Aécio pode
fazer os tucanos sentirem saudade de Serra
Por : Paulo
Nogueira
A última
pesquisa Ibope é uma paulada em Aécio. Compare os 20% dados a ele com os quase
24% que o instituto Sensus lhe atribuíra semanas atrás.
Fica agora
claro que o que realmente ergueu Aécio foi a decisão do Sensus de usar a ordem
alfabética nas cartelas mostradas aos eleitores.
Seu nome
vinha em primeiro e isso o elevou artificialmente.
O patamar
real de Aécio é, ao que tudo indica, os 20%, e se ele não sair daí a eleição
deve ser decidida no primeiro turno, dada a anemia eleitoral de Eduardo Campos.
Temos,
aparentemente, “2 and a half” candidatos: Dilma, Aécio e Campos.
Campos
perdeu a chance de mostrar que é um político diferente ao não fazer o que as
intenções de voto gritavam que fizesse: deixar Marina ser a candidata da
coalizão.
Aécio pode
crescer a ponto de forçar o segundo turno?
Numa
palavra: não. Não com seu discurso thatcherista, atrasado em mais de trinta
anos.
Nem os
conservadores ingleses ousam repetir as teses de Thatcher, que ajudaram a levar
o mundo a uma brutal concentração de renda. Desregulamentar, privatizar, ceifar
direitos trabalhistas etc etc.
É incrível
que ele faça do thatcherismo a base de sua campanha em 2014.
Isso vai dar
a ele um apoio torrencial dos barões da mídia e do chamado 1%. Mas não vai lhe
dar votos.
Imagine a
seguinte cena num debate: Candidato Aécio, o senhor poderia descrever as
medidas impopulares que prometeu tomar? O senhor concorda que o salário mínimo
cresceu muito, como diz seu conselheiro econômico, Armínio Fraga?
Nelson
Rodrigues dizia que gostava que os atores fossem burros ao interpretar peças
suas. Burros para não melhorar, aspas, o texto original de NR.
Se fosse
inteligente, Aécio seria burro. Pegaria a essência do discurso do Papa
Francisco e a adaptaria a seu discurso. As pessoas iam querer conversar com
ele, como querem conversar com Francisco.
Bastava, de
cara, falar em desigualdade como o grande mal brasileiro. E falar, e falar, e
falar.
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