sábado, 19 de junho de 2010

A Matemática e o Cérebro



A Matemática e o Cérebro - por Ana Catarina Fonseca*

A Matemática é uma disciplina indispensável no dia-a-dia, tanto para as coisas mais simples como ir às compras, como para as grandes descobertas científicas das mais variadas áreas e para a invenção de tecnologia sem a qual já não é possível viver como os computadores, os telemóveis, as máquinas de lavar roupa, os automóveis... Mas será que o cérebro tem uma região específica para o raciocínio lógico? E qual é a diferença entre o cérebro de génios matemáticos e os outros? E é só a espécie humana que utiliza matemática? São vários os estudos que têm sido feitos sobre estes e outros assuntos relacionados com a matemática no cérebro, contudo ainda há muito para descobrir.
Através de técnicas de imagiologia (ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de positrões) é possível observar as diferentes áreas cerebrais que se activam ao resolver problemas lógicos e cálculos numéricos. Desse modo, alguns estudos mostram que a inteligência lógico-matemática se situa na região têmporo-parieto-occipital do hemisfério esquerdo. No entanto, noutros estudos, parece não existir uma região específica para o raciocínio matemático. Alguns mostram haver uma activação das zonas responsáveis pela linguagem verbal, pelo raciocínio abstracto e pela visão.
Por outro lado, é através de modelos matemáticos baseados na topologia e na geometria, que se identificam, de forma precisa, as várias partes do cérebro de acordo com a sua função ou funções. Contudo, o seu mapeamento é um processo muito demorado devido à complexidade da estrutura e das múltiplas interacções funcionais do cérebro.
Uma das questões que tem intrigado os cientistas é saber quais as diferenças entre as pessoas normais e os chamados génios matemáticos. Em muitos estudos não se observaram diferenças significativas, mas segundo Harnam Singh e Michael W. O'Boyle (2004) nos génios matemáticos os dois hemisférios do cérebro comunicam melhor entre si. Outras diferenças têm sido observadas nos cérebros de grandes matemáticos, como Albert Einstein e Carl Friedrich Gauss, como zonas mais desenvolvidas ou zonas em falta, no entanto são características que se observam em poucos indivíduos e por isso não são estatisticamente significativas.
Quando é que a matemática surge no cérebro? Alguns autores afirmam que os bebés humanos quando nascem já distinguem quantidades. Aliás, as crianças começam por aprender os números e o seu significado antes de aprenderem a ler e a escrever. Estudos em primatas, noutros mamíferos e em aves mostram que também eles reconhecem diferentes quantidades e sabem fazer pequenos cálculos numéricos. Deste modo, parece que a percepção das quantidades e o cálculo numérico simples é uma característica que evoluiu há muitos milhões de anos num antepassado comum a, pelo menos, aves e mamíferos.
O estudo da matemática no cérebro é uma área que tem suscitado interesse em muitas pessoas, já que sem o raciocínio lógico a vida torna-se mais complicada. No entanto, em Portugal, os resultados a esta disciplina têm sido muito maus, talvez devido ao modo de ensino ou, mais provavelmente, à educação de base que as crianças têm antes de irem para a escola, uma vez que o cérebro se começa a estruturar para o pensamento lógico já nos bebés. Aliás, alguns grandes matemáticos quando contam a sua história desde a infância relatam frequentemente que os seus pais faziam jogos de lógica com eles mesmo antes de aprenderem a falar, como é o caso de Carl Sagan (grande cientista e divulgador de Ciência). Assim, é importante criar estímulos que desenvolvam o cérebro desde a mais tenra idade como ler e falar correctamente para os bebés, mas também fazer jogos lógicos, como por exemplo, agrupar objectos por determinada característica ou, a crianças, fazer perguntas que as obriguem a relatar acontecimentos. Desse modo, as crianças tornar-se-ão adultos com maiores capacidades intelectuais e o Mundo só terá a ganhar com isso.

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