sábado, 26 de setembro de 2015

O PT nunca morrerá porque ideias são imortais

Brilhante texto de Eduardo Guimarães o não filiado mais petista que os que se dizem petistas!


O PT nunca morrerá porque ideias são imortais
Não há dia em que a morte “iminente” do PT não seja anunciada. Defecções que o partido vem sofrendo são apresentadas como “provas” do fim da agremiação, ameaçada até de ser posta na ilegalidade – o que, em um país com a história que tem o Brasil, não seria surpresa.
Na semana que finda, oficializou-se a saída a saída do PT do deputado fluminense Alessandro Molon. No mesmo dia, especulou-se sobre a saída dos senadores petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA). Nos Estados e municípios, sabe-se que as defecções vêm ocorrendo.
Não sei se as notícias da morte do PT não estão sendo precipitadas, como sói acontecer com as mortes anunciadas, mas, por certo, fica difícil não especular sobre a possibilidade ante a guerra de aniquilação de que o partido é alvo.
Coloquei-me, então, a pensar na possibilidade de o PT deixar de existir. Suponhamos que todos saíssem do partido. Que não sobrasse mais ninguém. A culpa seria jogada na sigla e os que fizeram parte dela, agora reabilitados, alçariam novos voos.
O que colocaríamos no lugar do PT? Sim, porque não existe nenhuma corrente política com ideias semelhantes.
Quais são as ideias do PT? Acima de tudo, o PT não tem ideias; o PT É uma ideia.
Talvez, até, um estado de espírito ou uma forma de ver o mundo. E essa forma de ver o mundo se traduz nas políticas públicas adotadas pelos governos do partido que, a meu juízo, acima de tudo estão na base da ojeriza que as classes médias desenvolveram por ele.
As cotas “raciais”, por exemplo. Eis um exemplo de política pública exclusivamente petista e que enfurece até setores da esquerda. Todavia, poucas vezes o Brasil teve uma política pública mais de esquerda e que promovesse tanta justiça social em um setor tão vital quanto o ensino superior.
Sempre digo que uma das políticas do PT que mais o indispuseram com a elite foi fazer justiça no acesso ao ensino superior. Ao tirar vagas da elite e dá-las àqueles que com os filhos dela competiram em condições injustas, o PT conseguiu inimizades mortais.
Outra ideia legitimamente petista é o programa Mais Médicos. Assim como as cotas, é uma política legitimamente popular, progressista e vital cujos resultados têm se mostrado incontestavelmente benignos.
Não há um só relato sério de mau atendimento pelo Mais Médicos. A abrangência do programa é amplamente reconhecida. Dezenas de milhões de brasileiros que não dispunham de acesso à medicina, hoje estão sendo atendidos.
Os recursos alocados no Bolsa Família são outro fator que torna o PT indigesto ao impensável para setores da sociedade que nunca haviam visto tantos bilhões serem entregues aos pobres e miseráveis sem que eles nada tivessem que dar em troca. Nem mesmo votos!
Ainda assim, há defecções no PT. Marta Suplicy, por exemplo, saiu do PT acusando-o de problemas éticos e foi parar aonde? Justamente na maior reserva moral do país [modo ironia ligado], o PMDB.
Um deputado petista e um senador do PSOL caíram nos braços de Marina Silva. O partido dela, a Rede, é o mesmo que, encrustado no PSB, ano passado, colocou independência do Banco Central no programa da então candidata a presidente.
Ninguém ousará atribuir qualquer risco de “esquerdismo” ao partido de Marina, recém abençoado pela Justiça Eleitoral.
O PSB, aliado ao PSDB de São Paulo e que abrigou o projeto de Marina, ano passado, tampouco oferece à elite o risco de manter cotas, Mais Médicos ou de continuar fazendo o Bolsa Família crescer.
Quanto ao PDT, nem vale a pena comentar.
Restaria o PSOL, mas, além de esse partido fazer pouco das políticas públicas acima elencadas, não tem chance alguma de chegar ao poder porque nem a maioria esmagadora da esquerda dá muita bola a propostas suas como, por exemplo, a de estatizar o sistema financeiro…
Enquanto isso, o PSOL diz que as políticas redistributivas que fizeram a desigualdade cair tanto seriam “migalhas”.
No futuro, quando a análise fria da história abordar o período Lula e Dilma, a forte distribuição de renda que marcou esse período será eloquente sobre as razões que levaram o PT a ser massacrado por aqueles que perderam um pouco para os mais pobres ganharem.
A ideia que o PT representa é distribuição de renda e de oportunidades em um país marcado pela desigualdade. Nunca um partido fez tanto para tornar o país mais justo e, com PT ou sem PT, esse mérito ninguém jamais irá tirar da agremiação que fez do Brasil um país mais justo.
Um eventual e absolutamente hipotético fim do PT não exterminaria uma corrente de pensamento que entende que a única saída deste país é distribuir renda, pois, do contrário, verá ocorrer uma convulsão social de proporções épicas.
Essas pessoas, essa ideia que o PT simboliza, jamais será extinta. Poderá se refundar sob qualquer sigla, mas continuará existindo.
Seus adeptos continuarão acreditando que é possível conjugar o inevitável capitalismo vigente com um processo de distribuição de renda que o partido aplicou e que produziu resultados incontestáveis, queiram a oposição de direita e de esquerda ou não.
O que atrapalhou o PT foi a necessidade de governar em um sistema político em que um presidente não governa sem apoio do Congresso, o que obrigou os governos do partido a apelarem ao que havia de disponível para garantir governabilidade.
A ideia que o PT representa, a visão de mundo e de rumo para o país que o partido simboliza, portanto, é imortal. Destruir o nome sob o qual essa ideia se aglutina não a eliminaria, apenas obrigaria seus adeptos a mudarem de nome.
Dezenas de milhões de brasileiros entendem que a distribuição de renda e de oportunidades é o único caminho para este país avançar. Com ou sem PT, essa corrente de pensamento continuará pensando a mesma coisa.
Ainda se matassem todos os que comungam com a ideia que o PT representa, essa ideia permaneceria escrita em algum lugar. E contaminaria outros idealistas, que se tornariam os novos “petistas”, fosse qual fosse o nome que dessem a si mesmos.
Ao fim, quero repetir no Blog o que postei nas redes sociais. Se o PT tiver sorte, será abandonado por todos os oportunistas caras-de-pau que permaneceram gostosamente na sigla enquanto era confortável."

