sexta-feira, 8 de junho de 2012

FRANÇA ASSOCIA DOENÇA DE PARKINSON AO USO DE AGROTÓXICOS

Do site Ianotícia

Um decreto francês associa a doença de Parkinson ao uso de agrotóxico, afirmou o jornal francês Le Monde. A informação foi repercutida no Brasil entre agricultores familiares e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). No Espírito Santo, a notícia foi foi rapidamente repercutida entre movimentos camponeses que lutam pelo fim do uso de agrotóxico no Estado.

A informação entre os agricultores camponeses é que no País, assim como no Estado, faltam medidas que permitam a identificação das doenças geradas pelo uso de agrotóxico.

Segundo o Le Monde, na França, a atenção sobre a saúde dos agricultores tomou força após o processo movido pelo produtor de grãos Paul François, contra a gigante norte-americana Monsanto. A empresa foi julgada responsável pela intoxicação do produtor por meio da inalação do agrotóxico Lasso.

No dia 30 de abril, outra decisão condenou o Estado a indenizar um produtor de grãos de Meurthe-et-Moselle, que sofre de uma síndrome mieloproliferativa. A patologia foi associada ao uso de produtos que continham especialmente benzeno.

O decreto que reconheceu a relação entre o uso de agrotóxicos e o mal de Parkinson foi considerado uma vitória entre agricultores franceses e de outros países. Segundo a Associação de Fitovítimas, uma das primeiras a quebrar o silêncio sobre os impactos do agrotóxico na saúde humana, a inclusão do mal de Parkinson na lista de doenças ocupacionais do sistema agrícola facilitará os esforços dos agricultores. Com a informaçào, acredita-se que a doença será diagnosticada em menos de um ano após a utilização dos pesticidas, além de beneficiar o agricultor que ficar incapacitado de trabalhar.

A Mutual de Saúde dos Agricultores (MAS) também se manifestou sobre o artigo do jornal francês e afirmou que apenas 20 casos de mal de Parkinson foram relatados aos comitês de reconhecimento de doenças ocupacionais em uma década. Segundo os agricultores capixabas, esse número deve ser ainda maior.

A informação é que 4.900 doenças são reconhecidas a cada ano como doenças profissionais, porém, apenas cinco delas estão ligadas ao uso de agrotóxico oficialmente, entre elas, o câncer.

Segundo o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA-ES), além de casos de câncer, o uso de agrotóxico pode gerar a perda de membros, impotência, depressão e, pode também, levar ao suicídio. Para os agricultores, o número de agrotóxicos em uso no Brasil é tão grande que mesmo diante do descaso, quem tenta associar as doenças do campo ao uso de agrotóxico tem grande dificuldade.

De acordo com os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, o País é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos, ou seja, consome 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; os Estados Unidos, 17%; e o restante dos países, 64%.

Somente no ano de 2011, o Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do trabalhador do Ministério da Saúde, registrou 8 mil casos de intoxicação por agrotóxico no País.

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