“CADA UM DE NÓS NASCE SÓ, VIVE SÓ E VAI MORRER SÓ”
O que é solidão?
O
filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em ‘Ser e Tempo’
que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo.
É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua
própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos
distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e
com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre,
dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência. A
partir daí podemos construir dois estilos de vida diferentes: o
autêntico e o inautêntico.
O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade.
E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como
uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele.
Desse modo não assume responsabilidade sobre as suas escolhas. Não
aceita correr riscos para atingir seus objetivos, nem se sente
responsável por sua existência, passando a buscar amparo e segurança nos
outros. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um
estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se
no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria
história. Você já pensou nisso?
Sendo
autêntico você assume a responsabilidade por todas as suas escolhas
existenciais, aceita correr os riscos que forem necessários para atingir
os seus objetivos, e passa a encontrar amparo e segurança em si mesmo.
Com isso, apropria-se da existência, torna-se indivíduo, torna-se
autônomo, torna-se dono da sua própria vida, dono da própria existência,
torna-se senhor de si mesmo. Você se percebe sendo o senhor de si mesmo?
Angústia
A
angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas
experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o
mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade
da morte em sua vida, tanto a morte física quanto a morte de cada uma
das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada
vontade, de cada projeto.
Cada
vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue
realizar seus próprios objetivos, você sente angústia. É como se você
estivesse morrendo um pouco.
Muitas
pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não
conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas
acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e
não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de
especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja
fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de
ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa
especial para si mesmo.
Solidão: A Condição do Ser
A
solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só.
Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa
negativa, nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução
não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo
este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o
vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução
não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir
sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A
solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se
só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade,
expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios
desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um
brilho especial.
O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado à uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão.
Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só.
A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro.
Trechos do livro “Solidão e Liberdade” do psicólogo Jadir Lessa
O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado à uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão.
Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só.
A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro.
Trechos do livro “Solidão e Liberdade” do psicólogo Jadir Lessa
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