre atuaram em defesa dos interesses dos grupos econômicos hegemônicos, desde os cafeicultores da República Velha até os especuladores financeiros do recente período neo-liberal) e das quais as elites deste país sempre foram ou avalistas, ou patrocinadoras, ou beneficiárias.


 Os ataques ferozes que a imprensa desfere contra o PT, portanto, não passam de oportunismo safado, que, além de inviabilizarem o debate político, em nada se fazem assemelhar a um jornalismo de verdade. São, antes de qualquer coisa, um desserviço à sociedade e um atentado à democracia.

Cálculo Eleitoral

Por Marcos Coimbra
O famoso encontro entre Lula e Paulo Maluf, que selou o apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, enseja diversas discussões a respeito de nosso sistema político.  
É uma boa oportunidade para avaliar um aspecto dele do qual nem sempre nos apercebemos, relativo ao modo como as campanhas eleitorais são concebidas e organizadas.
No Brasil, como em qualquer lugar, elas obedecem a uma lógica pouco usual: ao contrário de seguir a regra da economicidade - em que se busca o mínimo dispêndio de recursos para a consecução dos fins pretendidos -, prevalece o princípio da redundância. 
Em outras palavras, mobilizam-se mais recursos que os necessários para alcançar os objetivos estabelecidos. Investe-se além do que é racionalmente exigido.
No episódio paulista, isso ficou claro no debate sobre o tempo de propaganda eleitoral que o PT ganhou aliando-se a Maluf.
Para espanto quase universal, Lula se dispôs a um “sacrifício de imagem” significativo - posando ao lado de um político contra quem pesam graves denúncias - para receber, em troca, míseros 1min36s de televisão. Valeria a pena? Haddad precisava tanto desse adicional de tempo?
A base do raciocínio é quanto a candidatura já dispunha, em função das coligações “naturais” firmadas com partidos progressistas e de esquerda – como o PSB e o PCdoB. Somando-se o tempo do PT ao dessas legendas, Haddad já não teria o suficiente para alcançar a visibilidade de uma candidatura competitiva?
Para quem não vive diretamente a política, talvez. Daí a dificuldade de muitas pessoas - até mesmo observadores experientes - entender o gesto do ex-presidente. Se Haddad não precisava, se não era “questão de vida ou morte”, por quê?
O caso é que os políticos não pensam, no que se refere às campanhas em que estão envolvidos, como as pessoas comuns. Não raciocinam com o princípio do “mínimo necessário”, mas com o do “máximo possível”. Preferem a redundância - mesmo que implique gasto elevado de recursos (nos quais se inclui o “capital de imagem”) -, ao menor risco de insuficiência.
Antes desperdiçar que faltar.
Não são apenas as campanhas eleitorais que são assim administradas. Coisa parecida ocorre em outras dimensões da vida social - algumas muito mais caras que a política. Na guerra, por exemplo (que, aliás, não deixa de ter parentesco com ela).
Os militares não planejam o que fazer baseados no “mínimo indispensável” a derrotar o inimigo. Como sabemos estudando a história, se puderem, lançam sobre seus alvos o dobro, o triplo, quatro vezes mais ataques que isso. Buscam a certeza da vitória.
Os políticos são parecidos - quem quer que sejam, de que partido forem.
Nesta altura do ano, em que os últimos lances da pré-campanha para as sucessões municipais estão sendo jogados, vemos exemplos disso em toda parte. Os candidatos lutam para obter o máximo - em termos de apoios políticos, tempo de televisão, cabos eleitorais, dinheiro. Só ficam satisfeitos com o que têm se não conseguirem aumentá-lo.
No domingo, Eduardo Paes (PMDB) definiu sua candidatura à reeleição no Rio de Janeiro. Contará com 19 partidos.
Para que 19? 
Por duas razões: porque não chegou a 20 (ou mais, pois, como todo político, preferiria ganhar sem sequer ter que disputar) e porque são 19 partidos que não apoiarão os adversários.  
Um leigo talvez dissesse a Lula que não precisava de Maluf. Um profissional - como Serra - nunca lhe diria isso. 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma Nova Reflexão A Partir de Antigas Perspectivas

Por: Viviane Cabrera


Muito se discutiu sobre a aliança PP e PT. Até mesmo eu, de início, fiquei um tanto incomodada com o fato de meu ídolo político (Luiz Ignácio Lula da Silva) ter buscado apoio político junto a um dos políticos mais corruptos que esse país já teve notícia. No entanto, lembrei de um episódio da história brasileira em que se levantou, também, o questionamento sobre coerência.


Em janeiro de 1950, Getúlio Vargas vai até Luiz Carlos Prestes pedir apoio deste para sua candidatura à presidência. Ora! Os dois eram inimigos políticos, com o agravante de que Getúlio – populista simpatizante de ideologias totalitárias – proibia a existência do partido comunista, mandou Prestes para a prisão e sua esposa, Olga Benário, para um dos mais terríveis campos de concentração na Alemanha. Fato é que mesmo com todos os pesares, o militante do Partido Comunista do Brasil disse ao seu opositor: “Não posso colocar os meus dramas pessoais acima dos interesses do partido. Aceito apoiá-lo”. O que estava em jogo ali era a democracia, uma vez que por obra de militares, Getúlio fora derrubado do poder e caso o Brasil continuasse sobre essa dominação (ainda que indireta e maquiada), seria uma situação preocupante – como o foi anos mais tarde.

Verdade é que essa aliança não diminuía ou apagava a história de vida e trajetória política de Prestes. Ao contrário, serviu para mostrar que ele sim tinha dignidade, sabia o que realmente era a política, sem apelar para o que lhe era particular, reconhecendo que o bem-estar coletivo era mais importante no momento.

