Nova pesquisa, velhas frustrações
Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
Nada dá certo para as oposições faz tempo. Elas tentam, se esforçam,
mobilizam seus vastos recursos e as coisas não acontecem. Seu pior pesadelo
parece prestes a se materializar.
A tomar pelo que dizem os eleitores, quando perguntados sobre como
pretendem votar na próxima eleição, Dilma Rousseff se reelegerá sem grandes
problemas. Prognosticar sua vitória não é difícil para quem conhece um mínimo
da sociedade brasileira.
Ela tem tudo para vencer:
a) A “inércia reeleitoral”, que beneficia até governantes mal avaliados
(quem não se lembra dos muitos governadores e prefeitos que, apesar de
enfrentarem sérias dificuldades, terminaram vencendo?).
b) Faz um governo bem avaliado, aprovado por quatro em cada cinco
brasileiros (quem preferiria mudar, estando satisfeito com o que tem? Se há uma
coisa em que o eleitor acredita é que mais vale um pássaro na mão do que dois
voando).
c) Tem uma imagem pessoal muito positiva, é querida pela ampla maioria
dos eleitores, que gostam de seu jeito de ser e se portar como presidenta
(algum de seus possíveis adversários chega sequer perto do que ela alcança no
julgamento da atuação pessoal?).
d) É conhecida e aprovada pela quase totalidade do eleitorado, não
precisa perder tempo para se apresentar ao País (qual de seus oponentes em
potencial pode dizer o mesmo, uma vez que todos existem em nichos regionais ou
ideológicos?).
Confirmado o favoritismo, Dilma será a quarta chefe de governo eleita
pelo PT em sequência. Ao cabo de seu segundo mandato, chegaremos a 16 anos de
hegemonia petista na política brasileira.
O que será da atual geração de lideranças oposicionistas em 2018?
Quantas estarão ainda em condições de atrair a atenção dos eleitores? Quantos
de seus jovens terão envelhecido? Quantos dos atuais “formadores de opinião”,
na mídia conservadora, estarão ainda na ativa? (A maioria é tão velha que,
entre aposentados e falecidos, é possível que restem poucos).
A gravidade do quadro que as oposições enfrentam voltou a ser
confirmada na semana passada, quando uma nova pesquisa do Datafolha a respeito
da sucessão presidencial foi divulgada. Ela não trouxe novidade em relação ao
que se sabia desde o início de 2012. Exatamente por isso, foi uma ducha de água
fria no ânimo dos partidos da oposição e nos segmentos “antilulopetistas” da
opinião pública.
Apesar dos esforços diários e da militância radicalizada da mídia de
direita, Dilma fica cada vez melhor na corrida eleitoral. Enquanto isso, seus
adversários patinam ou retrocedem. Entre dezembro de 2012 e março deste ano,
ela foi de 54% a 58%, na vizinhança dos 60%, patamar onde outras pesquisas já a
haviam colocado. Marina Silva (sem partido) e Aécio Neves (PSDB-MG) perderam 2%
cada um, ela de 18% para 16% e ele de 12% para 10%.
Mais frustrante para a mídia foi, no entanto, o modesto crescimento do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Depois de “bombado” incessantemente
na mídia, foi de escassos 4% a escassos 6%.
Uma simples aritmética mostra que os três não mudaram seu tamanho
total: somavam 34%, em dezembro, e foram a 32%, em março. No máximo, o que
teria ocorrido seria uma pequena reacomodação no terço do eleitorado que não
pretende votar na presidenta: Campos tirou uma lasquinha de Marina e de Aécio.
Em votos válidos (a conta relevante para especular sobre vitórias em
primeiro turno), Dilma teria, hoje, perto de 64%. Muito próximo de alcançar,
sozinha, o dobro da soma dos demais.
Significa que “já ganhou”, que vencerá no primeiro turno? Claro que
não, e seria um equívoco se sua assessoria interpretasse assim a pesquisa. Mas
que os resultados do Datafolha foram uma decepção para as oposições, disso não
há dúvida.
O que lhes resta fazer?
O circo armado em torno do julgamento do “mensalão” foi inútil do ponto
de vista eleitoral. O PT não perdeu espaço em 2012 e nada indica que será
afetado em 2014.
A tese da incompetência gerencial da presidenta, à qual se dedicaram
assim que perceberam o insucesso anterior, não tem adeptos na maioria da
opinião pública. Ao contrário, os brasileiros se mostram cada vez mais
satisfeitos com o desempenho do governo.
A valorização dos possíveis adversários não comove os eleitores de
Dilma. Campos, seu mais dileto produto na atualidade, permanece com números de
nanico.
Quando pesquisas como essa são publicadas, ficam tristes e devem pensar
no “povinho” que Deus pôs no Brasil. O problema é que não podem trocá-lo. Ou
será que vão procurar prescindir dele na hora de decidir quem vai mandar?
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