segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Lula: porque defender o homem e o mito



Por MARGARIDA SALOMÃO
Deputada federal pelo PT-MG



:

O mito é o nada que é tudo”. O primeiro verso de Fernando Pessoa no poema Ulisses epigrafa a reflexão que devemos fazer sobre o que está acontecendo ao presidente Lula neste momento da história brasileira.
Lula não era nada. Pobre, filho de analfabetos, imigrante nordestino e operário. Posteriormente sindicalista, deputado, fundador do PT e, audaciosamente, candidato à presidência da república. Como não era nada, apenas uma voz dissonante que acreditava na democracia e, principalmente, acreditava que era possível e necessário acabar com a desigualdade, a fome e a miséria neste país, perdeu a eleição três vezes. Mas não perdeu a esperança.
Por isso, tornou-se tudo. Dentro de um contexto de extrema adversidade – dívida externa, recessão, desemprego – virou um gigante. Falando para cada um, em cada canto desse país, que era possível fazer diferente, contagiando as pessoas com o seu sonho. O projeto antes remoto, abstrato, amorfo revelou-se um campo de possibilidades que pulsava, vibrava e movia o povo. Criou-se o mito, que eleito e reeleito presidente, realizou o melhor governo da história  deste país. Começou-se a construir um futuro glorioso, não para as velhas elites oligárquicas, ou para os eternos donos de tudo; glorioso para quem foi como Lula no passado: nada.
Por ser um homem-mito, que alimenta os sonhos daqueles que não tinham perspectiva de futuro, passou a parecer perigoso. Na história recente, não há ninguém vivo na esquerda mundial que possua uma trajetória de vida como Lula. Sua biografia tem um teor subversivo capaz de desestabilizar o status por  encarnar historicamente a esperança dos que não têm. 
Característica de seu legado, democrata, republicano e negociador, é não ter optado pelo enfrentamento radical da conjuntura, alavancando mudanças mais estruturais, mais profundas. Talvez, por este ponto, tenha sido ingênuo ou presunçoso, imaginando que a elite, tendo sido também beneficiada nos seus governos, lhe seria  grata pela eternidade.
Não se trata de questões morais, mas de práticas secularmente inculcadas na nossa cultura que naturalizam, por exemplo, que o anti mito Joaquim Barbosa adquira um apartamento luxuoso em Miami, ou que, o self made man Silvio Santos tenha salvado o seu banco Pan Americano em negociação com o “amigo do Aécio”, André Esteves, preso na Lava Jato.
Joaquim Barbosa e Silvio Santos, um negro e o outro camelô, têm aval para fazerem o que quiserem porque são exceções, fazem jus a seu "mérito": não ameaçam a regra, não abalam as estruturas. Entretanto, o nordestino operário que ousou ser presidente foi longe demais. Ele não só subiu na vida como também levou muita gente junto. Tirou mais de 20 milhões de pessoas da miséria, elevou 42 milhões à classe C e, atrevidamente, criou onze novas universidades federais, além de programas como o  Prouni e as cotas raciais que mudaram definitivamente a cara das instituições universitárias  e as perspectivas de futuro da juventude pobre, negra, da periferia e do interior.
É fato que muito do que foi conquistado está hoje ameaçado pela crise econômica mundial e, principalmente, pelo rancor dos que nunca aceitaram que um operário, com curso técnico, fosse “o cara”, e tirasse o Brasil da condição subalterna. Assim, é necessário desgastar a aura do mito, banalizá-lo, reduzi-lo a homem comum, expor suas fraquezas, escancarar e agravar suas feridas. Mais, é preciso criminalizar o mito. Acabar com toda sua força propulsora, eliminar sua potência.
E fazem isso com toda desfaçatez porque, no senso comum, sempre gotejou a ideia de que pobre quando chega ao poder faz algo errado. Então, conservadores, mídia reacionária e o poder judiciário que, recentemente, virou Deus na política brasileira, empenham-se, teratologicamente, em transformar o mito Lula na encarnação da corrupção.
Está em curso uma desqualificação generalizada da esquerda que abre caminho para uma hiperaceitação da direita. Isso é tático. O bolo está menor e não dá para todos. A esquerda defende o bem comum e a inclusão social, enquanto a direita busca defender seus próprios bens e a "liberdade" para acumular mais. Se não há bolo para todos como fatiá-lo?
A crítica moralista àqueles que teimaram, com todos os erros e acertos, a colocar na ordem do dia o combate às desigualdades e a toda forma de exclusão, tem somente uma finalidade: esconder que o problema é sistêmico. E para a sobrevivência desse sistema ganancioso e corrupto é fundamental matar o mito e manter-nos sob controle por meio do medo e do ódio. Não é para romper com práticas seculares que querem que nos sintamos traídos e enganados. É para perdermos a esperança, para achar que não tem jeito, para ficarmos apáticos e mais distantes dos espaços de decisão.
É preciso matar o mito para matar a nossa capacidade de sonhar e agir de forma inesperada. Quando sonhamos, conseguimos nos libertar das amarras e buscar outros caminhos e possibilidades. Em tempos de crise, é letal este abandono.  Não podemos nos deixar contaminar pela desesperança, pela apatia, pelo medo. Temos que lutar.  Não só por Lula: por nós mesmos. Porque uma sociedade sem a utopia de sua emancipação , como profetiza Pessoa, está liquidada. “Em baixo, a vida, metade/ De nada, morre”.

