sexta-feira, 18 de março de 2011

Mágoa.


Mágoa.

Em nenhum momento devemos nos permitir guardar a mágoa.

Quando a mágoa se instala, o indivíduo vai perdendo aos poucos a alegria de viver, avançando em direção aos estados depressivos e de melancolia – extinguindo-se o prazer pela vida. A mágoa cultivada aloja-se em determinado órgão e o desvitaliza, alterando o funcionamento normal das células.

Quando dissimulada e agasalhada nas profundezas da alma, se volta contra o próprio indivíduo, em um processo de autopunição inconsciente. Neste caso, o indivíduo passa a considerar a si próprio culpado pelo ocorrido, e então se pune, a fim de expiar a sua culpa.

Segundo Freud, o grande psicanalista do século vinte, todos nós temos uma certa predisposição orgânica para cedermos à somatização de algum conflito. Esta se dá geralmente em algum órgão específico. Desta forma, muitos de nossos adoecimentos repentinos são fruto do que ele chamou de complacência somática. Nós guardamos a mágoa ou “fazemos de conta” que ela não existe.

Como os sentimentos não morrem, eles são drenados no próprio ser, ferindo aquele que lhe deu abrigo Mas podemos abrir um espaço maior no nosso mundo psicológico que vai nos possibilitar uma paz interna, cujas magoas e os ressentimentos nos impede de encontrá-la

O segredo está em uma atitude que devemos tomar, mas que ao mesmo tempo é muito difícil, pois ela exige uma grande humildade: O Perdão. O perdão é algo que a pessoa acha que beneficia ao outro e que perdoar é perdoar a quem não merece, e isto é totalmente irrelevante, porque na verdade quem se beneficia é a própria pessoa que se livra de um grande fardo que é perder grande parte de sua vida esvaindo-se em dores passadas.

A questão do perdão é uma questão de escolha e a escolha é uma grande aventura, pois nunca poderemos prever onde ela pode nos levar e quais as suas conseqüências. Mesmo sabendo o que escolhemos nunca saberemos os resultados e nem podemos controlar o que está por vir. A escolha pelo perdão é totalmente imprevisível e é neste mistério que reside o grande valor de perdoar.

O perdão é uma libertação para quem perdoa e não nos cabe questionar se o perdoado vai aceitar, gostar ou rejeitar, isto não é da nossa conta Perdoar não passa por fora e sim por dentro de nós mesmos.

De qualquer modo, quando algo nos fere profundamente, quando densamente nos contagia, e toma conta de nós da mesma forma como o sal entranha a carne que tempera, percebemos que ás vezes mais que o acontecimento em si é o modo como o encaramos ou como conseguimos encará-lo.

Alimentar mágoas de outrora, ressentimentos antigos, demorar a perdoar, a esquecer, delongar-se na ultrapassagem de barreiras de uma dor qualquer, enfim… há uma série de mecanismos de manutenção da amargura, como num lamento que pretende expurgar a dor; mas depois vemos o quanto é verdade que um abismo leva (sim) a outro abismo.

Perdoar é sair do abismo que é ao mesmo tempo armadilha e ninho da depressão, o abismo que nos esconde mas jamais nos protege e que com certeza nos expõe a uma vulnerabilidade que não temos dimensão, pois nos fragiliza e nos impede até de viver e saborear os bons momentos.

E na verdade quem perdoa se surpreende com a libertação do ódio e com a leveza que passa a sentir e passa a perceber que o nosso maior e mais temeroso aprisionador é ficar com o inimigo dentro de si mesmo nos acompanhando o tempo todo."
Antônio Roberto

MÁGOA

Tu és como a magia cósmica
que entrou no meu coração e
nele fez morada
Chegaste na minha vida com a
intensidade do sol
iluminando com o teu calor
esse amor que nasceu como a
chama que queima devagar!

Tu és como o Mar
quem envolve-se com o Mar
confunde-se com o inesperado
qual as ondas quebrando
na beira da praia sem
nem importar-se com os estragos


Tu és como o vendaval
que solta o vento em fúria
devastando com chuvas
tudo que antes era belo e
hoje é apenas tormenta!

Tu és como o tempo
inexorável
deixaste minh'alma
ferida...magoada
sei agora
que nunca me amaste
despida de ilusões
eu precipito-me no caos
essa coleção
de tudo que não é Amor...

Tu és o desamor!
celina vasques

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