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A política tem uma lógica própria, que muitas vezes é perversa.


A política não é generosa e nem se compadece dos problemas pessoais.



Ela se rege pelas circunstâncias que mudam rapidamente e de forma inesperada.
A dinâmica do processo político atua sem controle.
Os mais sábios atores desse teatro são os que percebem a forma pragmática como a política se move. São aqueles que fazem seus próprios movimentos, mas jamais entram em conflito com a realidade. Fábio Campos

“A política passa a ter contornos de uma ciência autônoma separada da moral e da religião.
Na política, devemos observar os fatos como eles são e elaborar o que se pode e é necessário fazer, e não aquilo que seria certo fazer. 
Portanto, é necessário conhecer o homem, a sua natureza e agir na realidade efetiva.
A política é a arte do possível, a arte da realidade que pode ser efetivada, que atua a partir das coisas como são e não como deveriam ser. 
Por outro lado, o centro desta elaboração encontra sua genialidade na separação entre política e moral, distinguindo-se da elaboração aristotélica, pois é a moral que cuida do dever ser “(CHAUÍ, 1995). 

Maquiavel definiu assim  :
"A política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo"

O termo política é derivado do grego antigo e se refere a todos os procedimentos relativos à pólis que designa aquilo que é público .
Segundo Hannah Arendt, filósofa alemã (1906-1975), política "trata-se da convivência entre diferentes", pois a política "baseia-se na pluralidade dos homens", assim, se a pluralidade implica na coexistência de diferenças, a igualdade a ser alcançada através desse exercício de interesses, quase sempre conflitantes, é a liberdade e não a justiça, pois a liberdade distingue "o convívio dos homens na pólis de todas as outras formas de convívio humano bem conhecidas pelos gregos".

Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses.