quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Era uma vez um castelo que valia só R$ 2,4 milhões ...
Era uma vez um castelo que valia só R$ 2,4 milhões ...
Dono de 49% da megaconstrução em estilo medieval localizada na Zona da Mata, avaliada por corretores da região em R$ 40 milhões, deputado Leonardo Moreira declara à Justiça Eleitoral que sua parte no imóvel vale pouco mais de R$ 1 milhão
Alice Maciel e Maria Clara Prates
Leonardo Costa/Esp.EM/D.A Press - 4/2/09
O castelo tem 7,5 mil metros quadrados de área construída, 32 suítes, área de lazer com piscina, cascata e salão de jogos
O Castelo Monaliza, símbolo de um dos mais famosos escândalos políticos dos últimos tempos, volta à cena depois de quase um ano e meio. Ele aparece na declaração de bens do candidato à reeleição a deputado estadual Leonardo Moreira (PSDB), filho do idealizador e construtor, deputado federal Edmar Moreira (PR). Ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Leonardo declara que é dono de parte do imóvel, avaliada, no documento, em apenas R$ 1,176 milhão. Tal cifra, no entanto, corresponde somente a 2,94% do valor de mercado da megaconstrução, erguida em São João Nepomuceno, na Zona da Mata, que pode chegar a R$ 40 milhões, segundo corretores da região. De acordo com registros da Junta Comercial de Minas, o parlamentar mineiro tem 49% das ações do imóvel, registrado como empresa hoteleira.
Uma evidência de que o valor do imóvel foi subestimado é a tentativa de venda, no ano passado, logo após o escândalo, pelo valor de R$ 25 milhões. Na verdade, a propriedade, que parece saída de um conto de fadas, está registrada como Hotel Castelo Monaliza Ltda, com o CNPJ 07905357/0001-68. Segundo registros, além de Leonardo Moreira, que tem 49% das ações, o irmão, o delegado da Polícia Civil de São Paulo Júlio Moreira, possui o mesmo número de cotas, o que totaliza o valor de R$ 2,352 milhões da construção, considerando a declaração feita pelo deputado à Justiça Eleitoral. Os 2% restantes estão registrados em nome de um ex-cabo eleitoral dos Moreira Reginaldo Frutado de Carvalho, que trabalhou para a família durante a eleição de 2006 e se desligou já em 2007. Carvalho garante hoje desconhecer a existência de sua participação no castelo, que seria de R$ 48 mil, com base nos mesmos dados. No total, o imóvel teria o valor de R$ 2,4 milhões.
Carvalho, que é farmacêutico e hoje tem uma drogaria em Rio Pomba, na Zona da Mata, explicou que foi convidado a participar de um empreendimento hoteleiro que não teria tido sucesso e, por isso, se surpreende ao ser informado da sua participação no hotel castelo, fundado em 23 de março de 2006 e ainda ativo. “Existia um projeto de transformar o espaço em um futuro hotel, mas ele não foi para a frente. Eu cheguei a assinar um papel como sócio minoritário, mas me desliguei da família em 2007 e não tive mais notícias. Para mim, esse castelo estava fechado”, disse.
Ainda hoje, a empresa hoteleira consta em registros como ativa e o castelo continua à venda desde o ano passado. A corretora Jussara Fagundes, da Corretores e Associados, de Curitiba, e responsável pela venda do imóvel, se recusou a informar o valor exigido na transação. “Não estou autorizada a passar qualquer informação sobre o castelo Monaliza sem uma carta de intenções de compra”, afirmou.
Estilo Medieval O castelo está localizado no distrito de Carlos Alves, vilarejo de pouco mais de 1 mil habitantes e 300 casas. De estilo medieval, tem 7,5 mil metros quadrados de área construída, 32 suítes, com quatro cômodos: quarto, sala de estar, closet e banheiro. O castelo foi equipado, ainda, com uma cozinha industrial capaz de atender 200 pessoas, dois elevadores, sistema de aquecimento central, uma capela e um anexo de lazer, com sauna, salão de jogos e de ginástica . As 275 janelas são de sucupira, e as escadarias são de granito escuro, a piscina tem cascata, fontes e espelhos d’água. Há também uma adega subterrânea climatizada, com capacidade para 8 mil garrafas.
Questionado sobre o valor do castelo declarado à Justiça Eleitoral, o deputado Leonardo Moreira disse: “O que eu tenho a informar está declarado à Receita Federal do nosso país e à Justiça Eleitoral do nosso estado”. Além de se recusar a comentar o caso, Leonardo Moreira ameaçou mover uma ação contra o jornal, caso se sentisse prejudicado pela publicação, encerrando qualquer possibilidade de diálogo.
Fonte :Jornal Estado de Minas
edição:Quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário