quinta-feira, 29 de março de 2012

SÍNDROME DE ASPERGER: UM DESAFIO NA SALA DE AULA

SÍNDROME DE ASPERGER: UM DESAFIO NA SALA DE AULA

RESUMO

Se desejarmos uma escola inclusiva, teremos sempre muitos desafios nas nossas práticas pedagógicas. Receber crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) em sala de aula causa sempre um grande impacto. É necessário saber olhar, interpretar e só depois intervir diante dos comportamentos e atitudes dessas crianças. Não basta que os professores tenham só um bom senso ou se sensibilize com tal situação, mas principalmente que tenham uma formação adequada de forma que possa atender da melhor forma possível tais alunos e assim garantir igualdade de oportunidades para todos ao invés de conduzi-los para o insucesso escolar.
Pensando assim, o presente artigo pretende enriquecer as práticas na educação especial, considerando o que é a Síndrome de Asperger (SA), como ela se desenvolve no indivíduo e quais as estratégias úteis para vencer os desafios em sala de aula.
A SA é uma desordem pouco comum no desenvolvimento neurologicamente, no qual apresentam desvios e anormalidades em três amplos aspectos: relacionamento social, uso da linguagem para a comunicação e certas características de comportamento e estilo envolvendo características repetitivas ou perseverativas sobre um número limitado, porém intenso, de interesses.
Introdução
As crianças diagnosticadas com Síndrome de Asperger (SA) são mais um dos desafios que educadores encontram em sala de aula. De modo geral, elas são vistas como “esquisitas”, e muitas vezes, por apresentar falta de jeito para interagir socialmente, são motivos de brincadeiras inadequadas pelos colegas. Apresentam interesse constante por determinados assuntos, tornando-se, na maioria das vezes, com uma apresentação “estranha”. Estas crianças demonstram falta de compreensão da subjetividade das relações humanas, principalmente das regras do convívio social. São inflexíveis e demonstram falta de habilidade para conviver com mudanças, por esse motivo essas pessoas com SA estão com facilidade sujeitas à irritabilidade e são emocionalmente vulneráveis. No entanto, as crianças com SA apresentam frequentemente, níveis de inteligência na média ou acima dela, também demonstra uma excelente capacidade de memorização. Seu interesse frequente por determinado assunto, juntamente com sua originalidade intelectual, pode mais tarde trazer-lhe sucessos na vida profissional. Diante de casos apresentados em nossa sala de aula, de crianças com SA, é importante que o professor possa ter conhecimento sobre o que é a Síndrome de Asperger e quais seriam algumas das alternativas mais adequadas para trabalhar com essas crianças em sala de aula. Para os educadores, é necessário compreender o aluno com está Síndrome, saber lhe dar e poder traçar caminhos que os mesmos possam desenvolver-se. Já que desejamos uma escola que seja verdadeiramente inclusiva, então temos que repensar as nossas práticas educativas.

Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar de sonhar sempre, pois sendo mais do que um espectador de mim mesmo, eu tenho de ter o melhor espetáculo que posso. E assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis. (Fernando Pessoa).
É importante saber olhar, analisar e só depois intervir diante de comportamentos e atitudes incomuns ou até mesmo que não se enquadram dentro dos padrões estabelecidos como sociais. Para isso não basta apenas ter bom senso ou sensibilidade, mas principalmente da formação adequada dos professores para que possam trabalhar da melhor forma possível com estes alunos, só assim garantiremos a igualdade de oportunidades para todos ao invés de conduzi-los para o insucesso na escola. É necessário enriquecer as práticas pedagógicas, assumir um papel inovador no que se refere às estratégias úteis e necessárias para trabalhar com crianças portadoras da Síndrome de Asperger. Para transformarmos a prática pedagógica é importante rever também a questão da formação do educador. Celso Vasconcelos em seu livro: Resgate do Professor como sujeito de transformação, aponta alguns dos graves desafios que o professor precisa enfrentar para dar conta do conjunto das questões que envolvem as atividades docentes:
*Capacidade de trabalhar a dialética humanização-desumanização, não só entender de desenvolvimento humano, mas também de infância roubada, de negação de direitos e oportunidades, de truncamentos nos processos educativos, para poder ser professor dos alunos concretos que terá ou tem. * Capacidade de gerir processos de mudança. * Visão política de totalidade, para poder entender as complexas relações da escola com a comunidade e, em especial, com a sociedade.
Evidentemente que o professor precisa estar sempre disposto a se rever, buscar, fazer uma autocrítica e se comprometer sempre com a superação de seus limites.
Ser professor é ser eterno aprendiz: quem não tem disposição para aprender, quem acha que já sabe, não tem condições de ensinar, qual seja, de fazer o outro aprender! (sf. Demo, 2000: 85). “É praticamente impossível mudar a prática de sala de aula sem vinculá-la a uma proposta conjunta da escola, a uma leitura da realidade, à filosofia educacional, às concepções de pessoa, sociedade, currículo, planejamento, disciplina, a um leque de ações e intervenções e interações. Não iremos muito longe se ficarmos discutindo, por exemplo, metodologias de ensino de forma isolada”. (Celso Vasconcelos).
Para enriquecer as nossas práticas pedagógicas é necessário juntar essas inovações ao Projeto Político Pedagógico (PPP), isto é, trabalhar essas inovações de forma conjunta na escola. Se discutir as metodologias de ensino de forma isolada não chegará a lugar algum. Portanto, mas do que nunca, numa escola inclusiva, o PPP deve ser objeto de mudança e essa mudança só poderá acontecer se resultar de uma ação coletiva e participativa, comprovada pela vontade e compromisso de cada um que constrói a escola.
1. Síndrome de Asperger
A Síndrome de Asperger faz parte do aspecto autista, apenas tornando-se diferente do autismo clássico porque não apresenta nenhum atraso ou retardo global no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo ou na linguagem do indivíduo.
Essa síndrome é mais comum no sexo masculino, sendo este chegando aproximadamente a ser atingido quatro vezes mais do que o feminino. A SA foi exposta no ano de 1920, pela primeira vez, por Schucharewa, neurologista da Rússia, que aponta essas pessoas como indivíduos que apresentam persistência em se afastarem das relações sociais. No ano de 1944, um pediatra austríaco, chamado de Hans Asperger, divulgou alguns casos de psicopatia autística infantil. Posteriormente, no ano de 1981, L. Wing, uma psiquiatra norte americana definiu esta pertubação com SA para homenagear Hans Asperger. Porém, só foi reconhecida mais tarde, como critério de diagnóstico no DSM – IV ( Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais ), no ano de 1994.
O novo critério do DSM – IV para diagnóstico de SA, inclui a presença de:
Particularidades qualitativas na interação social, envolvendo alguns ou todos dos critérios:
• Uso de peculiaridade no comportamento não-verbal para regular a interação social;
• Falha no desenvolvimento de relações com pares da sua idade;
• Falta de interesse espontâneo em dividir experiências com outros;
• Falta de reciprocidade emocional e social.
Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades envolvendo:
• Preocupação com um ou mais padrões de interesse restritos e estereotipados;
• Inflexibilidade a rotinas e rituais não funcionais específicos;
• Maneirismos motores estereotipados ou repetitivos, ou preocupação com partes de objetos.
De acordo com o DSM – IV os critérios para se poder diagnosticar a Síndrome de Asperger são:
A.Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes quesitos:

(1) Prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social.
(2) Fracasso para desenvolver relacionamentos apropriados ao nível de desenvolvimento com seus pares.
(3) Ausência de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex. deixar de mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse a outras pessoas).
(4) Falta de reciprocidade social ou emocional.

B.Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes quesitos;

(1)Insistente preocupação com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesses, anormal em intensidade ou foco.
(2)Adesão aparentemente inflexível a rotinas e rituais específicos e não funcionais.
(3)Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., dar pancadinhas ou torcer as mãos ou os dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo).
(4)Insistente preocupação com partes de objetos.

C.A perturbação causa prejuízo clinicamente significativo nas áreas social e ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento.

D.Não existe um atraso geral clinicamente significativo na linguagem (por ex., palavras isoladas são usadas aos 2 anos, frases comunicativas são usadas aos 3 anos).

E.Não existe um atraso clinicamente significativo cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (outro que não na interação social) e curiosidade acerca do ambiente na infância.

F.Não são satisfatórios os critérios para um outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Esquizofrenia.

Mesmo que os sintomas do comportamento dessas crianças com SA estejam bem definidos, pouco se sabe sobre as raízes neurobiológicas dessa desordem. Segundo estudos realizados, os indivíduos com Autismo apresentam anormalidades nos lobos frontais e parietais.

