Um
decreto francês associa a doença de Parkinson ao uso de agrotóxico,
afirmou o jornal francês Le Monde. A informação foi repercutida no
Brasil entre agricultores familiares e Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST). No Espírito Santo, a notícia foi foi rapidamente
repercutida entre movimentos camponeses que lutam pelo fim do uso de
agrotóxico no Estado.
A
informação entre os agricultores camponeses é que no País, assim como no
Estado, faltam medidas que permitam a identificação das doenças geradas
pelo uso de agrotóxico.
Segundo o
Le Monde, na França, a atenção sobre a saúde dos agricultores tomou
força após o processo movido pelo produtor de grãos Paul François,
contra a gigante norte-americana Monsanto. A empresa foi julgada
responsável pela intoxicação do produtor por meio da inalação do
agrotóxico Lasso.
No dia 30
de abril, outra decisão condenou o Estado a indenizar um produtor de
grãos de Meurthe-et-Moselle, que sofre de uma síndrome
mieloproliferativa. A patologia foi associada ao uso de produtos que
continham especialmente benzeno.
O decreto
que reconheceu a relação entre o uso de agrotóxicos e o mal de
Parkinson foi considerado uma vitória entre agricultores franceses e de
outros países. Segundo a Associação de Fitovítimas, uma das primeiras a
quebrar o silêncio sobre os impactos do agrotóxico na saúde humana, a
inclusão do mal de Parkinson na lista de doenças ocupacionais do sistema
agrícola facilitará os esforços dos agricultores. Com a informaçào,
acredita-se que a doença será diagnosticada em menos de um ano após a
utilização dos pesticidas, além de beneficiar o agricultor que ficar
incapacitado de trabalhar.
A Mutual
de Saúde dos Agricultores (MAS) também se manifestou sobre o artigo do
jornal francês e afirmou que apenas 20 casos de mal de Parkinson foram
relatados aos comitês de reconhecimento de doenças ocupacionais em uma
década. Segundo os agricultores capixabas, esse número deve ser ainda
maior.
A
informação é que 4.900 doenças são reconhecidas a cada ano como doenças
profissionais, porém, apenas cinco delas estão ligadas ao uso de
agrotóxico oficialmente, entre elas, o câncer.
Segundo o
Movimento de Pequenos Agricultores (MPA-ES), além de casos de câncer, o
uso de agrotóxico pode gerar a perda de membros, impotência, depressão
e, pode também, levar ao suicídio. Para os agricultores, o número de
agrotóxicos em uso no Brasil é tão grande que mesmo diante do descaso,
quem tenta associar as doenças do campo ao uso de agrotóxico tem grande
dificuldade.
De acordo
com os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José
Agenor Álvares da Silva, o País é responsável por 1/5 do consumo
mundial de agrotóxicos, ou seja, consome 19% de todos os defensivos
agrícolas produzidos no mundo; os Estados Unidos, 17%; e o restante dos
países, 64%.
Somente
no ano de 2011, o Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde
do trabalhador do Ministério da Saúde, registrou 8 mil casos de
intoxicação por agrotóxico no País.
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