sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A queda de braço do "Brasil de Todos" contra o "Brazil de poucos"



  • Autoria:  Rafael Patto

    42,42% do Orçamento da União está reservado para o grupo de pessoas (físicas ou jurídicas) que lucram com a dívida pública brasileira. Quase metade de toda a riqueza que é produzida neste país vai parar nos bolsos de um pequeno grupo (em grande parte estrangeiro) que, apesar de toda precedência que tem sobre TUDO O MAIS, nunca se dá por satisfeito e chora cada centavinho furado que é destinado a outras áreas.

    Quando a gente vê a monstruosa "partilha" da riqueza nacional, a gente fica sem entender por que tanto chororô desse segmento tão privilegiado, que tem na imprensa golpista e no psdb seus mais obstinados porta-vozes. Imprensa e psdb vivem alardeando o "colapso das finanças públicas", o que não deixa de ser curioso, uma vez que o psdb deixou o país com a dívida externa batendo nos 212 bilhões de reais, e hoje não só a dívida externa está quitada como também já conseguimos acumular reservas de quase 400 bilhões de reais!!! Mas para essa gente sem caráter, a verdade dos números importa menos que o blefe.

    Normalmente, imprensa e psdb elegem como culpados do "desastre fiscal" brasileiro o setor público e os programas sociais do governo. O fanatismo neoliberal tem como projeto o sucateamento do setor público e a privatização de qualquer prestação de serviço. Tudo para que os parcos recursos que são destinados ao financiamento da saúde, educação, cultura, segurança etc. sejam também absorvidos pela já gigantesca fatia de reservas do serviço da dívida. A glutonice dos especuladores não conhece qualquer limite.

    Mas quem são eles? Quantos são? O que fazem e onde vivem? Sabe-se muito pouco dessa gente. Eles não aparecem. São sabidos os nomes de apenas alguns poucos. Eles têm mil e um representantes que agem por eles (laranjas, empresas de fachada e também partidos políticos e a imprensa golpista brasileira). Com tantos "despachantes", parece até que nem têm existência material. Pairam como espectros sobre todas as decisões que são tomadas nos bastidores do poder. Eles são os verdadeiros "donos do Brasil". As "forças ocultas" da nossa História, que já "suicidaram" e depuseram presidentes, financiaram golpes e ditaduras.

    E quantas são as pessoas - essas, sim, naturais, reais, de carne e osso - que contam com os serviços públicos do nosso país? Quantas são em comparação com o número absoluto de credores do Tesouro Nacional? É assombroso que um número tão ínfimo de titulares da Dívida Pública brasileira detenha um poder de lobby tão forte. Todas as demais áreas do governo somadas, incluídas as ditas "essenciais", não alcançam o percentual do Orçamento Geral da União que é reservado exclusivamente para a rubrica "Juros e Amortização da Dívida".

    Mas, quando querem falar em desperdício de dinheiro, imprensa e psdb sequer mencionam essas "forças ocultas". Para eles os culpados são o setor público e os programas sociais. A ideia do "Estado inchado" é repetida como um estribilho pelos agentes do "saneamento fiscal".

    Algumas perguntinhas (im)pertinentes: o que quer essa gente, quando fala em "reduzir o tamanho do Estado", ou quando se refere a um suposto "excesso de Ministérios"? Ora, como vemos no fatiamento da receita da União, para a Administração está reservado 1,15% de todo o dinheiro que se pretende arrecadar no exercício financeiro de 2014. 1,15% para tudo o que se refira às despesas com a Administração Pública, incluindo pagamento de pessoal, custeio operacional etc. Em outras palavras: tudo o que se refira ao auto-custeio do Estado. 1,15%!!!!

    Quando falam em "cortar Ministérios", a gente sabe muito bem para onde eles apontam. Existem órgãos da Presidência da República que foram criados pelo Presidente Lula e pela Presidenta Dilma que são considerados absolutamente inúteis para os que pensam a Administração Pública em função apenas dos rentistas e especuladores e se esquecem dos seres humanos reais: Secretaria de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Direitos Humanos, por exemplo, que desenvolvem programas importantíssimos para os públicos-alvos que atendem, seriam as primeiras vítimas dos "cortes de gastos". O que seria um crime porque os projetos sociais empreendidos no âmbito de cada um desses órgãos citados são de vital importância para as pessoas que são contempladas por eles. E, no entanto, o impacto orçamentário dessas Secretarias para a União é praticamente irrisório. Imagine a participação total dessas secretarias dentro daquela finíssima fatia de 1,15% das despesas gerais. Que economia concreta poderia representar a extinção desses órgãos? Nenhuma! E é fundamental que se diga: pela importância dos projetos que desenvolvem, esses órgãos são extremamente "baratos" para a sociedade, o custo que eles representam não faz nem cosquinha no Orçamento Geral da União!!! Fechá-los seria uma economia porca e burra.