E VIVA A CORRUPÇÃO!



De repente, num passe de mágica, todos os brasileiros politizaram-se, transformando-se em doutores especializados em Ciências Políticas, com precisas análises de conjuntura e exata percepção da realidade.

A oposição brasileira tem como certo que o impeachment não passará e mais certo que, pela via eleitoral, Lula é imbatível.

Então a tática e a estratégia são simples, mas altamente eficazes: sangrar, desgastar Lula, e, permanecendo no regime presidencialismo de direito, como determina a constituição, criar um parlamentarismo de fato, com o poder legislativo fazendo um governo paralelo.

Para isso é preciso deixar o povo de fora, alienado, como o bom corno manso, com flores e bombons para a adúltera.

A melhor maneira de se dominar vontades e intenções, seja a nível de grupo, indivíduo ou sociedade, é restringindo o universo dos pensamentos, levando as pessoas a pensar muito e o mesmo, repetitivamente, o que em psicologia é chamado de monoideísmo, despersonalizando.

É isto o que leva ao fanatismo, a ideia única, em detrimento de todas as outras possíveis.
Para o fanático religioso as coisas só acontecerão se Jesus permitir, ou não acontecerão, se Jesus não quiser, porque Jesus está no comando, é fiel, só Jesus cura, só Jesus salva, e o desemprego e a dengue são da vontade de Deus, e se o antibiótico cura a gripe, mais um milagre de Jesus, e o emprego apareceu, Deus é bom.

Nas outras religiões não é diferente, substituindo-se as palavras Jesus e Deus pelo santo de devoção ou o “orixá de cabeça”, por Alá ou Javé, de maneira que o crente se torne um ser despersonalizado, sem livre arbítrio, não mais que um objeto de uma força externa.

Esse procedimento, exitoso, fazendo fortunas de líderes religiosos, erguendo impérios econômicos, chegou à política, com todos no exercício do monoideísmo: corrupção!

Se o Federal Reserve(Banco central norte americano) aumenta a taxa de juros, aumentando a captação de dólares, gerando inflação e desemprego em todo o mundo, no Brasil é por causa da corrupção.

Os Estados Unidos têm um déficit primário de 2,5%, a França, de mais de 4%, o Japão, de 8,8%, mas, segundo a mídia, estamos quebrados, por causa de um déficit de 0,5%, culpa da corrupção.

O governo desonera(deixa de cobrar impostos, temporariamente), para aumentar a produção, reduzir o desemprego e contornar a crise internacional, todo mundo troca de tevê, de carro, põe o filho na escola particular, reforma a casa e, cessada a desoneração, porque cientificamente impossível continuar por longo tempo, há um limite para não se arrecadar, e vem a grita: subiu de preço por causa da corrupção.

O continente sul americano, por conta do fenômeno climático El Niño, enfrenta a maior estiagem dos últimos sessenta anos, falta água para irrigar as plantações, cai a produtividade e aumentam os preços, o que é natural, mas é por causa da corrupção.

Falta água nos reservatórios, a energia elétrica troca de matriz, passando a ser gerada a partir dos derivados de petróleo, bem mais caros que a água, aumenta a tarifa da energia elétrica, por causa da corrupção.

E é preciso combater os que não pensam iguais a nós, e novamente o monoideísmo preconceituoso dos religiosos: todo pastor é ladrão, todo padre é pedófilo, todo pai de santo é homossexual porque, se não acreditam no que acredito é porque estão a serviço de satanás, transposto para a política: todos os que não pensam iguais a nós são corruptos ativos ou passivos, tolerantes com a corrupção.
E há o perdão: sou evangélico e sei que há pastores desonestos, embusteiros, mas não são problema meu, mas de Deus; sendo católico, os padres pedófilos não são problema meu, mas da Cúria, do Vaticano, de Deus... De maneira que os nossos corruptos, mais que serem tolerados, têm o nosso apoio, não é um problema nosso, mas da justiça.

Assim, um Eduardo Cunha, com 22 processos por corrupção, mais duas investigações em curso e um indiciamento, com 9 contas secretas no exterior, fruto de saque no dinheiro público, continua a presidir o parlamento brasileiro, com o apoio de toda a oposição, porque é o bom ladrão, o ladrão útil, o Dimas da direita brasileira.

A maior rede de tevê do país, praticamente fonte única de informações e de formação do povo, antes de qualquer investigação, acusa um homem de ser proprietário de um triplex avaliado em 1,8 milhões, comprado a prestações.

Com as provas de que o homem não é o dono do imóvel, contorna-se, afirmando que está praticando ocultação de patrimônio, que está no nome de laranjas, até que a mídia alternativa descobre que está em nome de laranjas sim, mas não ligados ao acusado, e sim à rede de tevê que o acusou, sendo os mesmos em cujos nomes está um outro triplex, este avaliado em 20 milhões, construído em terras públicas, área de preservação ambiental, e isto não vem ao caso porque tudo feito pelos donos da tevê que denunciou o homem, todos ladrões correligionários, toleráveis, corrupto é o governo e os a ele ligados.

Os do governo, por sua vez, impotentes e incompetentes para mudar a situação, assistem o desmonte das empreiteiras nacionais, gerando desemprego e paralisando a economia; à interrupção do desenvolvimento do nosso programa nuclear, perpetuando a dependência e o colonialismo; o sucateamento de uma das maiores petroleiras do mundo, orgulho nosso, preparando-a para ser fatiada e vendida às petroleiras multinacionais, limitados a repetir corrupção, corrupção, corrupção... Em sentido oposto, contra a oposição.

Como romper esse ciclo nefasto que está nos destruindo? Como neutralizar este demônio chamado corrupção que, como nas religiões, está a serviço dos que dele se servem, em nome de Deus?
O brasileiro transformou a política, cuja matéria prima é a informação, em religião, cuja matéria prima é a fé, o acreditar, com ou sem provas.

Tornamo-nos todos corrupcionistas e ainda não nos demos conta.

Até quando reduziremos tudo à corrupção, em ideia única e que a tudo justifica, para regalo e lucro dos verdadeiros corruptos?
Francisco Costa
Rio, 15/02/2016.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O chapéu de couro de Luiz Inácio Lula da Silva


Por Osvaldo Bertolino
A campanha da direita para destruir a reputação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avança do noticiário moldado pela técnica do nazista Joseph Goebbels de transformar mentiras em verdades à força da repetição para os editoriais. É a ideologização da calúnia. Todo santo dia há um deles em algum veículo da cadeia midiática que se formou para, num tom monocórdio, despejar sobre a sua mais simbólica vítima o tufão de acusações que surgiu com a mais recente fase da série midiática chamada “Operação lava Jato”, deflagrada pelo juiz Sérgio Moro.
O método dos caluniadores é invariável. A vida de Lula vem sendo revirada pelo avesso para mostrá-lo como um soba pouco mais do que analfabeto, que tem praticado uma infinidade de atos idiotas. Lança-se sobre um dos pratos da balança da justiça o peso de uma montanha de acusações com o intuito declarado de privar o ex-presidente dos seus direitos de cidadão. O acinte chega ao ponto de chamá-lo de “marido da Marisa” e “bisonho barbudo”, como fez o jornal O Estado de S. Paulo em editorial.
Língua do povo
Os achincalhes têm o propósito óbvio de ocultar o caminho histórico do povo brasileiro que o levaria à sua independência, à sua libertação da opressão secular imposta por uma elite desalmada e impatriótica, um núcleo de pessoas pervertidas e ideologicamente dominante. Alguém vindo desse povo gozando de plenos direitos democráticos e com a autoridade moral que Lula conquistou, faz um estrago incalculável nas barreiras erguidas pelo autoritarismo dessa elite para impedir o avanço popular.
Lula falando à vontade por aí teria o poder de destruir as catedrais que a direita construiu ao longo do tempo para pregar sua ideologia como dogmas de uma religião. Não haveria campanha midiática capaz de se contrapor ao seu carisma e à sua capacidade de dizer verdades com simplicidade, falando a língua do seu povo. Detê-lo passou a ser a missão prioritária dessa mídia. E para isso montaram as farsas do “mensalão” e da “Lava Jato”, fórmula que encontraram para alicerçar seus propósitos criminosos.
Com tudo combinado, chegou o momento de reforçar o ódio nas ruas, mostrando Lula como um ser desprezível. Exatamente quando ele poderia sair pelo país dizendo poucas e boas verdades para impedir a marcha dos golpistas contra a presidenta Dilma Rousseff. A mais recente operação casada judiciário-mídia chegou para acabar com essa possibilidade e abrir espaço para o próximo lance golpista, do qual muito se ouvirá falar na mídia nos próximos dias. Fizeram o piquete para conter Lula e soltar os cachorros loucos do impeachment.
Cabras safados
A ideologização das calúnias nos editorias da mídia é uma forma de armar seus soldados. Recentemente, por exemplo, o Estadão disse, em suas famosas “Notas e informações” (editoriais), que o “cidadão” pode ficar tranquilo porque com a comprovação do “mensalão” e do “petrolão” os dias de Lula e seu bloco na “política” estão contados. Essas confissões das intenções da direita são, para os defensores da democracia e dos direitos do povo, um alerta gravíssimo.
Há uma tradição do Nordeste que pode ser útil nesse momento. É a autoridade que se empresta ao que pertence a alguém por direito. O chapéu de couro é o seu habeas corpus. Se for pendurado em uma cerca de um terreno litigioso, por exemplo, quem o derruba afronta o valente a quem ele pertence. Quem desrespeita o chapéu, desrespeita o dono. Lula tem a autoridade do chapéu de couro, simbolizado pelo respeito que granjeou junto ao seu povo. Os coronéis que tentam derrubá-lo devem receber a resposta que um nordestino e seu povo dariam a cabras safados que atentam contra o chapéu de couro.
Fonte: http://outroladodanoticia.com.br/2016/02/13/osvaldo-bertolino-o-chapeu-de-couro-de-luiz-inacio-lula-da-silva/

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Poema em linha reta

de Fernando Pessoa


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

CORAGEM




Era uma vez um ratinho que tinha medo do gato.
Angustiado, aquele ratinho procurou ajuda do mágico.
O mágico transformou o ratinho em um gatinho.
Mas o gatinho teve medo do cachorro.