Pois bem. Há nas críticas vindas dos opositores do PT um quê de inveja, dado que o PSDB tentou também uma aliança com o Partido Progressista, porém, não obteve êxito. Já as críticas feitas por militantes do próprio partido talvez seja justamente pelo mesmo motivo de que eu mesma, no começo, tive um certo estranhamento com o fato. É que para compreender a atualidade devemos analisar nosso passado, nossa história e cultura. Não é de hoje que alianças impensáveis acontecem em prol do bem coletivo. Afinal, esse é o propósito maior da política. Tentar compreender qualquer circunstância fora de seu contexto é algo em vão.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Emir Sader: O QUE É UM TUCANO?


Tucano

Avis rara, animal político com grave risco de extinção, o tucano se diferencia dos outros animais. Identifiquemos suas características, antes que seja tarde demais:

O tucano tem certeza que tem razão em tudo o que diz e faz.

O tucano lê a “Folha de São Paulo” cedinho e acredita em tudo o que lê.

O tucano nunca foi à América Latina, considera o continente uma área pré-capitalista e, portanto, pré-civilizatória.

O tucano considera a Bolívia uma espécie de aldeia de xavantes e a Venezuela uma Albânia.

O tucano nunca foi a Cuba, mas achou horrível.

O tucano foi a Buenos Aires (fazer compras com a patroa), mas considera a Argentina uma província européia.

O tucano considera FHC merecedor de Prêmios Nobel – da Paz, de Literatura, de física, de química, quaisquer.

O tucano considera o povo muito ingrato, ao não reconhecer o bem que os tucanos – com FHC à cabeça - fizeram e fazem ao país.

A cada derrota acachapante, o tucano volta à carga da mesma maneira: ele tinha razão, o povo é que não o entendeu.

O tucano acha o povo malcheiroso.

O tucano considera que São Paulo (em particular os Jardins paulistanos) é o auge da civilização, de onde deve se estender para as mais remotas regiões do país, para que o Brasil possa um dia ser considerado livre da barbárie.

O tucano mora nos Jardins ou ambiciona um dia morar lá.

O tucano é branco ou se considera branco.

O tucano compra “Veja”, mas não lê. (Ele já leu a “Folha”).

O tucano tem esperança de retomar o movimento “Cansei!”

O tucano tem saudades de 1932.

O tucano venera Washington Luis e odeia Getúlio Vargas.

O tucano só vai a cinema de shopping.

O tucano só vai a shopping.

O tucano freqüenta a “Daslu”, mesmo que seja por solidariedade às injustiças sofridas em função da ação da Justiça petista.

O tucano nem pronuncia o nome do Lula: fala “Ele”.

O tucano conhece o Nordeste pelas novelas da “Globo”.

O tucano dorme assistindo o programa do Jô.

O tucano acorda assistindo o “Bom dia Brasil”.

O tucano acha o Galvão Bueno a cara e a voz do Brasil.

O tucano recorta todos os artigos da página 2 da “Folha” para ler depois.

O tucano acha o Serra o melhor administrador do mundo.

O tucano acha Alckmin encantador.

O tucano tem ódio de Lula porque tem ódio do Brasil.

O tucano sempre acha que mereceria ter triunfado.

O tucano é mal-humorado, nunca sorri e quando sorri – como diz “The Economist” sobre o candidato tucano [Serra] - "é assustador".

O tucano não tem espírito de humor. Também não tem motivos para achar graças das coisas. É um amargurado com o mundo e com as pessoas pelo que queria que o mundo fosse e não é.

O tucano considera a Barão de Limeira sua Meca.

O tucano acha o povo brasileiro preguiçoso. Acha que há milhões de “inimpregáveis” no Brasil.

O tucano acha a "globalização" “o novo Renascimento da humanidade”.

O tucano se acha.

O tucano pertence a uma minoria que acha que pode falar em nome da maioria.

O tucano é um corvo disfarçado de tucano."

FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader em seu blog e transcrito no portal “Vermelho”  (
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=186696&id_secao=1)

Lula com Maluf 

 

O recente encontro de Lula e Paulo Maluf, que sacramentou a aliança do PT com o PP na eleição de São Paulo, provocou dois tipos de indignação: uma autêntica e outra postiça.

Isso, é claro, no mundinho dos profissionais da política e na parcela “politicamente ativa” da sociedade. Juntos, os dois segmentos representam algo perto de 20% da população - se tanto.
Para os restantes - ou seja, para 80% dos eleitores da cidade - deve ter sido um fato de importância secundária.

Daqueles suficientemente relevantes para que sejam notados, mas que logo perdem significado - ou são esquecidos.

Quem vê a política com interesse pequeno ou só a percebe na hora em que é obrigado a votar nem registra essas movimentações. Alguém se lembra, por exemplo, qual foi o candidato que recebeu o apoio de Maluf na última eleição presidencial?
(Para os que não se recordam: José Serra. Sem que isso lhe causasse qualquer embaraço ou deflagrasse reações indignadas).

Muitos militantes petistas ficaram chocados. Afinal, Maluf é um dos símbolos de tudo de que discordam e um adversário histórico da esquerda.
Vê-lo ao lado de Lula - com Fernando Haddad ao centro - na célebre foto do evento, deve tê-los deixado genuinamente indignados. É provável que tenham se perguntado se Haddad precisava disso. E se preocupado com o desgaste que poderia trazer.

Para o PT, a pergunta relevante é o tamanho do prejuízo implícito no benefício que a foto traduz. Pois ela tem um significado inegavelmente positivo: que Haddad terá mais tempo de televisão.
É elevado o risco de perder votos na militância petista e entre eleitores progressistas? Será grande a proporção afugentada pela foto? E para onde iriam?