    Propagandear o fim de Ministérios ou Secretarias da Presidência é uma forma populista de enganar a opinião pública. Pessoas ligadas ao psdb costumam apresentar o "corte de Ministérios" como se fosse a solução mágica para todos os nossos problemas. Isso é uma falácia! Na verdade, esse discurso serve de fachada para segundas intenções. Quando a imprensa e o psdb dizem que o governo precisa gastar menos, eles não propõem essa economia para que sobrem mais recursos para serem investidos no SUS, nas universidades públicas, no Ciência Sem Fronteiras ou no ProUni. Eles querem é que cada fatiazinha daquela seja englobada pela fatiazona da "Amortização da Dívida".

    Isso vale evidentemente para os 2,88% destinados à Assistência Social. 2,88% para os programas de transferência de renda que estão transformando a vida de milhões de famílias brasileiras. Esses valores chegam a ser irrisórios diante do que é entregue de mão beijada aos "donos do Brasil", mas mesmo sendo pouco no cômputo geral, é uma enormidade quando consideramos o microcosmo daqueles que são beneficiados por esses recursos. São só 2,88% e isso representa o sopro de esperança de uma nova vida para milhões de brasileiros. São só 2,88% e até pouco tempo atrás não se tinha nem isso. Apenas 2,88% e é preciso matar um leão por dia para se manter e ampliar os programas sociais nesse país. Lula e Dilma compraram brigas feias com os segmentos mais tinhosos da nossa sociedade para conseguirem "desviar" essa mísera porcentagem para os brasileiros mais necessitados. É por isso que programas como o Bolsa Família sofrem tantas tentativas de sabotagem, tantas campanhas conspiratórias, tanta propaganda negativa. As "forças ocultas" queriam esses 2,88% para si. Os "donos do Brasil" querem cada centavinho para si.

    É por isso que imprensa e psdb tratam os servidores públicos e as famílias pobres como culpados pelo "desastre das contas públicas" ou, como eles gostam de dizer, pela "tragédia fiscal" brasileira, que não existe e que os números negam, mas que eles precisam alardear para pressionar psicologicamente o mercado e, quem sabe, conseguir alguma resposta do governo para "economizar" com o povo e "amortizar" mais e mais a "bendita" dívida pública.


    Fonte:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=529078930523414&set=a.222579191173391.45804.100002639352550&type=1&theater

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Discutir política com seus amigos

Seis dicas para discutir política com seus amigos


Se você e seus amigos têm opiniões ideológicas diferentes, siga essas dicas para não transformar uma discussão em uma briga sem sentido
Autor: Universia Brasil

(Crédito: Shutterstock.com)
(Crédito: Shutterstock.com)
Depois de alguns anos de intensa convivência, é estranho perceber que vocês discordam tanto quanto a assuntos morais, políticos ou religiosos. Porém, não faça disso um drama
















Estamos em ano de eleições e isso significa que, provavelmente, você e seus amigos vão discutir sobre política. Como ninguém pensa de maneira igual, é provável que você acabe discordando com um colega. Por uma besteira, você pode criar uma briga sem sentido. Portanto, siga essas dicas e evite atritos desnecessários.

Seis  dicas para discutir política com seus amigos:

 1. Não tente mudar a opinião do seu amigo
Grande parte das brigas que acontecem com os amigos nesse tipo de situação ocorre porque um quer mudar a opinião do outro. A discussão começa calma, porém termina com um ofendendo o outro. Por isso, deixe-o acreditar no que ele quiser. Não tente mudá-lo. Entenda que cada um tem uma opinião diferente de acordo com o que passou na vida. Em vez de focar em "por que meu amigo não vota no mesmo que eu?", concentre-se em "eu quero entender o que meu amigo pensa". Tente compreendê-lo mesmo que você não concorde. Imagine se todos pensassem da mesma forma? Ninguém aprenderia. O aprendizado e a maturidade vêm da diferença.

2. Fatos e contextos

Uma das coisas mais frustrantes sobre discutir política é que as pessoas, não importa de qual lado estejam, dificilmente têm noção dos fatos. Nem sempre a culpa é deles. A mídia, em geral, foca em aspectos ínfimos sobre a candidatura de um político e não passa um panorama geral aos espectadores. Resultado: asdiscussões são sempre baseadas nos mesmos argumentos com pouca sustentação teórica ou prática. Outro resultado: quem quiser entender realmente o que se passa no cenário político nacional não pode se basear apenas nos grandes meios, mas analisar bem as propostas de cada candidato (averigue até se eles têm propotas concretas!) e ler livros ou textos mais acadêmicos, de pessoas que estudaram anos alguém ou uma situação. Quando você estiver discutindo, atenha-se aos fatos e se seu amigo entender você equivocadamente, explique-se calmamente. Se, mesmo assim, eles não compreenderem, esqueça. Pelo menos, você sabe os fatos.