E depois de ter virado cachorro, ele passou a ter medo da pantera.
Aquele vulnerável cachorro voltou até o mágico e este, com pena, o transformou numa pantera.
Só que enquanto pantera, ele passou a viver com medo do caçador...
Aí, a essas alturas, o mágico desistiu e o transformou em ratinho, de novo.
E disse o mágico: olha, não adianta! Não há nada mais que eu possa fazer por você.
Eu fiz tudo o que podia para ajudar você.

Acontece que você tem a coragem de um ratinho, você pensa como um ratinho e age como um ratinho.
Somente a você compete a coragem de largar o medo.

Não são os estereótipos que nos dão coragem para desafiar nossos medos.
As aparências, ainda que camuflem, não refletem a força vital da seiva que corre no caule que sustenta o ramo da flor.
O que nos encoraja a enfrentar os desafios da vida são as essências do que vai por dentro da gente.
Lá, no coração. Porque coragem nasce do latim CORATICUM. Sua tradução significa AÇÃO DO CORAÇÃO. Acreditava-se que era do coração que a coragem fluía.

Nós não nascemos para ser ratinhos.
Mas quantos de nós entregam-se à falta de coragem e não ousam enfrentar seus medos.
Porque é natural que ratinhos roam a “tábua de queijo” da nossa coragem aqui e ali.

Mas é essencial que a gente tenha a vontade necessária de encontrar o mágico que nos transforma no que a gente quiser.

Aquele mágico que às vezes vive adormecido dentro de nós.
O mágico que nos transforma somos nós mesmos!

A magia da vida está na coragem de vencer o medo que nos protege e nos esconde no casulo do comodismo.
A vida se torna mágica quando a gente, efetivamente, não se deixa paralisar pelo medo.
Nelson Mandela dizia que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele.

O bom do medo é que ele nos alerta dos perigos.
Não é outra coisa, senão o medo que nos faz olhar os dois sentidos ao atravessar a rua.
Não fosse o benefício do medo, e a gente teria a loucura corajosa de pôr a mão no fogo, continuamente. E queimar o dedo seria tão natural quanto tomar banho.
Banho que muitos o – por fobia – evitam tomar.

Ao medo excessivo de tomar banho dá-se o nome de ablutofobia.
O medo não pode nos angustiar a ponto de tirar de nós nossas expectativas de vitória.
Antes de nos esvaziarmos por dentro, importa nos abastecermos com a coragem que, análoga à fé, dá força e sustento à caminhada.

Redefinindo o que escreveu Martha Medeiros, coragem é o combustível que necessitamos para trilhar o longo caminho desde o nascimento até o ponto de chegada – que significa o fim de nossa vida.
Sem combustível o veículo não vai a lugar nenhum, conquanto a coragem nos movimenta.
Coragem não significa a ausência do medo. Coragem é a ação apesar do medo.

O medo é uma emoção natural do ser humano.
Todavia, em hipótese alguma podemos nos deixar dominar por ele. Muito menos que este se transforme em fobia.
Fobia é aquela espécie de medo acentuado, excessivo e desmedido.
Fobia vem do Grego “Fobos”.
Fobos é a personificação do medo e do terror.
Era filho do Deus Grego Ares e acompanhava o pai nas batalhas.
Fobos tinha um medo descontrolado, aterrador e injustificado até, de morrer nas guerras.

Tem tudo quanto é tipo de gente que tem fobia de tudo quanto é tipo.
Na quase infinita lista das fobias assinaladas pelos dicionários médicos, algumas são de natural conhecimento.

Só para ficar em dois exemplos, a pessoa que tem pavor à escuridão sofre de acluofobia e a acrofobia acomete quem, como eu, morre de medo de altura.

Sou daqueles capaz de desperdiçar a extraordinária poesia que a vista de um pôr-do-sol recita aos olhos caso seja necessário, para isso, afastar os pés alguns metros do chão.

Fico imaginando o quanto o medo de viver vitima um incontável número de pessoas.
Gente que tem medo de viver.
Gente que tem medo de se envolver. Gente que tem medo de tentar.
De começar. De recomeçar.