O eleitor de esquerda decepcionado vai preferir Serra? Pouco provável - especialmente depois da marcha batida em direção à direita empreendida pelo tucano nos últimos anos. Irá para Chalita? Algum outro?
Foi, provavelmente, fazendo cálculos semelhantes que o PSDB firmou aliança com o PR - partido que integrava até outro dia a base do governo Dilma e tem várias lideranças envolvidas em problemas cabeludos. E andava aflito atrás de Maluf, louco para ter o tempo do PP.

Entre os indignados de oportunidade, o mais engraçado é a sem cerimônia com que manipulam a ideia de que “os fins justificam os meios”.
Estavam prontos para celebrar a “competência política” do ex-governador, se tivesse conseguido garantir o apoio de Maluf - como consideraram normal ver Alfredo Nascimento a seu lado.

A coligação do PSDB com o PR e o PP seria saudada como “jogada de mestre”, manobra que esvaziaria a candidatura de Haddad, ao deixá-lo com uma minguada participação na propaganda eleitoral.
Ou seja: para Serra, os fins justificariam os meios.
Por que o raciocínio não se aplicaria a Lula e o PT? Fazer o mesmo que o adversário é pecado? Apenas em seu caso?

A menos que acreditemos que só o PT tem deveres éticos e a obrigação de respeitar uma moralidade na política que não é cobrada do PSDB. Como se dissessemos que do PT se espera mais: comportamentos e compromissos éticos dos quais o PSDB estaria dispensado.
Para o PT, os meios seriam mais importantes que os fins.

Pensar assim pode ser bonito - e há muita gente boa que acredita nisso. Mas é ingênuo.

No mundo real da política - como ensina Serra - o que prevalece é um jogo mais pesado: quem fica cheio de pruridos, perde (e os que tombaram pelo caminho em sua trajetória estão aí para demonstrar).
Nesse mundo, amarrar as próprias mãos - enquanto o outro lado age livremente - mais que ingenuidade, é tolice.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

domingo, 24 de junho de 2012

    O maquiavelismo de Lula


    (Ilustração na capa de Basquiat e Andy Warhol).

    Ontem eu disse que faria as últimas considerações sobre o caso Erundina, mas foi uma promessa tola, então me dêem licença para voltar ao assunto. De qualquer forma, não abordarei o assunto segundo perspectivas ideológicas ou subjetivas. Já que a decisão do PT foi eminentemente pragmática e mesmo maquiavélica (na acepção mais brutal do termo), então façamos também uma análise friamente objetiva.
    Abaixo, vocês vêem a relação dos vereadores da cidade de São Paulo, extraída do site da Câmara. Observe que o PT é o partido mais forte, com 11 vereadores. O PSDB perdeu um bocado para o PSD, que agora tem 10 vereadores.  Voltamos após o gráfico.

    Esse quadro nos sugere algumas observações:
    1. A aliança do PSDB com o PSD foi fundamental para a candidatura Serra. Lula tinha razão (do ponto-de-vista do cálculo maquiavélico-eleitoral) para tentar acordo com Kassab e PSD.
    2. Serra está conseguindo fechar acordo com quase todos os partidos com boa presença na câmara: PSD, PR, PV, PPS, DEM.
    3. Se os tucanos conseguissem fechar com PP e PTB, formariam um bloco com muita força eleitoral. O PTB ainda está em disputa.
    4. Deve-se sempre ressaltar a grande vitória de Serra ao fechar acordo com o PR, legenda que tem cinco vereadores em São Paulo e conta com o campeão brasileiro de votos Tiririca.
    Vamos ver outros números. Abaixo a votação para prefeito em 2008:
    A tabela acima merece ser examinada com atenção. De fato, não dá para desprezar Maluf. Ele ficou em quarto lugar no ranking dos mais votados. Para o PT, o quadro oferece uma série de problemas:
    • Dos seis candidatos mais votados em 2008, cinco eram nomes de oposição ao PT, sendo quatro de direita e um de esquerda (PSOL).
    • Trazendo Maluf para junto de Haddad, o PT diminui a pontuação inimiga nas eleições deste ano.
    Agora vamos analisar dados mais recentes da força eleitoral de Maluf, refletida na sua votação para deputado federal em 2010.  Para efeito de comparação, trazemos abaixo também os números de Erundina. Comentamos em seguida.

