Ninguém precisa concordar com o que eu digo, nem com tudo que é
dito/feito pelo governo, nem deve. Mas coerência crítica (e crítica não
no sentido de "falar mal", isso não é crítica, mas sim de entender como
os fatos são historicamente construídos) deveria ser a regra geral.
Francamente, não temos opções melhores em que(m) votar. Você pode até
estar descontente com o governo, por questões que entende/conhece e
outras que não, mas o caminho ainda é esse, é pressioná-lo por mudanças,
participando, apoiando e reconhecendo avanços, e não se abstendo ou se
opondo por bobagens (se for oposição às propostas, aí sim tudo bem). A
oposição não tem projeto, não quer debater propostas, apenas (junto com a
mídia comercial) difamar e diminuir o governo e as conquistas dos
últimos 13 anos. O Governo Lula teve um primeiro mandato pior que o
segundo (até porque precisou "arrumar a casa", e mesmo assim avançou em
relação aos governos anteriores). E de modo algum estou dizendo que o
primeiro mandato do Governo Dilma está ruim, apenas que pode ser ainda
melhor. E agora o governo está sozinho, todos os "aliados" se juntaram
num bloco independente. Ótimo, agora não dá mais pra darem desculpa de
que as alianças foram a parte ruim que os impedia de apoiar/votar.
Além do mais, esse papo de dizer "não temos educação, saúde, e a
corrupção suga tudo", é uma forma simplista e insensata de resumir
questões tão complexas, em que, devido à nossa própria Constituição, há
responsabilidades compartilhadas por diferentes entes federativos,
agentes políticos, com diferentes projetos (às vezes sem projetos), de
diferentes partidos e espectros, muitas vezes da direita incompetente (o
estado de SP tem o maior ICMS do País, imposto mais pesado, que
representa 25% de toda a carga tributária, e como 40% de todas as
indústrias estão lá, os produtos nacionais se encarecem, e claramente se
observa que os recursos não são bem aplicados lá).
Menosprezar
tudo e colocar todos os políticos num mesmo balaio de gatos, assim como
anular voto, não contribui em nada com a sociedade (se não entende de
política e não quer votar, tudo bem, mas também não reclame da política e
dos políticos como se fossem todos iguais). As pessoas precisam é
participar, se expressar (com coerência e evidências, provas, de tudo
aquilo que opinam), e não apenas meramente resumir e simplificar
questões complexas, ou acreditar nos políticos engravatados de Brasília,
pois o povo, nós, somos também os políticos, aliás, os principais
políticos. É dever de todos fazer controle social, acompanhar as contas
dos municípios, as ações dos conselhos municipais, e é dever dos
militantes, e dos acadêmicos e cientistas (políticos, sociais,
econômicos, etc..), que, teoricamente, estão mais próximos das verdades
objetivas e subjetivas (ainda que não as possuam, pois ninguém as
possui), apontar a realidade como ela é e como pode ser.
Um comentário:
Aninha, concordo com todo o texto! Tudo que está aí é bem o retrato da classe média, que tem poder de síntese e não se mobiliza para mudar as coisas. Onde você colocou que criticar o governo é uma maneira de justificar o próprio fracasso, complemento dizendo que criticar de forma vil, também é uma forma de legitimar a transgressão, a sonegação é sempre justificada dessa forma. Outro erro de análise baseado no preconceito da classe média que olha para cima, e enxerga apenas a elite como virtuosa, pois, progrediu e enriqueceu trabalhando, e aí olha para baixo e vê com desdém o fracasso daqueles que não progrediram alegando indolência. Têm grande presunção por achar que a sua láurea profissional os eximem do senso comum quando se trata de política. Por preconceito também, acham que o monopólio da corrupção pertence a classe política, sobretudo à esquerda, como se os Petistas fossem ET´s que invadiram o planeta Brasil para acabar com a até então, felicidade eterna dos brasileiros. O político faz parte do extrato social deste país, se há problemas sérios com a moralidade na política, devemos procurar e corrigir os problemas no seio da sociedade.
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