Uma Nova Reflexão A Partir de Antigas Perspectivas
Por: Viviane Cabrera
Muito se discutiu sobre a aliança PP e PT. Até mesmo eu, de início, fiquei um tanto incomodada com o fato de meu ídolo político (Luiz Ignácio Lula da Silva) ter buscado apoio político junto a um dos políticos mais corruptos que esse país já teve notícia. No entanto, lembrei de um episódio da história brasileira em que se levantou, também, o questionamento sobre coerência.
Em janeiro de 1950, Getúlio Vargas vai até Luiz Carlos Prestes pedir apoio deste para sua candidatura à presidência. Ora! Os dois eram inimigos políticos, com o agravante de que Getúlio – populista simpatizante de ideologias totalitárias – proibia a existência do partido comunista, mandou Prestes para a prisão e sua esposa, Olga Benário, para um dos mais terríveis campos de concentração na Alemanha. Fato é que mesmo com todos os pesares, o militante do Partido Comunista do Brasil disse ao seu opositor: “Não posso colocar os meus dramas pessoais acima dos interesses do partido. Aceito apoiá-lo”. O que estava em jogo ali era a democracia, uma vez que por obra de militares, Getúlio fora derrubado do poder e caso o Brasil continuasse sobre essa dominação (ainda que indireta e maquiada), seria uma situação preocupante – como o foi anos mais tarde.
Verdade é que essa aliança não diminuía ou apagava a história de vida e trajetória política de Prestes. Ao contrário, serviu para mostrar que ele sim tinha dignidade, sabia o que realmente era a política, sem apelar para o que lhe era particular, reconhecendo que o bem-estar coletivo era mais importante no momento.
Pois bem. Há nas críticas vindas dos opositores do PT um quê de inveja, dado que o PSDB tentou também uma aliança com o Partido Progressista, porém, não obteve êxito. Já as críticas feitas por militantes do próprio partido talvez seja justamente pelo mesmo motivo de que eu mesma, no começo, tive um certo estranhamento com o fato. É que para compreender a atualidade devemos analisar nosso passado, nossa história e cultura. Não é de hoje que alianças impensáveis acontecem em prol do bem coletivo. Afinal, esse é o propósito maior da política. Tentar compreender qualquer circunstância fora de seu contexto é algo em vão.
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