    Maluf obteve 275 mil votos válidos para deputado federal na cidade de São Paulo, e 497 mil votos em todo o estado. São falsas, portanto, as afirmações de que Maluf estaria “morto” politicamente. Ele ainda tem voto pra cacilda, e provavelmente a maioria vem de pessoas simples, porque eu não quero acreditar que pessoas bem informadas (ou uma grande quantidade de pessoas bem informadas) votem nesse crápula.
    Erundina teve 178 mil votos na cidade e 214 mil votos no estado.
    Os eleitores de Erundina tendem a votar no Haddad, porque o seu partido PSB vai apoiar Haddad. Este vai usar imagens de Erundina em sua campanha, e ela deverá pedir votos para o petista na TV. Então estes são votos já garantidos.
    Os eleitores de Maluf devem se dividir. Os mais ideológicos tendem a votar em Serra. O eleitor mais humilde, que vota no Maluf por algum tipo de misteriosa afinidade, tenderá a votar em Haddad, porque o PP apoiará o petista; além disso, temos Lula, uma lenda viva entre os mais pobres.
    Analisando friamente as estratégias eleitorais dos dois principais adversários, Serra e Haddad, vemos que ambos não estão medindo esforços para ampliar seus respectivos exércitos. Serra continua favorito, pois é muito conhecido, conseguiu apoio de um bom leque de partidos e tem a grande mídia como sua grande aliada.
    Do ponto-de-vista eleitoral, portanto, Lula e o PT agiram de maneira rigorosamente correta ao se esforçarem para obter apoio do PP de Maluf.
    O timing da foto foi desastrado, embora se possa alegar que a confusão gerou um factóide político de enorme impacto midiático, ajudando a romper o anonimato de Haddad. Vários colunistas estão começando a engolir essa ficha. Eliane Cantanhede admitiu hoje que este é um argumento a favor de Lula:
    A novidade no “affair” Lula-Maluf é a versão de que tudo foi ótimo para a candidatura de Fernando Haddad, que ganha visibilidade inédita e gratuita, aparecendo em todas as TVs, rádios, páginas de jornais e bombando na internet. Mais ou menos na linha do “falem mal, mas falem de mim”.
    Trata-se da velha tática de Lula de transformar o negativo em positivo, a desvantagem em vantagem.
    A eleição em São Paulo oferece a Serra a oportunidade de disputar um terceiro turno contra o PT. E Lula parece entender o pleito paulistano como uma chance de preparar o terreno para ganhar o governo do estado em 2014.
    Uma defesa que se poderia fazer acerca do frio e até meio sujo pragmatismo da campanha petista em São Paulo, é que a realpolitik, a bem da verdade, nunca foi um jogo para inocentes. O idealismo juvenil, que é a maior vítima da foto idílica de Lula, Haddad e Maluf, só costuma fazer diferença em eleições quando tem apoio da mídia, e quando isto acontece temos frequentemente a manipulação da ingenuidade. Ou seja, o idealismo juvenil perde novamente.

    Entretanto, uma das características mais marcantes do lulismo foi justamente aniquilar o idealismo onírico juvenil, substituindo-o pelo idealismo de resultados. Os lulistas não fizeram campanha pela reeleição de Lula e depois por Dilma brandindo símbolos de uma revolução socialista. Ao contrário, tiveram que lutar contra acusações pesadíssimas de seus adversários contra as imagens de Lula abraçando Collor e defendendo Sarney e Renan Calheiros. 

    Fizeram a luta política com galhardia, e suas armas mais eficazes foram estatísticas que mostravam o notável desenvolvimento econômico e social do país. Um idealismo de resultados, repito. Esta é explicação para a foto de Lula, Maluf e Haddad. Lula quer ganhar as eleições, quer que o PT faça um bom governo, que agregue mais estatísticas e mais resultados positivos para dar substância às futuras campanhas de seu partido. Os militantes “decepcionados” não deixarão de votar no PT, e os resultados sociais concretos de uma administração popular despertarão as massas adormecidas de São Paulo, que enfim poderão se libertar do jugo conservador-midiático que as fazem votar contra seus próprios interesses.

    Além do mais, quem bancou Lula nunca foi a “militância”, que, ao contrário, mostrou-se sempre instável e reticente em seu apoio – tanto ao ex-presidente como à Dilma. Quem jamais traiu Lula, mesmo em seus momentos mais difíceis, e nas circunstâncias mais polêmicas e complexas, foi o povão. O povão não tem frescura ideológica. Ele quer resultados, ponto final. No que tange à ética, o povo quer ver rico indo em cana, e foi Lula, e só ele, quem botou Maluf na cadeia, dentre centenas de ricaços e poderosos que, pela primeira vez na história do Brasil, tiveram a experiência inesquecível de contemplar o nascer quadrado do sol.

    Por fim, não podemos esquecer que o principal partido conservador no Brasil é a mídia paulista, que é bancada financeiramente pelo governo de São Paulo. Se Lula conseguir apear o PSDB de São Paulo, com Maluf ou sem Maluf, será um golpe brutal contra o poder da mídia corporativa, que ataca candidatos populares e movimentos sociais em todo país. O julgamento da história, e só ele, sabe exatamente por quem os sinos tocam na política brasileira.

    Contrabando ideológico do Paraguai


    Começo a ficar preocupado com o debate em torno do golpe no Paraguai.
    Meu receio é o contrabando ideológico, com idéias exóticas que podem ser trazidas ao Brasil e germinar por aqui.

    Estou falando sério. É grande o número de comentaristas que dizem que a deposição de Fernando Lugo foi um processo dentro da lei e que, por essa razão, não pode ser comparado a um golpe de Estado.
    Já li comparações inclusive com o impeachment de Fernando Collor. Teve até um professor universitário que disse isso no Rio Grande do Sul.

    Vamos combinar que é feio reescrever a história, ainda mais a partir de fatos tão recentes.
    Fernando Collor foi investigado por vários meses e considerado culpado pela Polícia Federal, que encontrou vários indícios de corrupção e troca de favores.
    A CPI sobre PC Farias recolheu provas contra o tesoureiro e o presidente. Os auxiliares de Collor foram questionados, puderam se defender e acusar. Apareceu uma testemunha, com um cheque usado para comprar um carro para a primeira dama. E apareceram vários cheques-fantasma do esquema e suas conexões. A polícia federal descobriu um computador com a descrição gráfica do esquema financeiro. Estava tudo lá: quem recebia, quem pagava.
    Depois de tudo isso, o Congresso votou o impeachment do presidente. O país estava convencido de sua culpa. Os estudantes foram às ruas pedir sua renuncia.  Collor pediu apoio popular. Recebeu maiores protestos.

    Ao contrário de Lugo, Collor não foi deposto. Renunciou. Lugo tinha apoio popular, a tal ponto que um dos motivos para a pressa dos golpistas era impedir a chegada de seus aliados a Assunção. É trágico: para dar um golpe contra o povo, correram de populares.
    As acusações contra Collor não foram histórias que cairam  céu contra um presidente fraco que, por falta de apoio parlamentar, foi despachado para casa.
    Collor enfrentou um processo democrático, onde teve direito a ampla defesa.
    Não tivemos nada disso contra Lugo. Não há um fiapo de prova de suas responsabilidades pelas 17 mortes num conflito agrária, que criou a comoção que ajudou os golpistas a criar um ambiente favorável a derrubá-lo.