Penso nos conflitos interiores que corrói, incontinente, a consciência de quem desistiu de algo por simples medo que pudesse não dar certo.
Aflige-me imaginar o arrependimento de quem nunca alcançou seus objetivos simplesmente porque não teve coragem de sonhar. O medo o paralisou.
E ele nunca começou.

Dizem que o pior dos arrependimentos não é o arrependimento de ter tentado e errado.
Mas o arrependimento de nunca ter tentado.

Imprescindível se torna a certeza de que pra vencer é preciso ter coragem.
Pra vencer é preciso que tenhamos medo de perder.
Já dizia o filósofo que o sucesso e o amor preferem o corajoso.

Não permita que o medo lhe imobilize. Que a covardia roube de você a coragem de avançar.

É verdade que o medo nos acompanha desde que tínhamos as cavernas como lar e abrigo.
Ninguém é obrigado ser de todo corajoso, mas a ninguém assiste o direito de ser cem por cento medroso.

A vida costuma cobrar alta a fatura aos ratinhos que optam por morrer sendo ratinhos.
Que não resistem aos seus medos.

Formam inumeráveis “galáxias” de seres os que gravitam no assombroso universo dos medrosos. Aqueles que abdicaram da ajuda do mágico e se contentaram com a ínfima sorte de ser para sempre um ratinho.
Deram as costa para a coragem.
Solenemente.
Ignoraram que coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo.
Não resistiram porque muitas vezes não tiveram a coragem de tentar vencer os medos.

Que você tenha a coragem indispensável de resistir e enfrentar seus medos.

Salomão já dizia que para todos que estão vivos há esperança.
Deus se faz caminho e caminha lado a lado com você.

Levante-se, posicione-se e tome um rumo, marque uma seta, e dê um objetivo à sua vida.
Para viver é preciso vencer. Todos os dias.

Que Deus te abençoe. Todos os dias.
Que Ele te encha de coragem. Todos os dias.
Que Deus te faça vencedor. Todos os dias.

Era uma vez um ratinho que o medo nunca o deixou passar de um ratinho.
Que não seja você esse ratinho.


APRENDIZADO:

Há pessoas que só tem a coragem de um rato. Para elas todas as decisões serão procrastinadas, viverão inseguras e nada do que se faça irá mudar isso.
Perderão oportunidades valiosas por medo e falta de confiança em si mesmas.



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Rosas para Lula, por Ion de Andrade