3. Não julgue seu amigo

Se estamos falando do seu amigo, é natural que você tenha diversas coisas em comum. Depois de alguns anos de intensa convivência, é estranho perceber que vocês discordam tanto quanto a assuntos morais, políticos ou religiosos. Não faça disso um drama. De fato, escolhemos amigos porque eles são semelhantes a nós, mas não se pode esperar que ele concorde com tudo o que você pensa. Deixe seu amigo falar e não fique chateado de escutar opiniões diferentes. Não vale a pena perder um amigo por causa disso.

 4. Evite o assunto

Amigos deveriam poder discutir sobre qualquer assunto, porque, como já dito, mesmo discordando, podemos aprender. Entretanto, às vezes, vocês são tão irredutíveis que nem escutam o que o outro tem para dizer. Foque sua amizade em outros aspectos. Se a maioria das coisas na qual sua amizade é baseada é positiva, pense nelas em vez de tentar chegar a um denominador comum quando o assunto é política.

  5. Concorde discordando

Não adianta, haverá uma hora em que você terá que escutar seu amigo. Mantenha a calma, faça com a cabeça que "sim", mesmo que não concorde com nada do que ele esteja falando. É necessário que vocês sejam civilizados para que a conversa mantenha o nível. Tenha a paciência de escutar e, quando a discussão estiver muito acalorada, saiba a hora de mudar de assunto.

  6. Cuidado com o Facebook

O Facebook revolucionou o modo como nos comunicamos com nossos amigos e, às vezes, isso não é bom. Principalmente quando seu amigo fica postando diariamente opiniões com as quais você não concorda - o que está no direito dele. É inevitável que isso afaste você do seu amigo. Amizades podem acabar, sim, por meio das redes sociais, porque você pode achar que ele está bombardeando você com mensagens contrárias quando, na verdade, ele está apenas se expressando. Não leve as postagens dele tão a sério. Lembre-se que não vale a pena perder um amigo por causa de política. Pense que ele não votar no mesmo partido que você é uma questão semelhante a dele gostar de brócolis e você não. É uma opinião, apenas isso.

sábado, 25 de janeiro de 2014

ANATOMIA DE UM COXINHA



É preciso uma paciência de Jó para direita sem argumento, papagaio da mídia golpista. Uma história real que demonstra bem esta frase acima. 

O morador indignado com o atendimento da saúde de sua cidade entra com um mandato de segurança contra o prefeito.

Tudo aconteceu assim:

Uma pessoa da sua família , com um tumor no cérebro, com cirurgia marcada em BH e não pode operar porque na prefeitura da cidade ninguém sabia fazer uma reserva na central de leitos.

O advogado colocou seu desabafo numa página da prefeitura e uma tucana ,coxinha e alienada fez o seguinte comentário:

... me sinto na obrigação de lembrar que o mais falho é o nosso sistema público de saúde. ... Mesmo com ótimo empenho na central de vagas, pro povo todos os buracos são mt mais embaixo.. Quem dera a culpa da saúde fosse dos prefeitos locais e não do imundo governo preocupado com copa e com o próprio bolso”

Bom analisando o comentário dela, antes um detalhe parece discipula de Marina Blá blá :

Quer dizer ,votam num prefeito incompetente que nomeia secretário de saúde que ñ sabe resolver os problema existentes e a culpa é do governo federal ??
Níveis de responsabilidade na Saúde Pública

Existem responsabilidades determinadas para os Estados, Municípios e União

Conforme o art. 30, inciso VII da Constituição Federal de 1988, cabe ao município: "prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;"

Para entender melhor essa situação, é preciso compreender que existem responsabilidades determinadas para os Estados, Municípios e União. O município se responsabilizará por ações dentro do seu próprio território, e para isso, contará com o apoio dos Estados e da União.

Já quando as ações pretendem atender a um público regional, será de responsabilidade dos Estados, com o apoio do Município e da União.

Por fim, quando as ações vão além dos aspectos regionais, será de responsabilidade da União e contará com o apoio dos estados e municípios. Veja alguns exemplos práticos:

1. A atenção básica aos cidadãos, é de responsabilidade do município,
uma vez que pretende atender dentro de seu próprio território, mas
conta com o apoio do Estado e da União;

2. Um hospital, como atende a uma região, é de responsabilidade do
estado, mas pode contar com o apoio dos municípios que o tem
como referência e da União;

3. Um programa como o de combate a Dengue, é de responsabilidade
da União, uma vez que envolve vários entes federativos, mas
contará com o apoio dos estados e municípios.