    Os outros quatro episódios são acusações vagas e genéricas. Em nenhum deles a culpa de Lugo está demonstrada. Sequer é descrita. Estamos falando aqui de um arranjo político, uma oportunidade. Lugo era um presidente incômodo, com ideias de esquerda – bastante moderadas, por sinal – e seus adversários não quiseram perder uma chance de livrar-se dele.

    É o poder oligárquico em sua expressão extrema, anti-democrática e absoluta – tão poderoso que pode cumprir um simulacro de democracia para pervertê-la.

    Falar que se cumpriu o ritual democrático é o mesmo que dizer que o ditador Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai por 35 anos, acumulou uma fortuna ilícita estimada em 5 bilhões de dólares e deixou uma lista de 400 desaparecidos políticos era um presidente legítimo porque de tempos em tempos promovia eleições que vencia com mais de 90% dos votos.

    E é isso o que mais preocupa neste caso. O gosto pelo simulacro.
    Vitima de um golpe de Honduras, Manoel Zelaya foi acusado de tentar avançar uma emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial – não para ele, mas para seus sucessores. Nem a embaixada americana acredita que esse fato era motivo para seu afastamento. Em documentos enviados para Washington, a representação diplomática em  Tegucigalpa explicava que se tratava de um golpe de Estado. 

    Mas havia, em Honduras, um pretexto que, de forma distorcida e abusiva, foi usada para depor um presidente constitucional.
    Contra Fernando Lugo não havia nem pretexto e mesmo assim  ele foi derrubado, um ano e dois meses antes do fim de seu mandato.

    Mas nossos golpistas adoram uma novilíngua. Em 64, quando João Goulart foi deposto, eles anunciaram que a democracia foi resgatada. Fizeram marchas para comemorar a liberdade…Vai ler os jornais e está lá assim: a democracia foi salva…A liberdade venceu…
    Que horror, não?

     Por :Paulo Moreira Leite


    sábado, 23 de junho de 2012

    11 pesquisas inovadoras de combate ao câncer

    Avanços promissores foram apresentados nas conferências da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e da Sociedade de Medicina Nuclear

     

    Guilherme Rosa

    Dois grandes congressos trouxeram, neste mês, uma série de descobertas e avanços contra o câncer, de novos métodos de diagnóstico ao tratamento da doença. O Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, sigla em inglês) é a maior conferência sobre câncer de todo o mundo. 

    Todos os anos, ela reúne especialistas que apresentam as mais novas pesquisas e possibilidades de tratamento contra a doença. Este ano, a reunião aconteceu entre os dias 1 e 5 de junho, em Chicago. "A intenção do encontro é apresentar os trabalhos mais promissores no tratamento do câncer. 

    Grande parte do que usamos hoje em dia apareceu por lá", diz Solange Moraes Sanches, oncologista clínica do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, um dos principais do Brasil no tratamento do câncer.
    Já o congresso anual da Sociedade de Medicina Nuclear aconteceu entre os dias 9 e 13 de junho, na Flórida. Ali, foram mostrados os mais novos avanços no campo, com foco no uso de substâncias radioativas no combate e diagnóstico de doenças. Neste ano, muitas das novidades apresentadas tinham foco no campo do câncer. Por enquanto, muitas dessas descobertas ainda estão sendo assimiladas pelos médicos, mas em pouco tempo estarão disponíveis para os pacientes. Segundo o oncologista clínico Milton José de Barros e Silva, do Hospital A. C. Camargo, a maioria dessas pesquisas sinalizam que estamos entrando numa nova era do combate à doença. 

    "Historicamente, todos os tratamentos eram voltados a combater diretamente o câncer. Agora estamos voltando nossa atenção para os mecanismos por trás da doença e na sua relação com os pacientes", diz o médico. "O futuro são drogas cada vez mais direcionadas a mutações específicas no tumor e com menos efeitos colaterais."
     
    Conheça as principais pesquisas apresentadas nos dois congressos:
     

    Nova droga usa o sistema imunológico do paciente para combater o câncer

     
    O que diz a pesquisa: Usando uma substância chamada BMS-936558, cientistas conseguiram usar o próprio sistema imunológico de alguns pacientes contra o tumor que estavam desenvolvendo. Normalmente, o câncer consegue se disfarçar e não ser atacado pelas nossas células de defesa. Um dos métodos utilizados pelas células cancerígenas para passar despercebidas é pela ação de uma proteína chamada PDL1, que se comunica com uma outra proteína presente em nossos glóbulos brancos, a PD1. A nova droga impede essa comunicação, e faz com que essas células de defesa ataquem o tumor.
     
    Como foi feita: O remédio foi administrado a 76 pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas, o tipo mais comum da doença. Em 18% dos casos, o tumor diminuiu ou parou de crescer. De 33 pacientes com câncer nos rins, 27% também responderam ao tratamento, e de 94 que tinham melanoma, 28% apresentaram melhoras.
     
    Porque é importante: A pesquisa ainda é inicial, mas já se mostra promissora – são os melhores resultados conseguidos com algum tratamento de imunoterapia até hoje. Particularmente importantes foram seus efeitos nos pacientes com câncer de pulmão, que sempre se mostraram resistentes a esse tipo de tratamento.
     