No decorrer desse tempo os termos que utilizaram para definir essa síndrome foram muitos, chegando até a criar grande confusão entre os pais e educadores.
Essa síndrome se caracteriza por apresentar desvios e anormalidades em alguns aspectos do desenvolvimento, como; interação social, uso da linguagem para a comunicação e algumas características repetitivas ou perserverativas sobre um limitado número, porém bastante intenso, de interesses. Os indivíduos não-autistas conseguem captar informações cognitivas e emocionais de outras pessoas simplesmente através de algumas pistas deixadas no ambiente social ou em traços em sua expressão facial, na linguagem corporal, no humor ou na ironia. Enquanto que os indivíduos com SA não apresentam essa capacidade, sendo assim não conseguem reconhecer nem entender os pensamentos e sentimentos dos demais, então são incapazes de prever o que se pode esperar dos demais ou o que esses podem esperar deles. Dessa forma, são levadas a apresentar comportamentos impróprios e anti-sociais.
Mesmo tendo características semelhantes ao Autismo, os indivíduos com SA na maioria das vezes têm habilidades cognitivas elevadas.

A SA é conceitualizada como a disfunção mais ligeira do aspecto da perturbação autista. Neste conceito, Van Krevelen (cit in Wing, 1991), refere que ao nível mais grave do mesmo, se encontram crianças que “vivem no seu próprio mundo”, enquanto que no nível mais discreto “vivem no nosso mundo, mas à sua maneira”.
As crianças com Síndrome de Asperger até podem procurar se inteirar socialmente, mas sempre apresentarão dificuldades em interpretar e aprender as capacidades de interação social e emocional com os outros.
Assim, podemos perceber que nem todas as crianças com SA agem igualmente. Do mesmo jeito, sendo menino ou menina, cada crianaç tem sua maneira própria e singular e os sintomas dessa síndrome são apresentados de maneira específica para cada indivíduo. Portanto, não adianta pensar que existe uma receita pronta para vivenciar com essas crianças em sala de aula, do mesmo modo que não existe uma metodologia ideal para ser usada com crianças que não apresentam Síndrome de Asperger.

2.Estratégias de intervenções em sala de aula com portadores da Síndrome de Asperger

Diante do quadro apresentado por um indivíduo com SA, não existe uma fórmula exata para lidar com crianças e jovens com Síndrome de Asperger em sala de aula, pois cada indivíduo com SA tem suas características típicas da síndrome, porém manifestadas de forma individual e específica em cada uma delas, mas percebe-se que podem ser usadas algumas estratégias que serão úteis e ajudarão bastante a dar respostas ás necessidades educativas especiais destas crianças. É importante perceber que serão apresentadas algumas sugestões de uma forma geral, portanto deve ser adaptado às necessidades únicas de cada indivíduo portador dessa síndrome.
De acordo com os estudos realizados a cerca da SA, é bastante relevante destacar algumas intervenções realizadas em sala de aula.
Confrontadas com mudanças, mesmo sendo rápidas, as crianças com SA ficam bastante ansiosas, altamente sensíveis. É importante que o professor:

Evite as mudanças, principalmente as surpresas, pois as crianças com SA precisam ser preparadas com antecedência para qualquer atividade que vá alterar o horário ou mudar o hábito, mesmo que essa mudança seja mínima;

Ofereça sempre um ambiente seguro e previsível;

As rotinas no dia-a-dia devem ser sólidas, pois as crianças com SA precisam compreender essa rotina e saber sempre o que a espera;

Evite momentos que elas possam sentir medo do desconhecido, dos novos professores, novas turmas, escola, tão cedo quanto possível e assim evitam-se as preocupações que geram angústia;

