Freud explica?
O complexo de vira-lata – diagnosticado por Nelson Rodrigues após a
derrota do Brasil na Copa de 1950 – é uma doença que espreita nas reentrâncias
da alma nacional.
Ela vai e volta, ao sabor dos nossos humores ocasionais. Desconfio que
estamos mergulhando, a propósito desta Copa, no mais fundo abismo da nossa
autoestima. Quer dizer, da falta dela.
Pior talvez do que no pós-Maracanazo.
Leio na pesquisa da CNT que três em quatro brasileiros reprovam os
investimentos feitos para a Copa-14. O jeito que eu tenho de ler isso é, digamos
mais pedestre: ¾ dos brasileiros acham que gastar dinheiro com esse evento
futebolístico, ainda que com tal exposição internacional, com tamanha
repercussão turística e institucional, é um desperdício.
Não fica bem falar bem da Copa. Ficou bacana falar mal dela. As pessoas
enchem a boca e vaticinam: “Vai ser um desastre”. Aplaude-se desde já a
promessa de muitos protestos.
Vejo por trás disso não a compreensiva racionalidade de quem prefere
ver o dinheiro investido em outras áreas, mas o pânico pueril, inconsciente, de
quem teme que a gente vá fazer feio aos olhos do mundo.
Nós temos é vergonha de nós mesmos. Medo da opinião do outro. Medo do
fracasso.
Como se fôssemos um país de incapazes. Como se os estádios corressem o
risco de desabar sobre nossas cabeças – e a dos ilustres visitantes. Como se a
Copa será fatalmente o atestado público, com o mundo por testemunha, de nossa
corrupção, de nossas mazelas, de nossa incompetência.
O brasileiro – a maioria dos brasileiros, diz a pesquisa CNT – se
refugiou no consolo prévio e covarde do “mas eu não disse?”
A Alemanha fez a Copa e aí a gente diz, humilhado, de cabeça baixa:
“Mas são alemães, né mesmo?”
É, mas o México fez a Copa duas vezes, a Argentina, o Uruguai, a África
do Sul. Somos assim tão mais miseráveis do que eles?
Há muito que fazer no Brasil no que diz respeito às urgências da
população. Saúde, educação, segurança, transportes, infraestrutura – a lista é
enorme.
Mas a Copa é para ser apenas um momento de prazer – mesmo que, no
gramado, a gente venha a perdê-la.
Quer dizer que a garotada não vai mais poder se divertir um show de
rock ou de funk só porque é ruim a qualidade da escola que frequenta?
Cancelamos o carnaval porque tem gente sem moradia? Vamos parar de festejar, de
abraçar, de beijar, de fazer sexo enquanto os equipamentos hospitalares forem
insuficientes?
Insisto: os problemas existem, e são graves, mas a Copa virou pretexto
para aqueles que querem misturar covardia com baixo astral. São os black blocs
da infelicidade coletiva.
Tem ainda a questão: mas a FIFA está faturando uma fortuna. Acontece
que o show da bola é o espetáculo de que mais gostamos (ou gostávamos?).
Empresários cobram. A FIFA cobra.
O mundo aguarda ansiosa a Copa do Brasil. A imprensa internacional já
está mobilizada para o grande evento. Leio nos jornais ingleses, franceses,
portugueses, reportagens carinhosas, cheias de entusiasmo.
Só o Brasil odeia a Copa do Brasil. Nem Freud explica.
O eterno “complexo de vira latas”, imortalizado por Nélson Rodrigues,
sempre paira em qualquer evento de grande porte. Foi assim na Jornada Mundial
da Juventude, onde o Rio de Janeiro recebeu muito mais gente e em um espaço
menor e não fez feio! E o Rock in Rio? Houve grandes problemas? Por que
passaríamos vergonha agora?
Como escreveu Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe)
“A turma “do contra”, deveria repensar suas posições, primeiro porque já fizemos uma Copa do Mundo por estas bandas, e segundo, porque se criaram lendas urbanas de que o evento é inviável. Combater uma por uma com informação e a serviço da verdade, é dever de todos os que acreditam realmente na importância de um evento deste porte. “Vamos a eles:
Como escreveu Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe)
“A turma “do contra”, deveria repensar suas posições, primeiro porque já fizemos uma Copa do Mundo por estas bandas, e segundo, porque se criaram lendas urbanas de que o evento é inviável. Combater uma por uma com informação e a serviço da verdade, é dever de todos os que acreditam realmente na importância de um evento deste porte. “Vamos a eles:
1)Tem
dinheiro pra Copa, mas não tem pra educação”: Esta é uma frase folclórica sem o
menor sentido. Tem dinheiro pra Copa e tem pra educação. O evento futebolístico
vai consumir 26 bilhões de reais, já para a educação, a LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) vai destinar “apenas” R$ 82,3 bilhões no desenvolvimento do
ensino. Ou seja, R$ 25,4 bilhões a mais que o valor previsto na Constituição
(18% da arrecadação). Fora o FUNDEB que receberá R$ 104,3 bilhões!
Quem em sã consciência pode dizer que falta verba para educação? E não aumentou por conta da Copa do Mundo, isto já estava previsto. Uma verba não tem nada, absolutamente nada a ver com a outra, portanto isto é uma tremenda bobagem, uma mentira deslavada!
Quem em sã consciência pode dizer que falta verba para educação? E não aumentou por conta da Copa do Mundo, isto já estava previsto. Uma verba não tem nada, absolutamente nada a ver com a outra, portanto isto é uma tremenda bobagem, uma mentira deslavada!
2) “O dinheiro da Copa está sendo torrado em estádios”. Outra besteira sem tamanho! Dos 26 bilhões de reais, que estão sendo gastos com tudo, apenas 8 bilhões estão indo para estádios, o resto da verba, está indo praticamente toda para serviços de infraestrutura e formação da mão de obra. Ou seja, 70% do valor não está indo para estádios, mas para buscar melhorias para o próprio cidadão!
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