    Opinião do especialista: Milton José de Barros e Silva, oncologista clínico do Hospital A. C. Camargo

    "É uma pesquisa inicial, mas sem sombra de dúvida bastante estimulante, pelas perspectivas futuras que abre. Seu mecanismo de ação é inteligente e ela apresenta bons resultados preliminares."
    "A célula que podia destruir o câncer é o linfócito T. O problema é que quando ela chega no tumor, existe uma substância que desliga o linfócito. O que essa droga faz é se ligar no linfócito e cobrir esse botão de desligar. No entanto, o tratamento não é isento de efeitos colaterais. O sistema imunológico também pode atacar os tecidos saudáveis."

    "A área da imuno-oncologia está em franca expansão. Ela não está voltada ao desenvolvimento de drogas contra o câncer, mas em drogas que estimulem o sistema imunológico contra os tumores. Hoje, já temos uma droga deste tipo em uso: a Anti–CTLA-4. Ela já foi aprovada nos Estados Unidos, e está sendo analisada pela Anvisa."

    sexta-feira, 22 de junho de 2012

    Leonardo Boff cita ciência e religião em palestra ambiental em Ribeirão


    "Ou mudamos ou morremos", disse Leonardo Boff sobre aquecimento global (Foto: Rodolfo Tiengo/ G1)

    "Ou mudamos ou morremos", disse Leonardo Boff
    sobre aquecimento global
    Ciência e fé dividiram o palco do Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto (SP), onde o teólogo Leonardo Boff mesclou temas controversos para reforçar seu ponto de vista sobre sustentabilidade: “Pela primeira vez na história, podemos conhecer um grande desastre ecológico (...) Podemos [espécie humana] desaparecer”, disse o filósofo de 73 anos para as 1,3 mil pessoas que lotaram a conferência com o autor de livros como “A Águia e a Galinha” e “Sustentabilidade: o que é o que não é” na noite de segunda-feira (28).

    A pegada científica do bate-papo voltado para a questão ecológica, uma prévia do discurso de Boff para a Rio +20, veio com menções à teoria de Gaia - concepção de que a Terra funciona como um único organismo vivo - para defender a necessidade de se alterar a ordem econômica e a utilização dos recursos naturais para os próximos anos.

    “Há milhões e milhões de anos, temos exatos 21% de oxigênio, se fosse menos teríamos morrido. O equilíbrio da Terra é sutil”, disse, pouco antes de trocar argumentos da biologia e da química pelo olhar religioso. “A ordem de Deus era cuidar e guardar o Jardim do Éden. Se não fizermos, vamos transformar a terra em um matadouro de seres vivos”, afirmou o fundador da chamada Teologia da Libertação, citando passagens de Gênesis, livro do Velho Testamento.
     
    Saiba mais 
     
    A evidência desse futuro incerto, segundo ele, está em um padrão de vida adequado para poucos, a despeito de uma maioria que ainda necessita do básico. “Esse sistema funciona bem para 1,6 bilhão de pessoas, para a grande maioria [da população mundial] é um inferno”, disse, sobre a falta de recursos materiais e sobretudo de comida.
    As desigualdades mundo afora, de acordo com Boff, são provocadas principalmente pela exploração econômica de bens “sagrados” como a água e as sementes, atitude encarada por ele como “o último grande golpe do capitalismo” e por uma “crise de sensibilidade”. “Água não pode virar mercadoria. Colocaram preço em tudo aquilo que representa vida.”

    terça-feira, 19 de junho de 2012

    Eleição de São Paulo caso Maluf 


    "Lamento, mas puristas dificilmente se elegem. 
     Caso se elejam, caem rápido.
     Se não foram poucas as realizações de Lula, isso se  deve a seu talento agregador. Sarney em nada é diferente de Maluf. São dois bandidos.
     Mas política é um jogo de homens, não de anjos.
     Marta Suplicy e FHC já se aliaram a Maluf.
     É horrível precisar dele, mas se o preço da sua  liberdade for o sacrifício do beijo no carcereiro, o que você fará? 
    Da mesma maneira transformar rivais em aliados nas batalhas sangrentas é questão de sobrevivência. 
    Quem leu Marx sabe a importância de jogar no campo do adversário para tentar virar o jogo." #prontofalei

    Autora: Ana Helena Tavares

    segunda-feira, 18 de junho de 2012

    SER PETISTA





    Ser petista não é uma ficha de filiação, nem colocar uma estrela no peito, é uma maneira de pensar, é uma visão de mundo.

    "Ser petista é quebrar preconceitos e destruir discriminações, nós mesmos em nossa essência somos isso! Somos o povo governando para o povo, somos a vez das minorias...

    Ser petista é lutar pelo desenvolvimento de toda uma Nação, sem exclusão nem discriminação, onde negros, Brancos, índios, gays, heteros, crianças, velhos, homens e mulheres têm o mesmo valor. Pois juntos podemos fazer deste país um lugar pleno de desenvolvimento humano e social. "

    "Ser petista é acreditar nos ideais de esquerda, é ter paciência para agüentar argumentação preconceituosa e atrasada, para agüentar pessoas que não gostam da gente porque simplesmente não gostam, para agüentar pessoas que repetem, tudo que a imprensa golpista sem nem parar para pensar".

    Enfim ser petista é ter paciência para ver o país crescendo, gerando emprego distribuindo renda e a imprensa e a oposição fingindo que não vê. "

    Vemos de perto e com simpatia a militância do PT. Observamos o entusiasmo, o ardor, a garra com que se lançam nas campanhas. os jovens estudantes participando das manifestações, ainda com suas mochilas às costas. Vejo crianças, mães, avós, famílias inteiras na militância, sorridentes, com garra. "

    Essa gente já descobriu que faz parte do povo e que, como povo, tem direito de lutar por mudanças que beneficiem a todos os brasileiros.
    Autores: Mad Alex e Deisi Regina Schuler Moraes

    domingo, 17 de junho de 2012

    Marcos Coimbra - Continuidade em xeque
    No conjunto das capitais, a alternância nas administrações municipais parece ser a palavra de ordem
     


    Ainda é cedo – na verdade, muito cedo – para chegar a qualquer conclusão, mas parece que, nas capitais estaduais, as próximas eleições serão marcadas mais pela mudança que pela continuidade. É o que indicam as pesquisas disponíveis, realizadas ao longo dos últimos meses por empresas regionais e nacionais.

