sexta-feira, 8 de julho de 2011
O terror dos rótulos
O terror dos rótulos
Não se pode levar a sério e respeitar pessoas que rotulam crianças classificando-as e fazendo comparações levianas. Ninguém tem o direito de julgar a criança a partir de seu comportamento. Não confundir sua identidade (quem ela é) com seu comportamento (o que ela faz). Não rotular a criança.É desumano ,é uma tremenda falta de sensibilidade.A pessoa precisa compreender que crianças pequenas ,principalmente abaixo de 7 anos percebem melhor que ninguém quando um adulto não gosta dela.E naturalmente reagem com choro ou indiferença. Muitas vezes o adulto não percebe que um comentário dele traz enorme prejuízo à criança.
A antropóloga Ana Luiza Carvalho da Rocha, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que faz parte da cultura humana julgar os outros com base nos próprios padrões e códigos éticos e morais.
Eliana Braga Atihé, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, complementa o raciocínio: "A classificação reflete a tendência de nossa identidade de se defender da diferença que o outro representa. Rotular é enquadrá-lo numa categoria que o reduza e simplifique para nós. É preciso um esforço para se afastar dos referenciais próprios e observar a beleza da diversidade".
Lembremo-nos que o rótulo é frio, estático, inclemente. Por isso temos que lutar contra a nossa tendência de tudo rotular, colocando mais amor e compreensão em nossos julgamentos. O mesmo amor e compreensão que desejamos para nós mesmos.
Para finalizar descrevo um depoimento de Analu:
Roberta,vc é genial!
Sempre falo isto para meu marido.
Minha enteada é uma criança super esperta, moleca, doce, uma coisinha muito fofa que eu amo muito.
E meu marido adora dizer que "ela é terrível, vai me dar muito trabalho", quando a pequena diz algo muito esperto e surpreendente para a idade dela (aquelas coisas que crianças falam e nos deixam desconcertadas, sabe?
Então, eu sempre falo para ele não dizer estas coisas.
Dou bronca até na minha família, quando começa a dizer que ela é "mais esperta que", "mais bonita que", "que ela é inteligente", "que ela é madura", etc e tal.
Fiz 10 anos de análise e posso dizer que demorei muito para conseguir me livrar destas coisas "positivas" que ouvi a vida toda.
A criança toma tudo "a ferro e fogo", e começa a viver em função dos rótulos que recebe. Nem sempre é um comentário negativo, mas o efeito pode ser.
Eu sempre fui "a mais inteligente", "a mais responsável", "a que não dava trabalho", conclusão: não me permiti ser criança durante muito tempo, perdi muito da minha espontaneidade e não sabia pedir ajuda, tinha medo de decepcionar aqueles que acreditavam que eu "era" tudo aquilo.
Até porque eu os amava e queria ser amada por eles e temia não ser amada se eles "descobrissem" que eu não era tão inteligente, tão madura, tão forte, tão independente ...
Por isso, é importante comentar os feitos das crianças, parabenizar pelos bons, comemorar as vitórias e tal, mas não rotular.
No dia-a-dia é difícil porque todo mundo tem hábito de fazer estes comentários, mas eu procuro chamar a atenção quando fazem perto de mim e não faço DE JEITO NENHUM perto da minha pequena.
Posso até dizer para os outros quando ela não está comigo, mas perto dela...jamais.
Ela tem que ser como é, sem se sentir obrigada a atender qualquer demanda ou se sentir diminuída.
mil beijos Analu
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