“ME POUPEM “Imundo governo é ...vá catar coquinho ,antes que eu esqueça. Tudo culpa do PT .O povo ñ entende nada e começa a escrever abobrinhas.
E assim funciona a cabeça de uma coxinha Rodrigo P. 13 ESCLARECE:
"Um COXINHA q assiste o JN há 20 anos sofre de síndrome: do Culpismo. Choveu? Culpa do #PT? Roubou? Culpa do #PT? Matou? Culpa do PT? Tudo!"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O exemplo de heroísmo da esposa de Pizzolato



A história de uma farsa – Capítulo 8
A pedrinha de David
Desde o início, o processo do mensalão ofereceu um triste espetáculo de mentiras, traições, covardia. O julgamento no STF não foi diferente. Os ministros mais famosos por seu respeito ao garantismo e à letra da Constituição mancharam sua própria história ao capitularem à infame pressão de uma mídia notoriamente engajada politica e partidariamente.
Entretanto, a história registrará ao menos um exemplo de heroísmo. Um heroísmo prosaico, delicado, feminino, composto apenas de inteligência, amor, lealdade e desejo de justiça.
Falo da gentil e doce
Andrea Haas, arquiteta e esposa de Henrique Pizzolato. Quando a história definitiva do julgamento for escrita, seu nome não poderá ser esquecido como aquela que lançou a pedrinha que ajudou a derrubar um dos homens mais poderosos do país, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
A ironia é que diversos réus contrataram os escritórios de direito mais competentes da America Latina, incluindo Marcio Thomaz Bastos, um dos maiores criminalistas brasileiros, mas ao cabo foi Pizzolato, o réu mais frágil financeiramente (seus advogados, embora bons, trabalham praticamente de graça), quem teve a defensora mais combativa e mais astuta. Sua própria esposa.
Quando o mundo inteiro parecia desabar sobre a cabeça do casal, Andrea Haas começou a estudar o caso por conta própria. Sozinha, elaborou para seu marido a mais contundente defesa que um réu jamais sonhou ter. Quase todas as reportagens, documentos e raciocínios lógicos que hoje comprovam, definitivamente, a inocência de Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, e derrubam os pilares de toda a absurda trama criada pela Procuradoria Geral da República, nasceram da luta de uma mulher indignada pela condenação injusta do seu companheiro de toda uma vida, de um homem cujos anseios por justiça social, integridade e coragem, acompanhou e admirou desde a mocidade. (Leia a emocionante carta de Andrea a seu marido).
A última pedrinha com que este David de saias derrubou o Golias – esse estamento híbrido formado por mídia, oposição conservadora e figuras desqualificadas da procuradoria e STF – talvez tenha sido lançada esta semana, com a divulgação em larga escala de uma denúncia gravíssima. Na verdade, essa denúncia apenas completa (ou chega bem perto de completar) um quebra-cabeça, cujo desenho Andrea Haas já conhece há tempos.
A denúncia consta de recente artigo de Maria Inês Nassif. A jornalista do site Carta Maior denuncia, com base em documentos coletados e ordenados logicamente por Andrea,  o então procurador geral da república, Antônio Fernando de Souza, e o relator do processo antes do mesmo se tornar a Ação Penal 470, Joaquim Barbosa: eles sabiam da inocência de Pizzolato e, portanto, da inconsistência da tese de acusação, bem antes da denúncia ser discutida e aceita pelo Supremo Tribunal Federal. Não apenas sabiam da existência desses documentos, como os esconderam deliberadamente.
Os leitores então me perguntam: e agora, Miguel? O que acontece? É possível anular Ação Penal 470? Dê sua opinião, por favor!
Diante de inépcia tão flagrante, acho que é possível, sim, anular a Ação Penal 470. E se não for, agora há elementos mais consistentes para se levar o caso a uma corte internacional.
É óbvio, no entanto, que não será fácil. Como no caso Dreyfus, na França, as pessoas e entidades envolvidas na acusação enredaram-se tão profundamente nessa teia de mentiras que será difícil encontrar uma saída “honrosa”. Nada melhor do que um divertido ditado popular para definir a situação em que se encontra o STF: um mato sem cachorro.