As crianças com SA apresentam muitas dificuldades em interagir socialmente. Demonstram pouco jeito para começar e até mesmo manter uma conversa, tendo assim dificuldade na comunicação. Elas falam para as pessoas, mas não com elas. Frequentemente desejam fazer parte do mundo social, no entanto, não sabem como se integra.
É necessário que:
A escola proteja essa criança das brincadeiras inadequadas;
Quando os colegas têm idades adequadas a entender, é importante que o professor explique as características da criança com SA e sempre elogie os colegas quando estes as tratam com respeito, sendo assim, se evita o isolamento da criança;
Vivencie situações onde as crianças com SA apresentem suas habilidades cognitivas em pequenos grupos, e possam ser vistas pelos colegas como talentosas, favorecendo assim uma maior probabilidade de serem aceitas;
As crianças com SA, em sua maioria, desejam ter amigos, mas não sabem como fazê-lo. Então, elas precisam ser orientadas de forma apropriada a reagir em situações diferentes. Devem-se criar momentos onde o “faz - de- conta” sirva de exemplos para que a criança com SA entenda as regras que as outras crianças entendem de forma intuitiva;
Quando uma criança com SA, mesmo sem intenção, insulta, magoa, deve ser explicado a ela que esse comportamento é inapropriado e qual deveria ser o jeito correto de agir, pois a crianças com SA não tem noção do que é as emoções dos outros;
Quando os estudantes são mais velhos, o professor pode adotar para o aluno com SA o que chamamos de “amigo tutor”, que é aquele amigo da mesma classe, sensível às dificuldades do estudante com SA e que vai sentar próximo e tentar ajudá-lo nas atividades escolares;
É característico que a criança com SA apresente tendência para se retrair, portanto o professor precisa criar situações de envolvimento com os outros, favorecendo a socialização e evitando assim que ela passe todo o tempo solitário nos seus interesses obsessivos por determinados assuntos.
As crianças com SA produzem longas lições, quando estas são das suas áreas de interesses, repetem perguntas sobre determinados assuntos, dificilmente elas mudam de opinião, seguem suas próprias ideias e na maioria das vezes se recusam a aprender matérias que não faz parte do seu grupo restrito de interesses. Então:
Não permita que crianças com SA persistam sobre assuntos de interesses isolados. Quando isso acontecer limite este comportamento e especifique pra ela um tempo, durante o dia, que ela possa conversar sobre esses assuntos, desta forma ela vai aprender a se controlar, pois isso fará parte da sua rotina diária;
A utilização de um reforço positivo, com o intuito de se obter um determinado comportamento, é uma estratégia importante para ajudar as crianças com SA (Dewey, 1991).
Estas crianças precisam também ser elogiadas quando apresentam comportamentos sociais adequados, por mais simples que sejam;
Determinadas crianças com SA se recusam a realizar trabalhos que não sejam da sua área de interesses, portanto é necessário deixar claro para elas que não é ela que manda e que é preciso que ela siga regras específicas. Porém, simultaneamente, o professor também pode fazer concessões, permitindo assim que ela siga os seus interesses em determinadas condições;
Poderá oferecer tarefas à criança com SA, relacionadas com o tema de seu interesse e que tenha haver com a área de conhecimento em estudo, por exemplo, se a criança tem interesse pela boneca da Emília, ofereça-lhe exercícios gramaticais, situações problemas de matemática, ortografia, textos para leituras sobre a Emília;
Utilize os interesses obsessivos da criança com SA para favorecer um alargamento no seu repertório de interesses. Como exemplo, numa aula de geografia sobre ecossistemas, o aluno com SA que possui obsessão por animais, estuda não só os animais que habitam esses ecossistemas, mas também os outros seres vivos, a casa desses animais, etc. Sem falar, que é motivado a aprender a população desse local que derrubou as árvores para garantir a sua sobrevivência.

As crianças com SA estão frequentemente distraídas, ocupadas com os seus pensamentos; são muito desorganizadas; apresentam dificuldades em concentrar-se nas atividades da sala,(frequentemente, tal não se deve a falta de atenção “per si”, mas sim ao focarem-se em detalhes irrelevantes; a criança com SA não consegue discernir o que é). importante [ Happe, 1991]
E como tal a atenção é dirigida para estímulos insignificantes; apresentam grande tendência para se isolarem no seu mundo interior, de forma bem maior que o que chamamos “sonhar acordado”, e demonstram dificuldade em aprender quando em grupo. Portanto:
As tarefas escolares devem ser divididas, as questões precisam ser sintetizadas e o professor deve reorientar sempre que for necessário;
As crianças com SA devem estar sentadas nas carteiras da frente e o professor tem que fazê-lhe, com freqüência, perguntas diretas, para que a mesma possa perceber a necessidade de acompanhar a aula;
É importante que as crianças com SA tenham seus trabalhos de sala e tarefas de casa diminuída em sua quantidade, pois apresentam dificuldades de concentração;
Sente a criança com SA ao lado de outra criança que a lembre constantemente da necessidade de estar atenta as tarefas e as aulas;
O professor precisa estar numa batalha constante no que se refere ao encorajamento a criança com SA para que ela possa abandonar os seus pensamentos ou as fantasias e concentrar-se no mundo real. É necessária bastante paciência porque para a criança com SA o mundo interior é bem mais atraente do que a vida real.
A maioria das crianças com SA tem uma inteligência média ou acima da média, (principalmente no domínio verbal), mas podem apresentar dificuldades na capacidade de compreender os raciocínios muito elaborados. Apresentam uma visão muito concreta e a capacidade de abstração limitada. Mesmo tendo um estilo de linguagem pedante, demonstrando uma falsa imagem do que compreendem o que estão dizendo, quando na verdade estão apenas a repetir como um papagaio o que ouviram ou o que leram. É importante:
Proporcionar um programa educativo individualizado;
Quando os conceitos vivenciados em sala de aula forem abstratos, é interessante que se proporcionem explicações adicionais ou tente simplifica-los;