    Pesquisas feitas a essa distância da eleição municipal costumam pintar quadros bem diferentes dos que terminam por prevalecer. Ao contrário das eleições gerais – especialmente as presidenciais – em que parcelas significativas do eleitorado se informam e decidem com antecedência, a escolha de prefeitos tende a acontecer tardiamente.

    Recém entramos, nesta segunda quinzena de junho, na reta final da eleição. As convenções partidárias estão em andamento, com resultados muitas vezes incertos.

    Na maior parte das cidades, só no fim do mês conheceremos o cardápio completo que será oferecido aos eleitores – com os nomes dos candidatos a prefeito, vice-prefeito, as coligações e os apoios que receberão.

    Tanta indefinição recomenda olhar com cautela o que dizem as pesquisas. Muita água ainda vai passar por baixo da ponte.

    Hoje, no entanto, considerando as 24 capitais para as quais dispomos de dados, são poucos os casos de prefeitos que disputam a reeleição com favoritismo ou têm sucessores em posição confortável.

    Nítidos, são apenas dois: o de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), e o do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Somente eles passam de 40% nas pesquisas atuais – com destaque para o mineiro, que chega a 50%. Em três capitais, os prefeitos também se saem bem, mas em patamar inferior. Em Goiânia, Paulo Garcia (PT) lidera sozinho na faixa de 25%, mesmo nível que alcança Luciano Agra (PSB), de João Pessoa – mas empatado com José Maranhão (PMDB). Em Porto Alegre, José Fortunati (PDT) está na frente em algumas pesquisas e atrás de Manoela D’Ávila (PCdoB) em outras.

    Se as eleições fossem agora, os prefeitos de seis outras capitais teriam dificuldade de renovar seus mandatos. Alguns estão muito mal. Três se elegeram em 2008 e chegam a este ponto de suas administrações com avaliação insatisfatória: Micarla de Souza (PV), em Natal, Amazonino Mendes (PDT), em Manaus, e João Castelo (PSDB), em São Luís.

    Três eram vices e assumiram em 2010, na desincompatibilização dos titulares: Chico Galindo (PDT), de Cuiabá, Luciano Ducci (PSB), de Curitiba, e Elmano Ferrer (PTB), de Teresina.

    No total, 11 prefeitos de capital devem buscar a reeleição, mas poucos parecem ter chance elevada de obtê-la. E as perspectivas para seis não são boas – sendo péssimas para alguns.

    Nas 13 capitais restantes, o cenário que predomina é de mudança e não de continuidade. A julgar pelas pesquisas do primeiro semestre, os grupos políticos que atualmente controlam as prefeituras terão problemas para permanecer no poder na maioria delas.

    E isso não acontece com um ou outro partido. Todos enfrentam situação semelhante.

    Considerado o conjunto das capitais, a possibilidade é alta de que tenhamos uma safra de prefeitos com perfil diferente do atual. Alternância parece ser a palavra de ordem.

    Tudo isso, é claro, se as pesquisas não mudarem. E vão mudar.

    Em função de suas especialíssimas condições de mídia, as eleições de prefeito são – por excelência – as eleições das “surpresas”. Nelas, mais que em qualquer outra, é até comum o surgimento de “fenômenos” de última hora (entre os quais o renascimento de nomes que pareciam fora do páreo – quem não se lembra do caso de João Henrique (PP), prefeito de Salvador, que, em 2008, estava em quarto lugar nas pesquisas e terminou reeleito?).

    Mais adiante, depois que a população for apresentada, efetivamente, aos candidatos e às suas propostas, é que teremos como avaliar se é mesmo mudança que ela deseja na gestão das capitais


    Publicação: 17/06/2012 04:00
    Fonte :Jornal Estado de Minas 

    "As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim" DILMA ROUSSEFF - A TORTURA DE ESTELA CONTADA POR DILMA - Sandra Kiefer‏


    "As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim"

    DILMA ROUSSEFF - 25 DE OUTUBRO DE 2001

     Militante de esquerda, Estela, que tinha 22 anos na época, apanhou muito nos porões da ditadura. E foi torturada em Minas, mais especificamente em Juiz de Fora, e não só no Rio de Janeiro e em São Paulo como se sabia até agora. Estela é um dos codinomes usados na época por Dilma Vana Rousseff, hoje a presidente do Brasil. É o que revela a repórter Sandra Kiefer, que obteve documentos inéditos em que Dilma relata ter sido pendurada por seus algozes mineiros no pau de arara, apanhado de palmatória e levado choques e socos que a marcaram para o resto da vida.

    Dente arrancado com um soco

    “Uma das coisas que me aconteceu naquela época é que meu dente começou a cair e só foi derrubado posteriormente pela OBAN. Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu. Tomava de vez em quando Novalgina em gotas para passar a dor. Só mais tarde, quando voltei para SP, o Albernaz completou o serviço com um soco, arrancando o dente”. 
     

    Pau-de-arara e palmatória

    ...“Se o interrogatorio e de longa duracao, com interrogador ‘experiente’ ele te bota no pau-de-arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que nao deixa rastro, so te mina. Muitas vezes tambem usava palmatoria; usava em mim muita palmatoria’’...




     A tortura de Estela contada por Dilma



    A presidente Dilma Vana Rousseff foi torturada nos porões da ditadura em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, e não apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro, como se pensava até agora. Em Minas, ela foi colocada no pau de arara, apanhou de palmatória, levou choques e socos que causaram problemas graves na sua arcada dentária. É o que revelam documentos obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas , que até então mofavam na última sala do Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG). As instalações do conselho ocupam o quinto andar do Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte. Um tanto decadente, sujeito a incêndios e infiltrações, o velho Maletta foi reduto da militância estudantil nas décadas de 1960 e 70.

    Perdido entre caixas-arquivo de papelão, empilhadas até o teto, repousa o depoimento pessoal de Dilma, o único que mereceu uma cópia xerox entre os mais de 700 processos de presos políticos mineiros analisados pelo Conedh-MG. Pela primeira vez na história, vem à tona o testemunho de Dilma relatando todo o sofrimento vivido em Minas na pele da militante política de codinomes Estela, Stela, Vanda, Luíza, Mariza e também Ana (menos conhecido, que ressurge neste processo mineiro). Ela contava então com 22 anos e militava no setor estudantil do Comando de Libertação Nacional (Colina), que mais tarde se fundiria com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), dando origem à VAR-Palmares.

    As terríveis sessões de tortura enfrentadas pela então jovem estudante subversiva já foram ditas e repisadas ao longo dos últimos anos, mas os relatos sempre se referiam ao eixo Rio-São Paulo, envolvendo a Operação Bandeirantes, a temida Oban de São Paulo, e a cargeragem na capital fluminense. Já o episódio da tortura sofrida por Dilma em Minas, onde, segundo ela própria, exerceu 90% de sua militância durante a ditadura, tinha ficado no esquecimento. Até agora.

    Com a palavra, a presidente: “Algumas características da tortura. No início, não tinha rotina. Não se distinguia se era dia ou noite. Geralmente, o básico era o choque”. Ela continua: “(...) se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes usava palmatória; usaram em mim muita palmatória. Em São Paulo, usaram pouco este ‘método’”.

    Bilhetes Dilma foi transferida em janeiro de 1972 para Juiz de Fora, ficando presa possivelmente no quartel da Polícia do Exército, a 4ª Companhia da PE. Nesse ponto do depoimento, falham as memórias do cárcere de Dilma e ela crava apenas não ter sido levada ao Departamento de Ordem e Política Social (Dops) de BH. Como já era presa antiga, a militante deveria ter ido a Juiz de Fora somente para ser ouvida pela auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM). Dilma pensou que, como havia ocorrido das outras vezes, estava vindo de São Paulo a Minas para a nova fase do julgamento no processo mineiro. Chegando a Juiz de Fora, porém, ela afirma ter sido novamente torturada e submetida a péssimas condições carcerárias, possivelmente por dois meses.

    Nesse período, foi mantida na clandestinidade e jogada em uma cela, onde permaneceu na maior parte do tempo sozinha e em outra na companhia de uma única presa, Terezinha, de identidade desconhecida. Dilma voltou a apanhar dos agentes da repressão em Minas porque havia a suspeita de que Estela teria organizado, no fim de 1969, um plano para dar fuga a Ângelo Pezzuti, ex-companheiro da organização Colina, que havia sido preso na ex-Colônia Magalhães Pinto, hoje Penitenciária de Neves. Os militares haviam conseguido interceptar bilhetinhos trocados entre Estela (Stela nos bilhetes, codinome de Dilma) e Cabral (Ângelo), contendo inclusive o croqui do mapa do presídio, desenhado à mão (veja reproduções ao lado).

    Seja por discrição ou por precaução, Dilma sempre evitou falar sobre a tortura. Não consta o depoimento dela nos arquivos do grupo Tortura Nunca Mais, nem no livro Mulheres que foram à luta armada, de Luiz Maklouf, de 1998. Só mais tarde, em 2003, ele conseguiria que Dilma contasse detalhes sobre a tortura que sofrera nas prisões do Rio e de São Paulo. Em 2005, trechos da entrevista foram publicados. Naquela época, a então ministra acabava de ser indicada para ocupar a Casa Civil.

    O relato pessoal de Dilma, que agora se torna público, é anterior a isso. Data de 25 de outubro de 2001, quando ela ainda era secretária das Minas e Energia no Rio Grande do Sul, filiada ao PDT e nem sonhava em ocupar a cadeira da Presidência da República. Diante do jovem filósofo Robson Sávio, que atuava na coordenação da Comissão Estadual de Indenização às Vítimas de Tortura (Ceivt) do Conedh-MG, sem remuneração, Dilma revelou pormenores das sessões de humilhação sofridas em Minas. “O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida”, disse.

    Humilde Apesar de ser ainda apenas a secretária  das Minas e Energia, a postura de Dilma impressionou Robson: “A secretária tinha fama de durona. Ela já chegou ao corredor com um jeito  impositivo, firme, muito decidida. À medida que foi contando os fatos no seu depoimento, ela foi se emocionando. Nós interrompemos o depoimento e ela deixou a sala com uma postura diferente em relação ao momento em que entrou. Saiu cabisbaixa”, conta ele, que teve três dias de prazo para colher sete depoimentos na capital gaúcha. Na avaliação de Robson, Dilma teve uma postura humilde para a época ao concordar em prestar depoimento perante a comissão. “Com ou sem o depoimento dela, a comissão iria aprovar a indenização de qualquer jeito, porque já tinha provas suficientes. Mas a gente insistia em colher os testemunhos, pois tinha a noção de estar fazendo algo histórico”, afirma o filósofo.

    Sandra Kiefer
    Publicação: 17/06/2012 04:00
     Fonte:Jornal Estado de Minas  http://impresso.em.com.br/cadernos/politica/