A orfandade das derrotas
Ouvindo uma intervenção em um seminário, imaginei que a pessoa que intervinha tratava de explicar porque o Brasil deu erado. Uma visão linear, em que todas as catástrofes que alguns tinham prognosticado, teriam se realizado. Nada de bom, de resgatável. Mesmo a diminuição da desigualdade seria um engano. Parecia o discurso de alguém que dizia: - “Viu? Nós, que achávamos que o governo Lula ia fracassar, ia ser uma continuidade do neoliberalismo, tínhamos razão e convencemos o povo disto, daí o fracasso do Lula. Deu tudo errado, como prevíamos, por isso o povo finalmente reconheceu que tínhamos razão, derrotou o governo e nos deu uma votação espetacular.”
Incrível, nem parecia que estamos no Brasil, que os que professam esse discurso tiveram 1% dos votos, enquanto que o Lula saía do governo com um apoio extraordinário da população e elegia sua sucessora.
Eu fico imaginando como é a cabeça, a vida, o cotidiano, a relação com o povo, com o Brasil, com o mundo, de quem ainda pensa assim. Será como Marx se referia à pequena burguesia, que sai fragorosamente derrotada das eleições, dizendo-se que o povo ainda não está preparado para seus discursos. Nunca questionam seus discursos, suas posições. É o povo que não está ainda amadurecido. Voltarão de novo, de novo, com o mesmo discurso, até que o povo entenda que eles dizem a verdade.
O que podem pensar do julgamento popular? Não aprendem com a realidade? Poderiam dizer que as eleições não refletem fielmente o que o povo pensa. Mas tampouco conseguem organizar qualquer manifestação popular com participação de um mínimo de pessoas, não constroem sindicatos ou outras formas de organização popular, vivem no maior isolamento em relação ao povo. Daí também que façam um discurso fora do mundo.
Continuam a pregar as mesmas coisas, a fazer as mesmas denúncias. Nunca se perguntam se estão errados e o povo está certo. Se esse projeto fracassou e haveria que repensar os caminhos que adotaram. Nunca se perguntam se estão desarraigados da realidade, isolados do povo, desencontrados com seus interesses. Se estão em um mundinho pequeno, frequentando mais os livros do que a realidade?
Lendo balanços da dura derrota que a esquerda portuguesa – a radical, também – sofreu nas eleições, vejo apenas a crítica do governo por parte dos setores mais radicais, sem explicar porque foi a direita que capitalizou o fracasso do governo socialista e não eles, que perderam tantos votos quanto o Partido Socialista. Se limitam à critica do governo, que teria a responsabilidade de tudo. A responsabilidade sempre é dos outros, que é a melhor maneira de não tirar lição alguma dos erros cometidos, o que significa que voltarão, nas próximas eleições, a agir da mesma maneira e, certamente, ter uma derrota anda maior.
A realidade não é somente o critério da verdade, como é implacável com os nossos erros. Por isso alguns estão vitoriosos, reconhecidos pelo povo, enquanto outros estão reduzidos a discursos fora da realidade que os rejeitou e à intranscendência.
Incrível, nem parecia que estamos no Brasil, que os que professam esse discurso tiveram 1% dos votos, enquanto que o Lula saía do governo com um apoio extraordinário da população e elegia sua sucessora.
Eu fico imaginando como é a cabeça, a vida, o cotidiano, a relação com o povo, com o Brasil, com o mundo, de quem ainda pensa assim. Será como Marx se referia à pequena burguesia, que sai fragorosamente derrotada das eleições, dizendo-se que o povo ainda não está preparado para seus discursos. Nunca questionam seus discursos, suas posições. É o povo que não está ainda amadurecido. Voltarão de novo, de novo, com o mesmo discurso, até que o povo entenda que eles dizem a verdade.
O que podem pensar do julgamento popular? Não aprendem com a realidade? Poderiam dizer que as eleições não refletem fielmente o que o povo pensa. Mas tampouco conseguem organizar qualquer manifestação popular com participação de um mínimo de pessoas, não constroem sindicatos ou outras formas de organização popular, vivem no maior isolamento em relação ao povo. Daí também que façam um discurso fora do mundo.
Continuam a pregar as mesmas coisas, a fazer as mesmas denúncias. Nunca se perguntam se estão errados e o povo está certo. Se esse projeto fracassou e haveria que repensar os caminhos que adotaram. Nunca se perguntam se estão desarraigados da realidade, isolados do povo, desencontrados com seus interesses. Se estão em um mundinho pequeno, frequentando mais os livros do que a realidade?
Lendo balanços da dura derrota que a esquerda portuguesa – a radical, também – sofreu nas eleições, vejo apenas a crítica do governo por parte dos setores mais radicais, sem explicar porque foi a direita que capitalizou o fracasso do governo socialista e não eles, que perderam tantos votos quanto o Partido Socialista. Se limitam à critica do governo, que teria a responsabilidade de tudo. A responsabilidade sempre é dos outros, que é a melhor maneira de não tirar lição alguma dos erros cometidos, o que significa que voltarão, nas próximas eleições, a agir da mesma maneira e, certamente, ter uma derrota anda maior.
A realidade não é somente o critério da verdade, como é implacável com os nossos erros. Por isso alguns estão vitoriosos, reconhecidos pelo povo, enquanto outros estão reduzidos a discursos fora da realidade que os rejeitou e à intranscendência.
Postado por Emir Sader
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