Explorar bastante a capacidade de memória das crianças com SA, porque as informações concretas é a área forte delas;
Estabelecer regras claras no que diz respeito a qualidade do trabalho acadêmico dessas crianças, porque em sua maioria, as crianças com SA não se esforça em áreas que não a interessam.
Para que muitas dessas estratégias dêem certas, é importante que sejam consideradas as características particulares de aprendizagem de cada uma dessas crianças para que o apoio necessário seja fornecido e só assim se construa as competências necessárias.
Conclusão
Quando pensamos em educação inclusiva, refletimos sobre todas as crianças serem incluídas na vida educativa e social da escola, porém esse pensamento só será possível quando as escolas se concentrarem na construção de um sistema que se apresente de forma estruturada para que as necessidades de cada um seja atendida e se perceba, de forma clara e objetiva, que a responsabilidade é de toda a comunidade. Correia (2003:9) alerta “a criança com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) não se alimenta de sonhos, mas sim de práticas educativas eficazes que têm sempre em linha de conta as suas capacidades e necessidades”.
A criança com Síndrome de Asperger pertence a este grupo diversificado dos alunos com NEE. Por ser ainda pouco conhecida, estas crianças vivem em contextos escolares onde, em sua maioria, são voltadas ao fracasso escolar e rotuladas de mal comportadas, indisciplinadas ou até mesmo, estranhas. Desta forma, o sucesso destas crianças depende de um diagnóstico precoce, de profissionalismo e principalmente de carinho, como maneira de protegê-las de rotulações.
Este estudo representou uma nova proposta, um novo caminho que foi percorrido e que continuamente passou por reflexões, sob um olhar crítico que vai se amadurecendo de maneira que a teoria e a prática se ajudem e se completem. É importante observar que este estudo abriu novos caminhos, dicas e principalmente novas idéias para a Educação Especial e que sejam, de fato, mais uma valia nesta área. Foi interessante observar como a SA se apresenta e quais as áreas de conhecimento de maior interesse dessas crianças e mais ainda, como pode o professor, ajudar a promover outras competências que se encontram em déficit numa criança com SA.
O mais importante ponto de partida para ajudar estudantes com Síndrome de Asperger a funcionar efetivamente na escola é que todos que tenham contato com a criança compreendam que a criança tem uma desordem de desenvolvimento que a leva a se comportar e responder de forma diferente que os demais estudantes. Partindo dessa compreensão, a escola precisa individualizar sua abordagem para cada uma dessas crianças, não trata-los da mesma forma que os demais estudantes.
O próprio Asperger compreendeu a importância central da atitude do professor no seu próprio trabalho com essas crianças. Ele escreveu em 1944.
“Estas crianças frequentemente mostram um surpreendente sensibilidade à personalidade do professor... Eles podem ser ensinados, mas somente por aqueles que lhe dão verdadeira afeição e compreensão, pessoas que mostram delicadeza e, sim, humor... A atitude emocional básica do professor influencia, involuntária e inconscientemente, o humor e o comportamento da criança”.
É sempre importante retrata-la, compreende-la, definir os caminhos que possam vir a ser úteis para todos os profissionais que se veem a par desta síndrome no campo da educação especial.

Estudar, aprofundar, compreender e atuar de forma competente são aspectos fundamentais de qualquer indivíduo, sobretudo quando nos encontramos na Educação Especial, com crianças que merecem serem felizes. É nossa responsabilidade de com estas crianças e por elas construir esse caminho.

Autores:Maria Jordélia de Macedo
Aparecida Barbosa de Melo Ferreira

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