Cyro Marcos Silva
Hoje às 14:42
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GUARANI, 25 DE MARÇO! Cem anos mais um. Hoje, dia de aniversário.
Antes que as primeiras letras da sua história começassem a ser cravadas na argila desse lugar, o que se sabe é que....
Era uma vez um rio, que deixava ver ao longe insinuantes contornos de suaves montanhas, rio vindo de um outro lugar, passando, cortando e dividindo um tanto de chão, a que resolveram dar o nome de Guarani.
E o rio lá ia, indiferente, cavando sempre mais fundo e engordando larguras, procurando algum outro rio ou mar pra desaguar, pois já nem caberia na tão pequena Guarani. Gente?
}Já tinha gente: ali veio um, mais um, já podia ter nome de povo...
Enfim, mais história está contada por aí. Eis, portanto, um lugar em que nossos pais estavam.
E deu que ali viemos ao mundo. E o que é Guarani?
Um clima, um tempo, um lugar onde, desde seu próprio nascer, ali se nasce, se vive, se morre. Lugar de onde se parte, para onde se regressa, porém por lá uns ficam, vivendo na solidariedade em torno das festas maiores, nascimento, casamento e mortes do outros, sempre esfregando nas proximidades, lugar efervescente em torno de amores, de dissabores, das sempre constantes divertidas ou pérfidas fofocas, em torno de choros comungados, alegrias abraçadas, dia a dia muitas vezes monótono, procurando saber quando uma surpresa chegará, para depois melhor saborear a monotonia.
Olhada lá, lá do alto, lá de muito alto,
Guarani é um grão de areia perdido no planeta, se ainda visível se fizer. Olhando cá, dentro, o mais perto que puder, o mais encostado possível ao nariz,
Guarani é um mundão de marcas, de lembranças encobridoras investidas de bobos encantamentos, de grandes avalanches dos momentos de inaugurados amores, primeiras decepções, sabores de duras dores, esbranquiçadas fumaças de saudades.
Com o passar do tempo, nossos primeiros tempos já agora dando lugar aos penúltimos tempos, Guarani vai se tornando uma foto amarelada, esmaecida, pelos dedos que já pegaram no preto e branco, uma aposentada passagem de trens, de bailes e carnavais.
Guarani, no entanto, sempre se revive, sempre é suposta ser algum ponto de encontros para nós, nessa altura do campeonato, já bem desencontrados, ainda que encontros marcadamente faltosos.
Para essa senhora de 101 anos que nos dá , num soletrado nome próprio, G U A R A N I, nossa quase única e mínima referência comum, fica aqui escrita essa lembrança de aniversário. Em momentos como este, cabe orientar-se com a escritora francesa Marguerite Duras, que não achava muito importante perguntar: por que escrevo?
Ela, tomada pela escrita, só podia perguntar: por que e como não escrever?
Antes que as primeiras letras da sua história começassem a ser cravadas na argila desse lugar, o que se sabe é que....
Era uma vez um rio, que deixava ver ao longe insinuantes contornos de suaves montanhas, rio vindo de um outro lugar, passando, cortando e dividindo um tanto de chão, a que resolveram dar o nome de Guarani.
E o rio lá ia, indiferente, cavando sempre mais fundo e engordando larguras, procurando algum outro rio ou mar pra desaguar, pois já nem caberia na tão pequena Guarani. Gente?
}Já tinha gente: ali veio um, mais um, já podia ter nome de povo...
Enfim, mais história está contada por aí. Eis, portanto, um lugar em que nossos pais estavam.
E deu que ali viemos ao mundo. E o que é Guarani?
Um clima, um tempo, um lugar onde, desde seu próprio nascer, ali se nasce, se vive, se morre. Lugar de onde se parte, para onde se regressa, porém por lá uns ficam, vivendo na solidariedade em torno das festas maiores, nascimento, casamento e mortes do outros, sempre esfregando nas proximidades, lugar efervescente em torno de amores, de dissabores, das sempre constantes divertidas ou pérfidas fofocas, em torno de choros comungados, alegrias abraçadas, dia a dia muitas vezes monótono, procurando saber quando uma surpresa chegará, para depois melhor saborear a monotonia.
Olhada lá, lá do alto, lá de muito alto,
Guarani é um grão de areia perdido no planeta, se ainda visível se fizer. Olhando cá, dentro, o mais perto que puder, o mais encostado possível ao nariz,
Guarani é um mundão de marcas, de lembranças encobridoras investidas de bobos encantamentos, de grandes avalanches dos momentos de inaugurados amores, primeiras decepções, sabores de duras dores, esbranquiçadas fumaças de saudades.
Com o passar do tempo, nossos primeiros tempos já agora dando lugar aos penúltimos tempos, Guarani vai se tornando uma foto amarelada, esmaecida, pelos dedos que já pegaram no preto e branco, uma aposentada passagem de trens, de bailes e carnavais.
Guarani, no entanto, sempre se revive, sempre é suposta ser algum ponto de encontros para nós, nessa altura do campeonato, já bem desencontrados, ainda que encontros marcadamente faltosos.
Para essa senhora de 101 anos que nos dá , num soletrado nome próprio, G U A R A N I, nossa quase única e mínima referência comum, fica aqui escrita essa lembrança de aniversário. Em momentos como este, cabe orientar-se com a escritora francesa Marguerite Duras, que não achava muito importante perguntar: por que escrevo?
Ela, tomada pela escrita, só podia perguntar: por que e como não escrever?
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