Não se trata de uma pessoa física, é uma Lenda. No plano pessoal é a figura que conseguiu percorrer um itinerário de privações e dificuldades de toda ordem e ter êxito. Ninguém encarnaria a meritocracia burguesa com maior desenvoltura do que ele. Lula, porém, foi além da hipnose meritocrática que impede a percepção do sucesso como o resultado de um esforço coletivo. A ilusão desse “mérito” produz apenas a desidentificação do sujeito com a sua origem social, adesão aos de cima e desprezo pelos que lá ficaram. Mas com Lula isso não aconteceu. Cedo ele entendeu o vínculo entre sucesso individual e esforço coletivo e que a sua emancipação só poderia servir a guiar outras como a dele. Em lugar de ser mais um boi no pasto, foi o boi que arrombou a cerca para a passagem da boiada, a alavanca que permitiu a emancipação da miséria de 40 milhões de brasileiros.
A história do Brasil dará a Lula papel mais relevante do que o que reserva hoje a Getúlio ou Juscelino. Lula é ícone mundial, como Gandi ou como Martin Luther King. Essa condição independe do que quer que o judiciário brasileiro venha a fazer com ele. Ao contrário, tais Lendas, só fazem ganhar, ganham quando ganham e ganham também quando parecem perder.
Na verdade, Lula é que será o parâmetro para julgar quem foi e quem não foi canalha na atual quadra da história desse pobre país.
Mas as forças que o combatem são intranscendentes, no sentido de que não se importam com o futuro. A sua cosmologia é pobremente formada por um eterno hoje e apenas com ele se preocupam. Esse hoje, pobre e intranscendente os leva a querer “pegar Lula”.
Essa intranscendência os impede de perceber e de se inquietar com o significado último do que fazem. Não sabem o que fazem... O que importa é enxovalhar o homem, não percebem que não podendo enxovalhar a Lenda são eles que serão tidos como culpados. O que fará o dono da vinha?
Quem será mais forte em 2018? O Lula líder ou o Lula mártir? Preso injustamente numa carceragem de Curitiba ou de São Paulo por um apartamento no Guarujá e uma canoa? ou livre nas ruas? Eis a questão que está muito além da compreensão de alguns detratores.
A oposição não entendeu, mas é pedir demais, reconheço, que nessa Lenda universal; que tem versões em todas as culturas, e que conta a história de um líder que saiu do povo e o redimiu; o protagonista sempre vence.
Lula vence livre, pois será líder, vence preso, pois será mártir e dará origem a um movimento, o Lulismo, que será imbatível por gerações, mais forte, mais capilarizado e mais profundo do que o Peronismo na Argentina. O Lulismo de hoje, com Lula entre nós, não é nada se compararmos com aquele Lulismo que um dia nascerá. Esse Lulismo futuro será herdeiro e sucessor do próprio Lula, será multipartidário, e não somente petista, e continuará cobrando à direita tudo o que já lhe dá dor de cabeça hoje. O Lulismo será a plataforma que decidirá o segundo turno das eleições no Brasil por décadas. Setenta anos depois o Gaullismo, conservador, é força viva na França...
A oposição não se interessa pelo futuro, mas ele nos verá da seguinte forma:
I Por um lado a) um judiciário parcialíssimo, para quem o que incrimina o PSDB não interessa, b) uma polícia que deixa passar o tráfico por helicóptero de meia tonelada de cocaína, (poucas coisas poderiam ser mais graves), não prende os proprietários, solta o piloto e devolve a aeronave, (pertencente a uma família de apoiadores de Aécio Neves), e c) uma oposição chefiada por um personagem inimputável quatro vezes delatado na mesma Operação que, no entanto prendeu o Almirante Othon, pai da energia nuclear brasileira.
II Por outro o personagem que encarna a Lenda que redimiu 40 milhões de miseráveis e que sobreviverá a nós é tratado como um criminoso a priori, humilhado juntamente com a sua esposa e filhos, faltando-lhe apenas o crime, nunca definido, mas que quando encontrado o levará ao judiciário, (convertido num cadafalso), onde será, finalmente, julgado e enforcado ao amanhecer.
Intranscendentes as forças que pretendem solapar a sua imagem não percebem que já perderam. Não interessa se conseguirão vê-lo preso. É tarde demais para quem queria “pegar o Lula”.
Lula é líder ou será mártir e a ele se seguirá um portentoso e invencível Lulismo que durará gerações.
Como na Parábola dos Lavradores Maus, (de grande atualidade), Lula é a “pedra rejeitada que se tornou pedra angular”. Tarde demais, ele já se tornou a pedra angular. Por isto o jogo já está perdido para aqueles que querem humilhá-lo ou destruí-lo.
Os que somam com ele venceram. Toda a questão agora é a sua proteção enquanto ser humano, sua família, sua privacidade, as pessoas que ama e que por isto se tornaram alvo de covardes e canalhas. Devem ser alvo do carinho e do amor do seu povo. Temos, aliás, que ser muito expressivos na manifestação desse carinho que mostra muitíssimo mais que a solidariedade política.
O homem é frágil e estaremos com ele e com os que ele ama. Mas a Lenda, bem, a Lenda venceu, é imorredoura, e é ela que nos alimenta e que guiará e galvanizará o Brasil a ser um país mais justo, mais democrático e mais humano.
Se estivesse em São Paulo no dia da vergonha levaria uma rosa, ou um cartão de agradecimento, ou o desenho de uma criança e deixaria para Lula na frente do pelourinho em que converteram a justiça e o ministério público. Aquele dia da vergonha talvez venha a ser a primeira estação da Via Crucis que atravessará.
Deixar esse Pelourinho coberto da nossa expressão de carinho seria forte, seria fortíssimo.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/ion-de-andrade/rosas-para-lula-por-ion-de-andrade#.Vry31tuyqMg.facebook
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