Quem será o cachorro a tirar o STF da enrascada em que se meteu, ao se submeter covardemente ao clima de linchamento criado pela mídia?
Como explicar à nação que o tipo de prevaricação cometido pelo Procurador, por Joaquim Barbosa e por alguns outros ministros foi bem pior do que os crimes eventualmente cometidos pelos réus? Muito pior, porque se houve crime (e não posso saber se os réus são inocentes em tudo), com certeza não foi aquele da tese da acusação, enquanto o procurador e Joaquim Barbosa pactuaram com um golpe branco. Os quarenta réus acusados pela denúncia da Procuradoria foram escolhidos da forma mais odiosamente arbitrária e tendenciosa entre os 126 relacionados na CPMI dos Correios. A trama foi discutida e escrita primeiro; depois foram colhendo somente os réus, testemunhas e documentos que podiam corroborá-la. Até mesmo a dona lógica foi posta de lado quando se interpunha no caminho da acusação.
Agora temos provas de que, antes da aceitação da denúncia pelo plenário do STF, o procurador geral da república e Joaquim Barbosa conheciam o Laudo 2828 e outros documentos que inocentavam Pizzolato (e, repito, derrubavam toda a Ação Penal 470), e não só os esconderam dos demais juízes e advogados de defesa, como ainda mentiram descaradamente sobre seu conteúdo.
Vamos focar um pouco na questão das datas, porque elas são fundamentais para se visualizar o grau de sordidez da procuradoria e do ministro Joaquim Barbosa.
Laudo 2828 é fruto de uma investigação da Polícia Federal junto ao BB e à Visanet, feita a pedido da própria Procuradoria e deferido por Joaquim Barbosa, ao final de 2005. A PGR, no entanto, estranhamente, não aguarda a conclusão do laudo, que acontece em dezembro do mesmo ano, para apresentar a denúncia, em março de 2006. O laudo foi mantido em segredo, inclusive dos próprios ministros do STF (à exceção de Barbosa), antes e durante a aceitação da denúncia, que ocorreu em agosto de 2007. Só foi anexado à Ação Penal em novembro de 2007, meses depois do STF aceitar (com a faca no pescoço, conforme disse Lewandowski) uma denúncia inepta, e dois dias depois da publicação do seu acórdão. Os ministros, quando julgaram a validez da denúncia, não tiveram acesso a um dos documentos mais esclarecedores da Ação Penal.
Hoje temos à nossa disposição documentos contendo datas e carimbos que comprovam a postura desonesta da PGR e de Barbosa, e há uma novidade. Há apenas algumas semanas, ficamos sabendo que os mesmos atores (PGR e Barbosa) usaram de um artifício maquiavélico para esconder os documentos que “atrapalhavam” a sustentação da tese do mensalão, entre eles o laudo 2828. Não só isso. Tudo aquilo que negaram aos réus petistas, concederam aos “tucanos”. E nem falo dos tucanos do mensalão mineiro, e sim dos servidores do BB, nomeados na gestão FHC, arrolados nas mesmas acusações que se imputaram a Pizzolato, réus num inquérito em separado conduzido na 12ª Vara de Brasília: desmembramento (não entraram na Ação Penal 470), julgamento em primeira instância, e direito a uma investigação sigilosa, sem exposição pública.
Quando se descobriu a existência desse inquérito, soube-se também de outra investigação em andamento no STF, de número 2474, para a qual desde o início foram encaminhados documentos, entre eles o Laudo 2828, que poderiam criar um estorvo para a Ação Penal 470. O diálogo entre o PGR e Barbosa (registrado nos autos), tentando explicar porque documentos e réus, referentes aos mesmos crimes que se imputavam a réus da Ação Penal 470, deveriam figurar em inquéritos em separado, entrará para a história como exemplo “supremo” de cinismo judiciário.
Diz Barbosa, em resposta ao pedido do PGR para “desmembrar” o inquérito envolvendo não-petistas e documentos incômodos, no dia 10 de outubro de 2006:
“(…) defiro o pedido para que os (novos) documentos sejam autuados em separado, como (novo) inquérito. …Por razões de ordem prática, (para não) gerar confusão…”
Não gerar confusão… Ou seja, não atrapalhar os planos de dar consistência a uma tese caduca desde a origem, e acusar inocentes.