Lula é um grande problema para a oposição!
Não se trata de uma pessoa física, é uma Lenda. No plano pessoal é a figura que conseguiu percorrer um itinerário de privações e dificuldades de toda ordem e ter êxito. Ninguém encarnaria a meritocracia burguesa com maior desenvoltura do que ele. Lula, porém, foi além da hipnose meritocrática que impede a percepção do sucesso como o resultado de um esforço coletivo. A ilusão desse “mérito” produz apenas a desidentificação do sujeito com a sua  origem social, adesão aos de cima e desprezo pelos que lá ficaram. Mas com Lula isso não aconteceu. Cedo ele entendeu o vínculo entre sucesso individual e esforço coletivo e que a sua emancipação só poderia servir a guiar outras como a dele. Em lugar de ser mais um boi no pasto, foi o boi que arrombou a cerca para a passagem da boiada, a alavanca que permitiu a emancipação da miséria de 40 milhões de brasileiros.
A história do Brasil dará a Lula papel mais relevante do que o que reserva hoje a Getúlio ou Juscelino. Lula é ícone mundial, como Gandi ou como Martin Luther King. Essa condição independe do que quer que o judiciário brasileiro venha a fazer com ele. Ao contrário, tais Lendas, só fazem ganhar, ganham quando ganham e ganham também quando parecem perder.
Na verdade, Lula é que será o parâmetro para julgar quem foi e quem não foi canalha na atual quadra da história desse pobre país.
Mas as forças que o combatem são intranscendentes, no sentido de que não se importam com o futuro. A sua cosmologia é pobremente formada por um eterno hoje e apenas com ele se preocupam. Esse hoje, pobre e intranscendente os leva a querer “pegar Lula”.
Essa intranscendência os impede de perceber e de se inquietar com o significado último do que fazem. Não sabem o que fazem... O que importa é enxovalhar o homem, não percebem que não podendo enxovalhar a Lenda são eles que serão tidos como culpados. O que fará o dono da vinha?
Quem será mais forte em 2018? O Lula líder ou o Lula mártir? Preso injustamente numa carceragem de Curitiba ou de São Paulo por um apartamento no Guarujá e uma canoa? ou livre nas ruas? Eis a questão que está muito além da compreensão de alguns detratores.
A oposição não entendeu, mas é pedir demais, reconheço, que nessa Lenda universal; que tem versões em todas as culturas, e que conta a história de um líder que saiu do povo e o redimiu; o protagonista sempre vence.
Lula vence livre, pois será líder, vence preso, pois será mártir e dará origem a um movimento, o Lulismo, que será imbatível por gerações, mais forte, mais capilarizado e mais profundo do que o Peronismo na Argentina. O Lulismo de hoje, com Lula entre nós, não é nada se compararmos com aquele Lulismo que um dia nascerá. Esse Lulismo futuro será herdeiro e sucessor do próprio Lula, será multipartidário, e não somente petista, e continuará cobrando à direita tudo o que já lhe dá dor de cabeça hoje. O Lulismo será a plataforma que decidirá o segundo turno das eleições no Brasil por décadas. Setenta anos depois o Gaullismo, conservador, é força viva na França...
A oposição não se interessa pelo futuro, mas ele nos verá da seguinte forma:
I Por um lado a) um judiciário parcialíssimo, para quem o que incrimina o PSDB não interessa, b) uma polícia que deixa passar o tráfico por helicóptero de meia tonelada de cocaína, (poucas coisas poderiam ser mais graves), não prende os proprietários, solta o piloto e devolve a aeronave, (pertencente a uma família de apoiadores de Aécio Neves), e c) uma oposição chefiada por um personagem inimputável quatro vezes delatado na mesma Operação que, no entanto prendeu o Almirante Othon, pai da energia nuclear brasileira.
II Por outro o personagem que encarna a Lenda que redimiu 40 milhões de miseráveis e que sobreviverá a nós é tratado como um criminoso a priori, humilhado juntamente com a sua esposa e filhos, faltando-lhe apenas o crime, nunca definido, mas que quando encontrado o levará ao judiciário, (convertido num cadafalso), onde será, finalmente, julgado e enforcado ao amanhecer.
Intranscendentes as forças que pretendem solapar a sua imagem não percebem que já perderam. Não interessa se conseguirão vê-lo preso. É tarde demais para quem queria “pegar o Lula”.
Lula é líder ou será mártir e a ele se seguirá um portentoso e invencível Lulismo que durará gerações.
Como na Parábola dos Lavradores Maus, (de grande atualidade), Lula é a “pedra rejeitada que se tornou pedra angular”. Tarde demais, ele já se tornou a pedra angular. Por isto o jogo já está perdido para aqueles que querem humilhá-lo ou destruí-lo.
Os que somam com ele venceram. Toda a questão agora é a sua proteção enquanto ser humano, sua família, sua privacidade, as pessoas que ama e que por isto se tornaram alvo de covardes e canalhas. Devem ser alvo do carinho e do amor do seu povo. Temos, aliás, que ser muito expressivos na manifestação desse carinho que mostra muitíssimo mais que a solidariedade política.
O homem é frágil e estaremos com ele e com os que ele ama. Mas a Lenda, bem, a Lenda venceu, é imorredoura, e é ela que nos alimenta e que guiará e galvanizará o Brasil a ser um país mais justo, mais democrático e mais humano.
Se estivesse em São Paulo no dia da vergonha levaria uma rosa, ou um cartão de agradecimento, ou o desenho de uma criança e deixaria para Lula na frente do pelourinho em que converteram a justiça e o ministério público. Aquele dia da vergonha talvez venha a ser a primeira estação da Via Crucis que atravessará.
Deixar esse Pelourinho coberto da nossa expressão de carinho seria forte, seria fortíssimo.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/ion-de-andrade/rosas-para-lula-por-ion-de-andrade#.Vry31tuyqMg.facebook

