Seria épico, se não fosse um acinte à
sociedade, o título desse filme.
Filme que a própria PF, diz ser
caricatura mal feita da sua realidade.
Filme cujos patrocinadore$,
estranhamente, querem se manter no anonimato, enquanto normalmente, os
patrocinadoreS querem mais é fazer sua propaganda.
A lei é para todos quem, cara pálida?
Pro filho da desembargadora encontrado
com quilos de droga e munição e liberado pela mãe, ou pra mulher presa e
condenada a 12 anos, porque roubou ovos de Páscoa e uma bandeja de frango pra
dar aos 4 filhos?
Pro filho do Eike que atropelou e matou
um ciclista, devidamente absolvido pelos desembargadores, ou pro Rafael Braga,
preso por portar Pinho Sol, uma “perigosa” arma, em uma manifestação?
Pra mulher do governador, liberada da prisão
pra cuidar do filho, ou pras detentas que dão à luz algemadas?
Pro Perrela dono do cocacóptero, (a juíza
proibiu falar helicoca, acabou liberdade de expressão e eu não sabia), que
continua senador, ou pro professor Pedro Mara podendo ser exonerado por ter
sido acusado, e processado pelos defensores do Escola sem Partido (Bolsonaro,
Feliciano e cia) de incentivar alunos (ridículo isso) a lutar por seus
direitos, em manifestação de estudantes?
Pro senador Agripino, liberado pela Lava
Jato, de responder pela propina recebida e comprovada pela PF, por ter mais de
70 anos, ou pro Almirante Othon, 78 anos, pai da tecnologia nuclear brasileira
– coisa que incomoda nossos vizinhos de cima – mantido preso pela mesma Lava
Jato, por suspeita de propina?
Pro ejaculador do ônibus, liberado
porque, segundo o juiz, não aconteceu constrangimento da vítima, ou pro
blogueiro Eduardo, constrangido e intimado pela Lava Jato por não revelar suas
fontes (cujo sigilo é garantido pelo inciso XIV do artigo 5º da CF)?
Para juízes que no lugar dos devidos Códigos
usam a Bíblia (que eu como teóloga devo usar), já que uma sentença é decisão do
Estado laico, ou pra donas de terreiros que têm seus templos apedrejados?
Pros bancos e grandes ruralistas que têm
dívidas bilionárias perdoadas, ou pro trabalhador que perdeu seus direitos?
Para os parlamentares para os quais
pagamos plano de saúde AAA por todos os seus dependentes, ou para nós que a
duro custo temos um plano de 5ª, ou enfrentamos filas para conseguir uma
operação daqui a dois anos?
Pro Dória que ficou anos, devendo trocentos
paus de IPTU, ou para nós, pobres mortais, que se atrasarmos, somos jogados na
Dívida Ativa?
Pro torturador Ulstra, homenageado por
parlamentares, ou pros índios Guarani-Kaiowá chacinados no MS
a mando de grileiros?
Pro Aécio gravado negociando propina, prometendo
matar e que retomou o mandato, ou pro Lula condenado por um triplex que é da
Caixa?
Para os ineficazes apadrinhados que
infestam o serviço público, ou para milhares de homens e mulheres que não
conseguem um emprego?
Pro juiz Moro que condena baseado em
delação de suspeitos, e quando acusado de venda de sentenças, desqualifica
delação de suspeitos?
Páginas e mais páginas poderiam ser
escritas com esses questionamentos, mas paro por aqui, porque o computador já
chora e se revolta, pode até dar um tilt.
Como não vi, nem vou ver, não posso dar opinião
sobre a qualidade técnica e artística do filme. Que o filme é partidário é
obvio, mas todos os filmes o são, nisso não vejo problema.
Mas usar um filme como propaganda de um status quo doente ou como meio de direcionar
o pensamento de quem, ingenuamente – ou não, está com venda nos olhos, me
remete às estratégias da propaganda nazista para manter a população cativa da
sua ideologia.
E membros do Judiciário, que deveriam se
pautar pela imparcialidade e discrição, passando em tapete vermelho como
celebridade, é um pouco além das atribuições.
Não, a lei não é para todos, pois se o
fosse, não haveria indignação, revolta, desigualdade, injustiça e tristeza.
Sei que não faz falta num mundo movido
por milhões corruptos, meu limpo dinheirinho que não vai comprar o ingresso.
Mas sei também que meus netos saberão que não compactuei com esse desgoverno que
quer cortar o futuro deles e das outras gerações.
Um comentário:
Excelente aula de história e reflexão. Parece que a autora escreve sangrando o coração e fala com ousadia o que agente quer gritar e fica engasgado. Chorei emocionada pois é a pura tradução do que sinto.
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