Outros réus do BB, arrolados na mesma acusação que Pizzolato, ficaram a salvo do linchamento público promovido pela mídia. E os documentos que poderiam trazer obstáculos à condenação dos réus da Ação Penal 470 foram guardados sob o tapete de inquéritos secretos.
Em termos de cinismo e inépcia, contudo, nada pode superar a própria denúncia de Antônio Fernando de Souza, encaminhada ao STF, e aceita pela maioria dos ministros. O PGR afirma que “Pizzolato em atuação orquestrada, desviou vultosas quantias do Fundo de Investimento Visanet, constituído com recursos do Banco do Brasil” e apresenta como principal prova documental uma auditoria feita pelo Banco do Brasil.
A acusação é do tipo barbosiano: contém tantos erros numa só frase que mereceria se tornar um editorial do Globo.
O nome do Fundo não é Fundo de Investimento Visanet. Fundo de Investimento supõe um cabedal com sócios-proprietários. O nome verdadeiro é Fundo de Incentivo Visanet, e os documentos comprovam que pertence exclusivamente à empresa Visanet. A auditoria mencionada cobre o período de 2001 a 2005. Pizzolato foi nomeado apenas em fevereiro de 2003; o petista é também culpabilizado, portanto, por um período (2001 e 2002) no qual sequer trabalhava na diretoria de marketing. Não há nenhuma prova de “ação orquestrada”. Pizzolato não tinha nenhum poder de ingerência sobre os recursos em questão. O cargo de diretor de marketing, na hierarquia do Banco do Brasil, era secundário; e os que tinham alguma influência sobre a gestão do fundo Visanet, que era dinheiro privado, eram outros servidores, não Pizzolato, conforme atesta o laudo 2828, pedido pelo próprio procurador e deferido por Joaquim Barbosa.
Quando encaminha o Laudo 2828 ao STF, já depois que a denúncia havia sido aceita, o procurador mente deslavadamente:
“Em que pese seu teor ser de leitura obrigatória…, alguns trechos do Laudo 2828/2006 merecem destaque, pois confirmam a imputação feita na denúncia de que Pizzolato e Gushiken beneficiaram a empresa de Marcos Valério.”
Mentira. O Laudo 2828 sequer menciona o nome de Pizzolato ou Gushiken.
Como se não bastasse, hoje sabemos que Barbosa, durante o julgamento, cometeu um erro crasso sobre a data da morte de um dos réus. Mais uma prova de sua incompetência e desonestidade. Em sua ânsia de impor a pena mais severa possível a José Dirceu, uma ansiedade indigna de um juiz, Barbosa informou ao plenário que José Martinez, então presidente do PTB, ainda estava vivo em dezembro de 2003;  ele havia falecido em setembro. A informação foi aceita e usada para que as penas impostas a Dirceu fossem mais pesadas, visto que, em dezembro de 2003, a legislação brasileira, por orientação de Lula, se tornara mais severa contra a corrupção.  E olha que o ministro Marco Aurélio Mello observou, enfaticamente, que a data era importante justamente por causa disso.
Curioso notar que nenhum meio de comunicação, apesar das centenas de repórteres e especialistas diuturnamente analisando e acompanhando o julgamento, que acontecia ao vivo na TV Justiça, identificou o vexame de Barbosa.
Agora, mais que nunca, cresce a convicção de que a população brasileira foi mais uma vez vítima. Promoveu-se, em canais de tv que são concessão pública e que recebem bilhões de reais de publicidade pública, uma mentira ao povo, de que o julgamento seria uma vitória “histórica” contra a corrupção. Foi o contrário. Testemunhamos o maior fiasco da história do STF, uma capitulação vergonhosa ao poder da mídia, ao conservadorismo e a todos os setores derrotados pelo sufrágio popular. O processo conhecido por mensalão foi a oportunidade para se obter uma revanche à vitória eleitoral de Lula em 2002, e para isso arrolaram-se todos os truques, todas as mentiras, todas as armas ainda à disposição do conservadorismo.
Derrotar essa mentira, ou este “mentirão”, conforme bem denominou a corajosa jornalista Hildegard Angel, é uma tarefa coletiva de todos os que lutam por justiça.
A corrupção tem de ser combatida duramente, e temos que aprimorar constantemente nossos hábitos políticos, mas jamais conseguiremos isso condenando inocentes e chancelando farsas.
A verdadeira história do mensalão( vulgo mentirão)  descrita brilhantemente  por Rafael Patto