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Marisa Letícia Lula da Silva

Hildegard Angel: Marisa Letícia Lula da Silva, palavras que precisavam ser ditas

por  Hildegard Angel*

Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de “a Cara” por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À “companheira” número 1 da República, muito osso, afagos poucos.
Dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E – pior de tudo – os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família?
Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve. Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade.
Depois, implicaram com o silêncio dela, a “mudez”, a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão?
Ah, mas tudo que “eles” queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar pomposo de doutorados e mestrados.
Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia.
E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom? Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade.
Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto.
Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar “emergentes” metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo “arrodeado” de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.
Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada.
No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita.
Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor! Cobraram de Marisa Letícia um “trabalho social nacional”, um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social.
Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo.
Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam. Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos.
Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.
*Hidegard Angel é colunista social no Rio de Janeiro, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones; trabalhou como atriz no cinema e na televisão na década de 1970, dedicou-se ao colunismo social no jornal O Globo e desde 2003 no Jornal do Brasil.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Lula

LULA DECEPCIONOU MAIS UMA VEZ:


Lula decepcionou mais uma vez.
Quem o queria abatido, se abateu. 
Quem queria ver o olhar perdido, se perdeu de vez. 


Quem o queria na cadeia, terá que esperar a vez. 

Lula disse: 


“To no jogo!” 

Resta apenas choramingar, mentir, pinçar frases, descontextualizar. 

Não há cadeia suficiente para Lula, não há construção erigida que 
suporte tamanha pena, Que dê conta de tanto pecado. 
Haja grades de ferro e de aço que sejam capazes de segurar, de reter 
 e de trancafiar tanta Coisa numa só, tanta gente num só homem. 
Não há cadeia no mundo que seja capaz de prender a esperança, 
que seja capaz de calar 
A voz. 

Porque, na cadeia de Lula, não cabe a diversidade cultural 

Não cabe, na cadeia de Lula, a fome dos 40 milhões 
Que antes não tinham o que comer 

Não cabe a transposição do São Francisco 
Que vai desaguar no sertão, encharcar a caatinga 
Levar água, com quinhentos anos de atraso, 
Para o povo do nordeste, o mais sofrido da nação. 
Pela primeira vez na história deste país. 
Pra colocar Lula na cadeia, terão que colocar também 
O sorriso do menino pobre 
A dignidade do povo pobre e trabalhador 
E a esperança da vida que melhorou. 
Ainda vai faltar lugar 
Para colocar tanta Universidade 
E para as centenas de Escolas Federais 
Que o ‘analfabeto’ Lula inventou de inventar 
Não cabem na cadeia de Lula 
Os estudantes pobres das periferias 
Que passaram no Enem 
Nem o filho de pedreiro que virou doutor. 
Não tem lugar, na cadeia de Lula, 
Para os milhões de empregos criados, 
(E agora sabotados)

O Lula inventou de inventar a gente do andar de baixo, galgando
 os degraus das Universidades, dos aeroportos, antes frequentados
pelos herdeiros  dos barões do café,do Leite e da cana de açúcar, pelos
 herdeiros  donos das  fábricas. Os habitantes do morro invadiram a praia
dos herdeiros dos coronéis do sertão e da Cidade. 


Por isso haja cadeia para o operário mais audacioso desse país. 

Nem para os programas de inclusão social 

Atacados por aqueles que falam em Deus 
E jogam pedras na cruz. - Tijolaço. 

Fonte:http://blogdoivanovitch.blogspot.com.br/2016/02/lula-decepcionou-
mais-uma-vez.html?spref=tw