sábado, 25 de setembro de 2010

O PREÇO DA OMISSÃO


Meu especial amigo, que postagem densa... obriga-nos a uma profunda reflexão...

Na verdade, todos nós, em nosso comodismo, nos identificamos nestes textos. Seguimos aceitando, compreendendo, justificando, psicologizando, engolindo os pequeno...s desrespeitos, as pequenas ofensas, os pequenos deslizes, as pequenas decepções. E, "de repente", lá estão eles, enormes, intransponíveis barreiras a nos afrontarem... Construímo-las nós mesmos! Demos-lhes o material, os tijolinhos que lhes compõem a estrutura...

É um constatar triste esse de saber-nos co-responsáveis pelas mazelas, pelas injustiças... somos todos cúmplices à medida que cruzamos nossos braços, viramos nossos rostos à vil exploração do homem pelo homem... E a cada vez que nos distanciamos, que acreditamos que nossa presença, nosso protesto, nossa voz é pequena demais para não "fazer a diferença" , engrossamos a fileira dos espoliados: de sonhos, de desejos, de ideais.

Somos nós mesmos quem contribuímos para a não efetivação do que cremos! Somos nós mesmos os culpados por estarmos calados - protegidos na nossa pseudo segurança - acreditando que os pequenos deslizes são aceitáveis... ou não merecem punição... ou não nos dizem respeito...

Do que será que temos medo? Será resquício do lado mesquinho, protecionista de si e dos seus? Será covardia pura? Será cansaço por antever luta inglória, cansativa, longa? Será descaso puro - reflexo do mal estar, do enfado de nossa civilização atual?

Querido amigo, os ratos estão a alardear faz tempo que há ratoeiras! Mas não nos incomodam ratoeiras! Ratoeiras são para ratos... e somos outras espécies de bichos... Acreditamos apenas se tropeçamos tardiamente nas específicas armadilhas de nossas próprias espécies! Tardiamente dar-nos-emos conta de que as armadilhas são de um mesmo mecanismo e possuem a mesma função... independente das adaptações às várias espécies todas elas cumprem o mesmo objetivo!

Sabe o que é interessante nesta negação da armadilha? Tendemos a não lhe creditar poder mortífero, pois foram confeccionadas por aqueles que confiamos... Fácil transpor para o campo da Política agora, não? Os construtores: nós os escolhemos! Os espoliadores: nós lhes demos a liberdade para nos invadir o âmago de nossos pensamentos; conhecem nossos pontos fracos, sabem como será a estratégia do engodo...

O preço da omissão é caro! Fatal não só para indivíduos e sim, para povos! Nilifica sonhos, escancara pesadelos à luz do dia, imola inocentes vítimas de nossos olhos fechados. Nossa aquiescência tácita compactua com valores deturpados, constrói verdades alicerçadas em mentiras que serão tidas à conta de necessárias...

Até quando iremos "passear" nesta estrada e não ajudar a construí-la conscientes de que uma estrada é um caminho que outros irão seguir? Até quando a desgraça será vista como alheia e, o máximo que poderemos fazer para aplacar uma superficial moral será a doação alardeada aos quatro cantos das esmolas que aplaquem um vestigial resquício de consciência?

Caminhamos todos surdos aos lamentos do outro e acreditamos que não nos dizem respeito... Pensamos que as ratoeiras são para ratos, porque somos incapazes de distinguir os vários formatos de ratoeiras... Precisamos de nomes certos para aquilo que nos irá atingir... perdemos nossa capacidade de ver através do formato e atingir a essência dos males... de tão diluídos entre nós que estão...

É urgente que retomemos nossa capacidade de nos sentirmos unos: mesmo na diversidade, ainda há tempo... as ratoeiras ainda podem ser desarmadas, basta que queiramos... Pensemos nisso.

Parabéns pela excelente postagem, meu professor; obrigada por me permitir esta reflexão. Alpha Leninha

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