Coisas muito curiosas acontecem nesse Brasil, sobretudo nos meandros da “justiça”... Certa vez, um presidente da república COMPROU votos de parlamentares para aprovar uma Emenda Constitucional que instituía a faculdade da reeleição no processo eleitoral brasileiro. Um ocupante de cargo eletivo no Poder Executivo em qualquer ente da Federação – Municípios, Estados ou União – passaria então a poder, no exercício do mandato, disputar uma reeleição e, se vitorioso, ser reconduzido ao cargo para um segundo mandato consecutivo.

Há PROVAS e CONFISSÕES de pagamento e recebimento de propinas. O Congresso Nacional foi inundado por cheques que, após a confirmação da aprovação da Emenda, foram resgatados em benefício dos parlamentares que votaram de acordo com o interesse do governo tucano. Mas nada disso ganhou nenhum desdobramento, nem midiático, nem judiciário. Ficou o dito pelo não dito. As provas foram devidamente deixadas de lado. As confissões foram abafadas e vida que segue...

Eis que esse mesmo FHC, que já não passa de um mentecapto agonizante, andou dizendo numa de suas “colunas” que o “mensalão” do psdb foi diferente do PT porque o PT se valeu da “sistemática compra de votos de parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo”. Valha-me nossa senhora, mãe de Jesus de Nazaré!!! Como é possível tamanho cinismo? Como que uma das pessoas mais sujas desse país se sente tão à vontade para falar uma coisa dessas, com aquele inconfundível sorrizinho de canto de boca ainda por cima???

Vamos por partes. De “mensalão” pra “mensalão”, o tucano ou o petista foram a mesmíssima merda: arrecadação de campanha não declarada à Justiça Eleitoral, o vulgo “caixa-2”. Prática ilegal, mas que, infelizmente, TODOS os partidos que disputam o poder no Brasil praticam. Esse não é um problema puntual: é sistêmico. Não tem como disputar eleição no Brasil hoje sem recorrer a esse expediente. Se não o fizer, não tem a menor chance de vencer. E se essas coisas ditas assim ferem demais a sua sensibilidade, você tem duas opções: encarar a realidade ou cortar os pulsos. A escolha é livre.

Continuando o raciocínio e encarando a realidade, a gente tem a seguinte situação: desde a Proclamação da República até 2002, passaram-se 113 anos, dos quais pode-se dizer que os setores oligárquicos desse país estiveram por mais ou menos 90 anos com o controle do poder. O que, somados aos demais 389 anos do período Colônia/Império, representa quase que um domínio absoluto, contínuo e completo desse setor minoritário sobre todo o conjunto da sociedade brasileira em cinco séculos. Quando o psdb praticou caixa-2, ele o fez para dar continuidade a esse domínio. O caixa-2 do psdb foi em nome da manutenção do status quo, da manutenção do controle do poder pela minoria. O caixa-2 do PT foi a única alternativa que um partido organizado, de sólidas bases populares, encontrou para romper com essa sequência multissecular de dominação oligárquica e inaugurar um governo efetivamente democrático-popular. Os vícios institucionais do nosso país – cujas instituições foram “educadas” para funcionar de maneira torta – não deixaram qualquer margem para que se fizesse diferente disso. O PT se viu obrigado a “sujar as mãos”, jogando esse jogo inventado pela oligarquia, como única forma de, uma vez “infiltrado”, reformar de dentro para fora essa estrutura viciada. Se não tivesse compreendido isso, o PT teria se condenado a disputar eleições eternamente como mero figurante. Não teria “sujado as mãos”, mas também não teria vencido nunca. Não teria mudado a vida de mais de 40 milhões de brasileiros (uma Espanha inteira dentro do Brasil ascendeu socialmente graças às políticas de governo do PT).

Resumindo: o “caixa-2” do psdb foi em nome da manutenção do poder nas mãos da elite. O “caixa-2” do PT foi o último esforço em nome da destituição dessa elite do poder para a ascensão da classe trabalhadora. Isso descaracteriza o crime eleitoral que foi praticado? NÃO!!! Absolutamente não!!! Mas as razões de fundo que perpassam essas disputas entre agremiações partidárias são incomparavelmente diferentes. Não se trata simplesmente de disputar o poder pelo poder. A questão é: o que se quer com o poder? Acirrar desigualdades? Manter privilégios? Ou democratizar o Estado, promover inclusão social e alavancar o desenvolvimento nacional?

Sim, o “caixa-2” foi o recurso de que o PT teve de lançar mão, a contragosto, para vencer uma disputa presidencial não para “assumir o poder”, mas para a partir daí iniciar uma agenda de reforma social cujas pautas correspondem às lutas históricas de setores da esquerda nacional e de movimentos sociais diversos. Esse foi o preço moral. E, se você não cortou os pulsos antes, mas resolveu querer fazê-lo agora, esteja à vontade.

Para os que preferem encarar a realidade para “trans-formá-la” a luta continua. “Vamos de mãos dadas”...

