Lula, Um Brasileiro
Por: Viviane Cabrera
Ano de 2001. Momento de tensão, já que era disputa eleitoral para a presidência do país. Eu, que com 16 anos fiz questão de tirar o título de eleitor, não via a hora de confirmar meu voto em prol de uma mudança significativa. Tinha 18 anos quando o fiz e muitos sonhos que faziam o coração pulsar forte.
Foi na "Era FHC" que comecei por tomar consciência da política e de sua importância. Vi o Brasil passar por duas eleições e ambas serem decididas em primeiro turno a favor de Fernando Henrique Cardoso, candidato pelo PSDB. O que aconteceu a seguir foi uma crise cambial tendo como consequência a desvalorização da moeda. O presidente da etiqueta e dos bons modos acenava ao capital estrangeiro e visava somente as vantagens que este poderia lhe trazer, fazendo com que as questões sociais fossem colocadas em último plano.
No total, foram quarenta e cinco escândalos durante a gestão tucana. Entre eles temos caixa dois de campanhas, o caso da SIVAM e do PROER, as privatizações, a emenda da reeleição, o rombo da SUDAM e desvios na SUDENE, explosão da dívida pública, média anual de crescimento de apenas 2% do PIB brasileiro, racionamento de energia, a inflação assaltando o bolso dos consumidores, submissão aos imperialistas norte-americanos, aumento do desemprego e da criminalidade em virtude da queda de renda, entre outros.
Um Brasileiro
Naquela sede característica a minha idade, buscava eu uma alternativa, uma salvação para o panorama que se apresentava. Quando se é jovem, temos sentimentos utópicos que nos encorajam a tomar partido e atitudes. Sabia que era apenas uma. No entanto, uma atitude é melhor do que diversas omissões. Foi assim que, através de pesquisas motivadas pela curiosidade, cheguei a Luís Inácio Lula da Silva.
Sujeito de palavras simples, porém de efeito, Lula encantava multidões com a promessa de renovação. Todavia, não era apenas promessa. Algo em seu modo de falar, sua postura diante dos acontecimentos e aquele brilho característico em seu olhar confirmava tudo o que dizia. Isso desde a época em que militava como sindicalista. Não há quem não o ouça perplexo por sua genialidade e pela forma com que conduz as ideias de maneira que driblemos o minotauro no labirinto de nossas percepções e cheguemos a uma conclusão na liberdade de pensamento. Cada vez que eu recorria a pesquisas sobre esse homem, mais admiração nutria por ele.
Numa vida severina, desde cedo sofreu na pele dificuldades. Começou a trabalhar ainda menino para ajudar a família. Diplomado com honras na escola da vida, o jovem pernanbucano de Garanhuns chega a sindicalista, engajado politicamente e crítico ferrenho da ditadura militar. Jamais deixou-se intimidar por ameaças.
Confiante em seu potencial e no caminho que o destino lhe reservava, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT). Era um partido que aglutinava diversos movimentos em um só e com um único propósito: a democracia em sua plenitude. O sindicalista Luis que era visto nessa época como uma forte liderança durante a década de 70, passou a candidatar-se a cargos eletivos pelo PT. Em 1984, participou ativamente na campanha das Diretas Já e em 1986 elegeu-se como deputado mais votado do país.
Lula Presidente
Graças a sua garra e perseverança, chega a presidente do Brasil em 2002, sendo reeleito em 2007. Voltando a 2001, lá estava eu na fila de votação. Depois de ler o programa de governo de muitos candidatos, alinhei com o que me pareceu mais coerente e viável ao país - o de Lula. Nas mãos a identidade e o título de eleitor. No peito o desejo de mudança e a certeza de que o melhor venceria. E assim foi.
O governo Lula foi pautado por mudanças significativas no âmbito social. No período que compreende 2003 e 2009, saíram da linha de pobreza extrema 27,9 milhões de pessoas, fazendo com que 35,7 milhões chegassem à classe média. Além disso, foram gerados 15 milhões de empregos com carteira assinada, melhorou-se as relações com países estrangeiros tratando com mais atenção as questões de política externa, foi levada a energia elétrica para famílias de baixa renda. A população teve acesso a bens de consumo que antes estava restrito às classes média e alta. Através de benefícios como Bolsa Família e Prouni, Lula injetou dinheiro na sociedade para que dessa forma a economia pudesse crescer e ser estimulada de maneira intensa, como também ajudou jovens de situação sócio-econômica desfavorável a ingressar em um curso universitário e por consequência, melhorar sua qualificação profissional e suas oportunidades no mercado de trabalho.
Com um índice de aprovação de 87%, Lula terminou o mandato ensinando ao povo brasileiro que os sonhos movimentam o mundo. Ele, que mudou minha percepção crítica através da análise de seus discursos, sua postura e decisões tomadas enquanto líder, tornou-se meu ídolo político. Aquele menino do rosto que denunciava uma vida sofrida e de muitas lutas chegou à presidência de nosso país nos servindo como um exemplo. E mais do que isso. Provou que acreditar e fazer por onde concretizar seus sonhos é possível a quem quer que seja, independente da classe social ou nível de escolaridade. Afinal, somos todos brasileiros.
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