Da mesma forma que FHC diz hoje que o “mensalão do psdb foi SÓ caixa-2”, Delúbio Soares, em 2005, quando era tesoureiro do PT, também admitiu não ter apresentado na contabilidade oficial do partido algumas doações de campanha. Ou seja: Delúbio fez o mesmo que FHC faz agora: admitir o “caixa-2”. A diferença está no tratamento que a imprensa e a “justiça” dão a esses dois fatos que, a rigor, são idênticos em suas naturezas, o que em todo caso nem de longe igualaria o PT ao psdb porque, como temos dito, é o objetivo final que marca essa diferença entre essas duas siglas que, antes de qualquer coisa, representam dois sentimentos de mundo completamente diversos um do outro. E é exatamente isso que está na origem da diferença de tratamento que imprensa e “justiça” dão ao”caixa-2” do PT e ao “caixa-2” do psdb. Porque a imprensa e a “justiça” foram criadas dentro daquela lógica viciada que o PT, desde o início se dispôs a combater, ainda que tenha se visto obrigado a provar de seu gosto amargo. Imprensa e “justiça” sabem que o “caixa-2” do psdb foi praticado para fortalecê-las, e sabem também que o “caixa-2” do PT foi praticado para combatê-las. Daí, elas – imprensa e “justiça” encobrem o “caixa-2 amigo” do psdb e escandalizam o “caixa-2” do PT, que foi, antes de tudo, uma grande ameaça a essa hegemonia oligárquica, pois demonstrou que o PT se valeu da arma do inimigo para derrotá-lo...

Se a imprensa e a “justiça” brasileira fossem isentas, tucanos e petistas receberiam o mesmo tratamento e, nesse caso, os responsáveis pelos “caixas-2” dum partido e doutro seriam responsabilizados de acordo com os termos da lei. Mas não é isso o que ocorre. FHC confessa ter praticado caixa-2 e nada, absolutamente nada acontece com ele. Delúbio confessou ter praticado caixa-2 e foi condenado. Mas foi condenado não por esse ilícito eleitoral, e sim por “formação de quadrilha” e “corrupção ativa”. Meu senhor do bom jesus da cana verde!!! Como pode??? Não há qualquer prova ou indício sequer que ligue o dinheiro arrecadado que não foi declarado (o “caixa-2”) a qualquer prática de compra de votos de parlamentares!!! Não há!!! Simplesmente não há!!! É desesperador ter de gritar isso tantas vezes. O dinheiro não declarado acabou sendo usado para saudar compromissos de campanha do PT e partidos coligados. Afinal, campanhas eleitorais nesse país são caríssimas e é exatamente isso que faz a alegria dos “doadores” que depois deitam e rolam com os agradinhos que recebem dos eleitos. Mas pergunta para o psdb se ele apóia o financiamento público que o PT defende há tanto tempo sem conseguir emplacá-lo...

O uso dos recursos não contabilizados acabou sendo demonstrado por meio de notas, recibos, comprovantes de pagamentos etc. O fluxo de caixa do PT foi devassado. A vida financeira do Partido foi escancarada. Os sigilos fiscal e bancário dos principais dirigentes petistas foram quebrados e nada que pudesse ao menos sugerir qualquer irregularidade relativa à formação de quadrilha ou corrupção foi encontrado. Ainda assim, sem qualquer prova ou indício, o partido e suas lideranças foram linchados pela imprensa e depois julgados e condenados pela “justiça”. Se Delúbio tivesse tido um julgamento justo e tivesse sido condenado pelo crime ELEITORAL que cometeu, eu faria questão de vê-lo cumprindo sua pena, qualquer que fosse. E, no caso de multa, eu não doaria nenhum centavo para ajudá-lo. Ora, ele não é nenhuma criança e sabia perfeitamente que o que estava fazendo é condenável, do ponto de vista ELEITORAL e MORAL.

Porém não foi isso que aconteceu. Delúbio não teve um julgamento justo. E, embora tenha CONFESSADO um “crime eleitoral”, acabou recebendo condenações por crimes que jamais foram cometidos. O caixa-2 do psdb, sim, irrigou farto mensalão que financiou a compra da Emenda da Reeleição, que permitiu a Fernando Henrique um segundo mandato para que ele acabasse de rifar o país com as PRIVATARIAS TUCANAS. Mas o PT não comprou voto de parlamentar nenhum. Isso é um MENTIRÃO!!! A Câmara Federal tem mais de 500 Deputados. Será possível que o PT só precisaria comprar uma dezena e meia de Deputados para aprovar seus projetos? E pior, essa dezena e meia de Deputados “comprados” compunham a base aliada!!! Essa versão é tão inverossímil que postular isso chega a ser absurdo. E os Senadores então? Nenhum foi comprado? Afinal, as denúncias e condenações recaíram apenas sobre os Deputados...

Não enxergar essas inconsistências é um exercício de má-fé inacreditável. Contra tucanos pesam PROVAS e CONFISSÕES dos crimes que cometeram. Mas são os petistas que são condenados por aquilo que não fizeram. Porque até o ilícito eleitoral que foi confessado acabou sendo intencionalmente desconsiderado pela “justiça” a fim de que o julgamento tivesse outro desdobramento e redundasse nas aberrações barboseanas que, de tantas, já formam uma montanha de barbaridades."